“A chave fundamental da vida religiosa segundo santa Teresinha é o AMOR. Com isto se diz tudo e não se diz nada. Toda a vida humana tem como fundamento absoluto o amor recebido e correspondido. Somente assim será uma vida acertada e verdadeiramente humana. Toda a existência humana está incluída no amor vivido e também toda miséria consiste em não saber viver o amor. Olhando a santa Teresinha, vejo que nela se dá de uma maneira eminente esta afirmação: o que é maior e o que é menor se fundem numa única realidade, o amor de Deus outorgado a uma criatura e correspondido a partir de sua pequenez de criatura com o ardor e a radicalidade que o amor divino possibilita no coração humano que o acolhe, sem colocar obstáculos. Todos os escritos de Teresa, desde o bilhetinho rabiscado quando menininha de 4 anos até as últimas palavras, quando estava moribunda, não são outra coisa que a palavra AMOR: “Não os conheço mas mesmo assim lhes amo muito...” (Cta. 4.4.1877) e “Oh!, o amo!... Meu Deus, eu os amo!” (Caderno amarelo 30.9.1897)...
São João nos dá a chave: “Deus é amor” (1 Jo 4,8.16). A partir desta verdade, a vida de amor de Teresa chega a ser uma vida divinizada ao máximo, e daí adquire toda a grandeza e o esplendor que não cessa de irradiar sobre o mundo. Aqui reside sua solidariedade universal que só o Deus-Amor a torna possível e efetiva. É verdade que na família ela recebe todo o afeto que se possa imaginar dos pais, irmãs, tios; todo mundo a aprecia, todo mundo encontra nela todas as graças. Isto pode ser um meio para descobrir o amor de Deus para com ela e de fato o descobre bem cedo. Porém Deus, o que sempre quer é que não se prenda a estas mediações. No começo de seus escritos (M A 2r), ela mesma diz: “Tendo Jesus subido a uma montanha, chamou a quem ele quis; e vieram e ele” (Mc 3,13). Aqui aparece muito bem o mistério da minha vocação, de toda a minha vida, e sobretudo os privilégios de Jesus na minha alma...” Para Teresa, tudo consiste em deixar-se amar por Deus, em acolhê-lo com o coração simples e agradecer seu amor, em ser feliz e em viver o gozo resplandecente de quem encontrou o caminho da vida.”
(Cristina Kaufmann OCD, 14.12.1996, em La transparencia de lo invisible (2), p. 130. Ed. Claret. Barcelona 2008. Trad. Fr. Alzinir)
Nenhum comentário:
Postar um comentário