Anunciação do Senhor...


Romance 8o
Então chamou-se um arcanjo
Que S. Gabriel se dizia,
Enviou-o a uma donzela
Que se chamava Maria,
De cujo consentimento
O mistério dependia;
Na qual a santa Trindade
De carne ao Verbo vestia;
E embora dos três a obra
Somente num se fazia;
Ficou o Verbo encarnado
Nas entranhas de Maria.
E o que então só tinha Pai,
Já Mãe também teria,
Embora não como outra
Que de varão concebia,
Porque das entranhas dela
Sua carne recebia;
Pelo qual Filho de Deus
E do Homem se dizia.
São João da +

Novo Olhar...


Jesus nos legou o testemunho da sua vida para que, – ao seguir o seu caminho, - tenhamos um novo olhar sobre nós mesmos, sobre os outros, sobre a natureza, sobre o futuro das nossas vidas. Descortinar no horizonte a realidade que acontecerá, ver na ressurreição o significado para o sofrimento presente, ver na vida eterna a explicação da dor, do sofrimento, da morte. Vale as palavras de Roger Garaudy: “ver a borboleta na larva, a santa na prostituta, a águia no ovo, o irmão em meu próximo e em meu distante, e, no sorriso efêmero do jasmim, a ressurreição eterna da primavera”.


Na Montanha da Liberdade.


SÃO JOÃO DA CRUZ E O CAMINHO DA LIBERDADE

São João da Cruz apresenta-nos a vida de intimidade com Deus como o caminho para a verdadeira LIBERDADE. Ele pensa esse caminho de união com Deus como o ato de escalar uma alta montanha a qual chama de Carmelo. A subida é fácil no início, mas na medida em que se sobe torna-se mais difícil. Por isso, os que chegam ao topo são sempre uns poucos e corajosos que tem a ousadia de enfrentar as dificuldades sem desanimar. O convite é ao caminho central onde está escrito por todo lado: nada, nada, nada, nada, nada...O nada de João da Cruz não é negativo, mas é positivo: é necessário negar a tudo para possuir o Tudo.

MONTE DA PERFEIÇÃO

Para vir a saborear TUDOnão queiras ter gosto em NADA.
Para vir a saber TUDO  - não queiras saber algo em NADA.
Para vir a possuir TUDOnão queiras possuir algo em NADA.
Para vir a ser TUDOnão queiras se algo em NADA.
Para vir ao que não GOSTAS – hás de ir por onde não GOSTAS.
Para vir ao que não SABES – hás de ir por onde não SABES.
Para vir a possuir o que não POSSUIS – hás de ir por onde não POSSUIS.
Para chegar ao que não ÉS – hás de ir por onde não ÉS.
Quando reparas em algodeixas de arrogar-te ao todo.
Para vir de todo ao todo -  hás de deixar-te de todo em tudo.
E quando venhas de todo a ter – hás de tê-lo sem nada querer.

Nesta desnudez encontra o espírito o seu descanso,
pois nada cobiçando, nada o impele para cima e
nada o oprime para baixo,
porque está no centro da sua humildade.


Alpinistas da Fé

Jovens da Paróquia N. Sra. do Carmo de Caratinga/MG
e Carmelitas Descalços

Quarto Domingo da Quaresma: Olhar para Ele...


Eis o convite do Evangelho de hoje: olhar para a Cruz. E, à sombra desta Cruz, encontrar Luz para os males do nosso mundo, sentido para as desgraças da nossa vida, força para os fracassos do nosso percurso, remédio para as feridas da nossa alma. De fato, olhando para a Cruz de Cristo, onde o «Filho do Homem é elevado», vemos mais o remédio que a doença, mais a misericórdia que o pecado, mais a força do amor divino que a fraqueza da carne humana. Veremos, então, na Cruz, como onde há dor e noite, exílio e sofrimento, drama e pecado, há também e aí precisamente sementes de esperança que florescem, frutos de vida nova que despontam. Os que «à ida vão a chorar, levando as sementes, à volta, vêm a cantar, trazendo molhos de espigas» (Sl.125,6) Veremos então, como entre as asperezas do caminho, crescem pequenas flores brancas de esperança. Veremos como «os que semeiam em lágrimas, recolhem com alegria” (Sl.125,5).
Olhando para a Cruz de Cristo, sabemos que o mundo está salvo, que o mundo é realmente o jardim da Criação amado por Deus. E que, muito embora neste jardim haja plantas venenosas, que nos podem matar... no mesmo jardim Deus faz nascer outras plantas, que nos curam de tal veneno. Ali, onde há solidão e ausência de Deus, ali onde há deserto e desastre, a semente do Reino continua a crescer, sem a gente saber como... porque o deserto é fértil. A vida triunfa da morte. A Primavera vem depois do Inverno, a alegria vem depois da Cruz.

