DEUS AMOR MISERICORDIOSO (1)
“Ir. Teresa do Menino Jesus, me dizia um dia, quando lhe manifestei o medo de que o Bom Deus estivesse descontente comigo, por causa das minhas contínuas imperfeições: “Aquele que você tomou por Esposo, eu ouso vos dizer, tem uma grande doença: aquela de ser cego e de não saber calcular. Se Ele visse claramente e soubesse calcular, credes que ao ver todos os nossos pecados, Ele não nos faria reentrar no nada? Mas seu Amor o torna verdadeiramente cego! Por isso: se o maior pecador da terra, se arrependesse de todos os seus pecados ao momento da morte, expirando em um ato de amor, Deus, sem calcular de um lado, as numerosas graças de que ele abusou, e de outro, todos os seus crimes, não olharia mais que sua última oração e o receberia sem demora nos braços de sua infinita misericórdia!” (Testemunho de Ir. Maria da Trindade - Processo de Beatificação e de Canonização - Processo Apostólico, p. 473)
DEUS AMOR MISERICORDIOSO (2)
“...Asseguro-te que Deus é muito melhor do que imaginas. Contenta-se com um olhar, um suspiro de amor... Quanto a mim, acho a perfeição fácil de se praticar, porque entendi que é só pegar Jesus pelo Coração... Veja uma criancinha que acaba de aborrecer a sua mãe, zangando-se ou desobedecendo-lhe; se ela se esconder num canto com ar amuado a gritar por medo do castigo, certamente, a mãe não lhe perdoará a falta; mas se lhe estende os seus bracinhos sorrindo e dizendo: “Dê-me um beijo, não o farei mais”, poderá a mamãe não apertá-la ao seu coração com ternura e esquecer as faltas infantis?... Todavia ela bem sabe que seu querido filho recairá na próxima ocasião, mas isso não importa, se ele a prende de novo pelo coração, jamais será castigado...
No tempo da lei do temor, antes da vinda de Nosso Senhor, o profeta Isaías já dizia, falando em nome do rei dos Céus: “Pode , acaso, uma mãe esquecer o próprio filhinho, não se enternecer pelo fruto de suas entranhas? Pois bem; ainda que uma mãe esquecesse o seu filho, eu, porém, jamais vos esqueceria” (Is 49,15). Que linda promessa! Ah! nós que vivemos na lei do amor, como não aproveitarmos dos amorosos convites que nosso esposo nos faz... como temermos aquele que se deixa prender por um cabelo que esvoaça no nosso pescoço?...(Ct 4,9)
Saibamos então manter prisioneiro esse Deus que se faz mendigo do nosso amor. Ao nos dizer que é um cabelo que pode operar esse prodígio, Ele nos mostra que as mínimas ações, feitas por amor, encantam seu coração...
Ah! se fosse preciso cumprir grandes coisas, como seríamos dignas de lástima!... Mas como somos felizes, pois Jesus deixa-se prender pelas mais pequeninas...
Não te faltam pequenos sacrifícios, minha cara Leônia, tua vida está repleta deles... Alegro-me por te ver diante de tal tesouro e, sobretudo, sabendo que sabes aproveitar-te deles, não só para ti, mas também para as almas... É tão bom ajudar Jesus com os nossos pequenos sacrifícios, ajudá-lo a salvar as almas que Ele resgatou com seu sangue e que só aguardam o nosso auxílio para não caírem no abismo...” (Carta 191 - de Teresa à Leônia, 12 de julho de 1896)
DEUS AMOR MISERICORDIOSO (3)
“... Não consigo compreender, meu irmão, como possas duvidar, ao que parece, da sua entrada no Céu caso os infiéis lhe tirassem a vida. Eu sei que é preciso ser muito puro para comparecer perante o Deus de toda santidade, mas sei também que o Senhor é infinitamente justo, e próprio esta justiça, que amedronta um grande número de almas, é o motivo da minha alegria e confiança. Ser justo não quer dizer somente exercer a severidade para punir os pecados, quer dizer também, reconhecer as retas intenções e recompensar as virtudes. Eu tenho tanta confiança na justiça do Bom Deus quanto na sua misericórdia. E exatamente porque é justo, “Ele é compassivo e cheio de doçura, lento para punir e cheio de misericórdia. Por que Ele conhece a nossa fragilidade, se recorda de que nós somos somente pó. Como um pai é cheio de ternura pelos seus filhos, assim também o Senhor tem compaixão de nós...” (Sl 102,8-14.13) Ó meu irmão, escutando estas palavras do rei profeta, como duvidar que o Bom Deus não possa abrir as portas do seu reino, àqueles filhos que o amaram tanto, a ponto de sacrificar tudo por Ele, e que não somente abandonaram a sua família e a sua pátria para fazê-lo conhecer e amar, mas desejam ainda mais dar a vida por aquele a quem ama?....
Como poderiam ser purificadas nas chamas do purgatório as almas consumidas pelo fogo do amor divino? É certo que nenhuma vida humana é isenta de culpa. Somente a Virgem Imaculada se apresenta absolutamente pura diante da Majestade Divina. E que alegria pensar que esta Virgem é nossa Mãe! Desde o momento que ela nos ama e conhece a nossa fragilidade, que temos nós a temer?
...Eis meu irmão, aquilo que penso da justiça do Bom Deus. A minha vida é feita de confiança e de amor, não compreendo as almas que tem medo de um amigo assim terno...” (Carta 226 - de Teresa ao Padre Roulland, 9 de maio
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