Carta do Frei Patrício enviada ao Frei Alzinir, nosso padre provincial, agradecendo as orações por sua nova missão como carmelita descalço


São Paulo, 14 de março de 2010.

Caríssimo Frei Alzinir e em você

caríssimos todos os irmãos da Província São José,

Paz e alegria no Senhor!

Sejamos sempre alegres e felizes ou “felicérrimos e alegrérrimos”!

Daqui a três dias partirei para o Cairo. Esta aventura que me fascina e me dá medo, mas confio no Senhor e nas orações de cada um de vocês. Sei que a minha decisão de ir ao Cairo pegou um pouco a todos de surpresa e sem entender nada do porquê. Foi simplesmente uma proposta do Padre Nosso Geral quando, em dezembro, passei pro Roma para que pudesse dar uma mãozinha no Cairo, em vista das vocações que têm lá. Não é segredo para ninguém que ao longo de toda a minha vida tenho amado e amo as vocações, e por elas estou disposto a fazer tudo, porque são a nossa esperança e o dom maior que Deus pode fazer para nós.

Que Deus continue a abençoar a nossa Província com santas vocações! Como fico feliz quando vejo que temos uma ordenação, uma profissão solene ou outro momento formativo que mostra a nossa vitalidade e dinamismo do entusiasmo carmelitano. E como fico triste quando vejo que este entusiasmo e amor vocacional que são reflexos do amor à nossa vocação diminuem! É preciso sermos sinais vivos do amor para a nossa vocação, vive-la com entusiasmo e amor, mesmo com as nossas limitações.

Nestes dias fui reler o que meditei em 1973, quando vim para o Brasil, o Documento Ad Gentes, do Concilio Vaticano II, n. 25 -26, e me encontrei novamente com os mesmos sentimentos, anseios e disposições de me inserir na realidade árabe, de me encarnar naquele povo e assumi-lo desde já como meu. Que Deus me ajude!

O Brasil constitui para mim o tesouro do coração e o Carmelo brasileiro que tenho visto e acompanhado por 37 anos constitui a minha mais profunda alegria. Acredito que se o Senhor me ajudar poderei, aos 65 anos, fazer alguma coisa no Egito, não será mais ma vida agitada e corrida, mas será uma “presença” silenciosa e orante. Que a sarça ardente de Moises me queime e quem sabe que o Senhor me vai repetir como a Moises: “Patrício, tira as sandálias, porque este lugar é santo!” Tenho consciência de que tenho não só um par de sandálias, mas uma “sapataria” que me impede de ser totalmente de Deus. não vou sozinho, levo no coração toda a Província e todos os meus co-irmãos que, no meu jeito, na minha maneira nem sempre agradável, amo e muito e pelos quais estou pronto a dar a vida.

Na medida em que se aproxima o dia sinto-me pobre e pequeno, mas ao mesmo tempo fortalecido pelas orações de todos.

A cada um o abraço fraterno, sincero e o pedido de orações. Agradeço a Deus por cada um e a todos o pedido de perdão por tudo de errado que posso ter feito. Maria, nossa mãe, seja nossa estrela e guia! Há quem desconfia que vou ficar por lá muito tempo, não sei, deixemos tudo isto nas mãos do Senhor. Não cabe a nós fazer projetos. Ousadia e humildade caminham sempre lado a lado.

E agora, no Cario, terão todos um lugar. Que vou fazer? Soube nestes dias que vou ser superior da única comunidade do Egito Schubra. Temos uma igreja de Santa Teresinha do Menino Jesus. Rezem por mim, vou sem dúvida mandar algumas notícias, embora no início seja necessário mais silêncio. A primeira palavra que fui aprendendo em árabe foi silêncio - SUKUT - que possa vivê-lo!

Que Deus abençoe a nossa Província e a todos nós, e sejamos com a graça de Deus bons Carmelitas Descalços.

Um abraço a cada um, unidos caminhemos onde o Senhor nos leva, embora não o saibamos, sempre ele nos leva onde é melhor para nós. Deixemo-nos conduzir!

Agradecer a todos um a um seria longo demais. Mas vamos agradecer “por atacado”. Obrigado à Província, às monjas e à Ordem Secular por tudo e rezem por mim. Encontrar-nos-emos todos os dias na Eucaristia. Que possamos viver com intensidade este caminhar de “Teresa” até o seu quinto Centenário do nascimento.

“Vossa sou, para vós nasci,

Que mandais fazer de mim?”

Um obrigado especial a esta Comunidade de São Paulo que me acolheu com amor: Frei Rubens, Frei Pierino, Frei Antonio, Frei José Maria, Frei Rafael, Frei Miguel, Frei Osman e Frei Geraldo. Obrigado! Frei Rubens deixou a minha cela intacta porque ele diz que daqui a três meses estou de volta... É só uma pequena viagem. Deus sabe.

Frei Patrício Sciadini, ocd.

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