Falece no México Frei Camilo Maccise, ex Geral de Nossa Ordem


No dia de hoje, 16 de março, às 00:23 h, consumou-se o encontro do Senhor com Fr. Camilo Maccise em um abraço cheio de confiança n'Aquele que nos ama eternamente. Este Amor o transformou de tal maneira que leva impresso o sinal da missão que lhe encomendou nesta terra.
As exéquias serão celebradas no Santuário de Nossa Senhora do Carmo "La Sabatina".
Uma vez cremado o corpo do Padre Camilo, a urna com suas cinzas serão depositadas na igreja de Nossa Senhora do Carmo de Toluca. A Eucaristia será às 9:00 h.



O céu do Frei Camilo agora está povoado de tantos rostos entranháveis como estrelas há no firmamento. O P. Camilo nos alcançará as graças do Senhor que cada um de nós necessita.

Agradecemos a todos os que, com sua oração e presença, acompanharam as famílias Maccise e nossa comunidade da casa provincial.
No Carmelo de Teresa de Jesus e João da Cruz,

Fr. Enrique Castro, OCD
Provincial do México

Continuando com Teresa: o caminho da Liberdade.

Colocar bem as peças do tabuleiro

Seguimos na escola da oração, aprendendo como crianças os caminhos da vida. Jesus, no relato dos dois que subiram ao templo para orar, nos diz que o importante é buscar e cuidar para que a vida e a oração sejam autênticas (cf. Lc 17, 9 – 14). Santa Teresa fala de “colocar bem as peças no jogo”, de colocar bem as peças, de praticar as virtudes. Sem estas, tudo é desatino. Não se trata de assustar-nos, mas de colocar-nos verdadeiramente num trato de amizade com Deus, o verdadeiro amigo. Não podem charmar-se amigos aqueles que vivem valores contrários. A amizade implica confiança na pessoa amada.

Um tema forte para poder cultivar a amizade com Deus

Santa Teresa de Jesus propõe viver a virtude da liberdade para iniciar a vida de encontro com Deus, porque somente quem é livre pode estar disponível para levar adiante a vontade de Deus.
O fato de estarmos presos às coisas, a pessoas ou a nós mesmos, impede qualquer atitude de entrega. “Pensais que é pouco procurar este bem de dar-nos por inteiros ao Tudo sem fazer-nos partes?” Sem a liberdade, a vida cristã fica em palavras, em desejos ineficazes, em nada; não é possível a entrega “ao verdadeiro amigo”. A liberdade é nossa vocação: “Pois, não recebestes um espírito de escravidão para recair no temor; antes, recebestes um espírito de filhos adotivos que nos faz exclamar: Abba, Pai!” (Rm 7,15).

Ele é a Palavra do Pai




"Uma Palavra disse o Pai,
 que foi seu Filho;
e di-la sempre
no eterno silêncio
e em silêncio
ela há de ser ouvida”.
SJ+
D.98

Terceiro Domingo da Quaresma: Ele falava do Templo do seu Corpo...


Era necessário que Jesus viesse restaurar a lei antiga, completá-la, aperfeiçoá-la, sobretudo no sentido do amor e da interioridade. Sob esta luz, deve-se considerar o gesto ousado de Cristo a expulsar os profanadores do templo. Deve ser Deus servido e adorado com pureza de intenção: não pode a religião servir de apoio aos próprios interesses, a fins egoístas e ambiciosos. “Retirai daqui estas coisas e não façais da casa de meu Pai, casa de comércio” (Jo 2,16). Estritamente retas e sinceras devem ser nossas relações com Deus e com o próximo.

Da obra: Intimidade Divina

Com Santa Teresa: O Caminho do Amor


“Espiritualidade de Comunhão significa a capacidade de sentir o irmão de fé na unidade profunda do Corpo Místico de Cristo, e, por isso, como um que me pertence, para saber compartilhar suas alegrias e seus sofrimentos, para intuir seus desejos e atender às suas necessidades, para oferecer-lhe uma verdadeira e profunda amizade” (João Paulo II).

Buscando meus amores...
O salmista pergunta: “Senhor, quem pode hospedar-se em vossa tenda e habitar em teu monte sagrado?”; santa Teresa, ao iniciar a oração, também se pergunta: “Como devemos ser para orar?”. A resposta em ambos os casos tem a ver com o amor. A verdadeira oração é questão de amor.
“Aprenda a amar com ternura, aprenda a amar com sabedoria, aprenda a amar com valentia”, aconselhava São Bernardo.

De que amor se trata?
Os amigos de Jesus se exercitam em um amor de verdade, não de mentira.

Buscam um amor que os faça 
crescer e dê liberdade;
“o amor se alegra com a verdade” 
(1 Cor 13,6).

Saem ao encontro de um amor mais dilatado que restrito, “meus são os céus e minha é a terra; minhas são as gentes, os justos são meus e meus os pecadores; os anjos são meus e a Mãe de Deus e todas as coisas são minhas; e o mesmo Deus é meu e para mim, porque Cristo é meu e todo para mim” (São João da +).

Ditoso coração enamorado...
Cada pessoa leva em seu coração uma história de amor, quanto mais rica for esta, tanto mais fecunda será sua vida.
Este amor que leva a uma paixão de amor, nasce de algo mais profundo que a paixão. Brota de um encontro prévio com a verdade das coisas, da vida e das pessoas. “Quando Deus mostra a uma pessoa o claro conhecimento do que é o mundo, e de que coisa é o mundo e que há um outro mundo, e a diferença que há entre um e outro, e que um é eterno e o outro ilusão, o que é amar o Criador ou a criatura... essa pessoa ama com amor muito diferente” (Santa Teresa).
O amor é um dom. Os que o vivem se abrem a ele como a terra à semente. O Espírito guia cada etapa do caminho como a chama de amor viva que abrasa o coração.

“As águas torrenciais jamais poderão apagar o amor e nem o rios afogá-lo. Se alguém quisesse dar tudo o que tem para comprar o amor... seria tratado com desprezo.” (Cântico dos cânticos 8,7).

O amor não é para ficar retido no coração, mas para comunicar aos outros, assim como quando se rompe o frasco de um perfume e seu o bom odor se estende por toda a casa (cf. Jo 12,3).

Caminhando com Teresa...

Não é fácil empreender caminhos novos. Preferimos a inércia, a preguiça. Mas existem tempos propícios para eles. A quaresma é um tempo oportuno para fazermos viagens ao novo, ao desconhecido. Ajudados por santa Teresa propomos três viagens:

Da indiferença ao AMOR.
Da escravidão à LIBERDADE.
Do orgulho à HUMILDADE.

Dediquemos à meditação dessas virtudes para aprofundar no mistério sempre novo e fascinante de Deus em preparação à Páscoa, à festa da vida nova. 

Procuro Vossa face...




“Entra na cela” da tua alma, expulsa tudo,
 exceto Deus e o que te ajuda a procurá-lo;
 “fechada a porta”, procura-o!



Senhor, procuro a vossa face, a vossa face, Senhor, desejo ardentemente. Ensinai-me, portanto, Senhor meu Deus, ao meu coração, onde e como procurar-vos, onde e como encontrar-vos. Senhor, se não estais aqui, onde vos buscarei ausente? E se estais em toda parte, porque não vos vejo presente? Certamente habitais numa luz inacessível... Quem a ela me conduzirá e nela me introduzirá, a fim de que então vos veja?...
Ensinai-me, Senhor, a procurar-vos e mostrai-vos a mim que vos procuro; porque não posso procurar-vos, se não me ensinais; nem posso encontrar-vos, se, se não vos manifestais. Ó Senhor, que eu vos procure desejando, que vos deseje procurando, que vos encontre amando, que vos ame encontrando.

Santo Anselmo


“ E vejam-te meus olhos, pois deles és a luz,
 e para ti somente os quero ter.”

 “A luz sobrenatural dos olhos da alma, sem a qual permanece em trevas, é Deus; mas aqui a alma o chama luz de seus olhos, por encarecimento de amor, assim como costuma fazer quem muito ama a pessoa amada, a fim de declarar-lhe sua afeição.” 

(São João da Cruz, Cântico 10,8)

Madre Tereza Margarida do Coração de Maria,ocd


Será lançado oficialmente neste fim de semana o processo de beatificação da Madre Tereza Margarida do Coração de Maria. A monja carmelita que nasceu em Borda da Mata, no Sul de Minas, viveu 65 anos em Três Pontas e era conhecida por ser uma boa conselheira.
Ela morreu em 2005, aos 89 anos. A freira era chamada por todos por "Nossa Mãe". Neste domingo (4), os restos mortais da madre serão depositados em uma capela que fica dentro do Carmelo São José, em Três Pontas.
Em julho do ano passado, a diocese entrou com um pedido de abertura do processo de beatificação, que foi liberado recentemente. Dois representantes do Vaticano estão em Três Pontas e têm a missão de orientar a diocese no trabalho de pesquisa. Em uma próxima etapa, a documentação será encaminhada ao Vaticano.
Neste domingo, antes do sepultamento dos restos mortais, acontece uma procissão às 14h. Os fiéis sairão do Carmelo São José em direção à Igreja Matriz de Nossa Senhora D´ajuda, onde haverá a celebração de uma missa que será presidida por Dom Diamantino Prata de Carvalho, bispo da Diocese de Campanha.
Não existe nenhum milagre atribuído à madre, mas muitas pessoas dizem ter alcançado graças que foram atribuídas a ela.
 
Biografia
Madre Tereza Margarida do Coração de Maria, cujo nome de batismo era Maria Luíza, nasceu em 24 de dezembro de 1915, em Borda da Mata. Ela ingressou na vida religiosa aos 22 anos, em Mogi das Cruzes (SP). Ao receber o hábito de noviça, ela recebeu o nome de Tereza Margarida do Coração de Maria. Ela emitiu os votos solenes em fevereiro de 1942. Madre Tereza fundou o Carmelo São José e lá ficou conhecida por todos como "Nossa Mãe", pelos atos de caridade.



Segundo Domingo da Quaresma: Transfiguração


“Enquanto Ele rezava seu rosto tornou-se outro” (Lc 9,29). Se é verdade que o olho é a lâmpada do corpo, então o corpo inteiro é transfigurado pela oração. Para nós, como para Jesus, a transfiguração se opera no próprio ato da oração. Assim, entendemos que a nossa oração deve influenciar em todo o nosso ser. A transfiguração é o horizonte final, a consequência divinamente natural da nossa oração. “O que nós seremos ainda não se manifestou, mas sabemos que, por ocasião dessa manifestação, nós Lhe seremos semelhantes, porque O veremos tal como Ele é.” (1Jo 3,3). Se na oração, mesmo de olhos fechados, já sentimos sobre nossa face provisoriamente cega os raios da luz de Deus, então também já começamos a nos tornar semelhantes a Ele; nosso corpo já começa a existir para sua finalidade última: “Com minha própria carne eu verei a Deus” (Jó 19,26). E assim, desde já ele ressuscita.


Do livro: Orar em segredo

Meditação sobre a Quaresma


"Não raro, as verdadeiras alegrias, só as encontramos do outro lado de muitos infortúnios. Não que a felicidade fosse sempre resultado de esforços penosos, uma conquista apenas de nossos empenhos. Amiúde recebemos, por pura graça, dádivas inesperadas e imerecidas alegrias. Entretanto, permanece válido uma frequente experiência humana: A construção da própria humanidade exige também enorme disciplina, suor, renúncias e sacrifícios. Não se edifica a própria grandeza na superfície de superficialidades, mas sempre e apenas no profundo de bem cavados e fortificados alicerces. Esta é uma constante da vida humana: A terra da própria liberdade e grandeza só se alcança do outro lado do deserto, cuja travessia nos custa quarenta anos (Ex. 2, 3-35) e a estatura humana que mereça tal nome só se logra após um tempo longo e cheio de provas e provações (quarenta dias) (Mc 1, 1-2).
Este é também o sentido religioso da quarentena de abstinência, jejum, renúncias e sacrifícios que a Igreja, nestes dias, prescreve aos seus fieis. Não o desprezo ao mundo e aos seus bens, o que seria uma ofensa ao próprio Deus, não uma espécie de auto-flagelação, o que seria uma patologia. Mas a têmpera e a fortaleza do espírito, num exercício que nos torne capazes de suportarmos, sem fraquejos e curvaturas, os desafios e as exigências que a vida nos impõe".

Frei Prudente Nery, OFMCap

Pensamentos de São João da Cruz para a Quaresma


“Mais agrada a Deus uma obra, por pequena que seja, feita às escondidas e sem pretensão de que se saiba, do que mil feitas com desejos de que os homens as saibam; pois quem trabalha por Deus com amor puríssimo, não somente não se lhe dá que os homens o vejam, mas nem mesmo faz as obras para que as saiba o próprio Deus; e ainda que ele nunca as viesse saber, não deixaria de prestar-lhe os mesmos serviços com a mesma alegria e pureza de amor”. D 20

“Eu não te conhecia, Senhor meu, porque ainda queria saber das coisas e saboreá-las”. D31

“Tu, Senhor, voltas com alegria e amor a levantar o que te ofende, e eu não torno a reabilitar e a honrar quem me irrita”. D45

“O que busca a Deus querendo permanecer em seu gosto e descanso, não o achará; mas o que o buscar pelas obras e exercícios de virtude, este o achará”. C 3,2