" O homem continua sedento de Deus, apesar de todos os avanços tecnológicos... - por Frei Julierme



ENCONTRO DE ESTUDANTES
3° E 4° DIAS (15 e 16/01)
Tema: “Pastoral Urbana” – Pe. Leomar

Em que tempos vivemos? Há lugar para a religião na situação atual? Qual nossa compreensão de Igreja? Quais os desafios e as perspectivas para a ação pastoral eclesial no meio de uma cultura urbana? E para o carmelita no século XXI? Questionamentos como estes nos provocam. Pedem de nós uma postura frente a um mundo que cada vez mais manifesta uma complexidade da qual, como um pedido de socorro, emerge no homem sua ânsia pelo transcendente, algo que lhe é tão próprio e necessário a sua humanização.
Quem nos conduziu nestes dias (15 e 16) foi o Pe. Leomar, da Diocese de Caxias do Sul. Pós-graduado na área de dogmática, professor de doutrina social da Igreja na PUC-RS e pároco da paróquia de Santa Teresa em Caxias do Sul, mostrou-se muito competente, dinâmico e experimentado na exposição do tema “Pastoral urbana”.
Dentre os muitos desafios apresentados, pudemos perceber, como grupo, um campo no qual podemos inserir cada vez mais: o homem continua sedento de Deus, apesar de todos os avanços tecnológicos na cultura urbana. As estruturas mais antigas da Igreja e a compreensão eclesiológica tem mudado, novas necessidades na evangelização vão surgindo. É premente o apelo da Igreja por mistagogos, pessoas capazes de introduzir outras no mistério de Deus, pois, no dizer do grande teólogo Karl Rahner “o cristão do século XXI ou será místico, ou não será cristão”. Este dado novo nos abriu as perspectivas pastorais enquanto carmelitas representantes de uma nova geração, como uma baliza de auxílio para nossa esperança. Pudemos, nas nossas discussões em grupo, colocar as experiências positivas e negativas das duas províncias seja no campo pastoral ou da formação, procurando estimular-nos no crescimento de nossa missão apostólica na Igreja.
A sensação geral destes dois dias foi que o mundo hodierno nos interpela como carmelitas. Questiona nosso modo de ser e agir na Igreja e enquanto Igreja. Foram muitas perguntas suscitadas e poucas soluções práticas, o que significa um necessidade de continuarmos aprofundando cada vez mais o tema, sensíveis às inspirações do Espírito Santo na prática da evangelização. Como constatou o próprio palestrante, meio que fazendo-nos um sutil convite, há muita gente trabalhando nas universidades de teologia e filosofia empenhados em problematizar a situação atual do mundo e da Igreja. No entanto, são poucos os que conseguem ou se aventuram a buscar soluções e respostas. Oxalá possamos pertencer a esses últimos. Sem a pretensão de querermos resolver todos os problemas do mundo que estejamos dispostos a dar nossa colaboração para a construção de uma sociedade mais justa e solidária, animados pela mesma esperança que levou Santa Edith Stein a dizer: “não sabemos para onde Deus nos conduz; sabemos que Ele nos conduz”.
Assim, ao encerrar este comentário, convido-o a participar um pouco dos nossos anseios enquanto cristãos, chamados por Deus e enviados ao mundo, ao encontro do outro através desta pequena oração:

“Dá-nos, Jesus, tua esperança.
Dá-nos um coração como o teu
e ensina-nos a compadecer-nos da ‘multidão cansada e abatida
como ovelhas sem pastor’.
Une-nos a ti, Jesus.
Que saibamos viver a Boa Nova entre os nossos irmãos
antes de anunciá-la.
Que eles nos vejam proclamá-la e que, ao olhar-nos, eles te vejam,
e ao te ver, dêem ouvidos ao nosso anúncio.
Que saibamos ver os outros ao teu modo: não o pecado ou a miséria,
Mas a fé de cada filho do Pai Celestial.
Faze-nos compreender
Que as pessoas não são receptáculos da nossa evangelização,
Mas buscadores sedentos do Evangelho;
Não objeto da nossa ação pastoral,
Mas pessoas humanas,
cada uma com a semente do divino em seu coração.
Dá-nos humildade para entendermos que falamos e agimos em teu Nome.
E que importa que tu cresças, e nós, diminuamos.
Que não nos falte a luz e consolo do Espírito Santo em nosso caminho.
Amém.”

Em Jesus e Maria,
Frei Julierme da Redenção, ocd
1° ano de Filosofia - BH
Província São José

4 comentários:

Bernadete Roque disse...

Oi Ju, quanta sabedoria, concordo com vc quando diz que o homem continua sedento de Deus, apesar de todos os avanços tecnológicos.... Apesar de todo apelo ao consumismo, a violêcia, as desigualdades sociais as pessoas tem esperança no Deus salvador. Um beijo te amamos
Sua Tia Detinha

Unknown disse...

Frei Julierme, parabéns!
O artigo suscita a refletirmos sobre a religião, a igreja e o papel dos cristãos, frente aos desafios do complexo mundo contemporãneo. Mas algo me inquietou, qdo diz" é premente o apelo da Igreja por mistagogos", fazendo referência ao teólogo Karl Rahner, apresentando como perspectiva para a ação pastoral carmelita. Gostaria de ampliar meus conhecimentos acerca da temática. Um forte abraço " A tia Coruja" Edileuza Monteiro

Unknown disse...

Parabéns, meu sobrinho querido.
Fico feliz porque nós já temos uma fonte de sabedoria, quando tivermos dúvidas a respeito do tema e como procedermos, nessa questão da evangelização, onde em nossa sociedade se privilegia o ter em detrimento do ser, ou seja, na busca incessante por um Deus que nos ama incodicionalmente.É muito difícil para nós leigos evangelizarmos pessoas que por ocasião dos festejos natalinos relega a segundo plano o aniversariante e enaltece alguém que nunca existiu.
Um grande abraço e fique com Jesus, Maria e José.

tio nano disse...

Caro Sobrinho Julierme, parabéns pelo que escrevestes. Realmente continuamos sedentos de Deus.
Creio que os avanços tecnológicos são frutos da capacidade racional humana e esta capacidade é limitada pelo próprio Deus para que o homem não se entenda com poder total e passe a procurar Deus como verdadeiro caminho para solução de tantos desafios que se apresenta. Aos poucos nós humanos vamos desprezando o "ter" passageiro que ilude e não realiza nada pelo "ser" permanente que nos realiza com a presença do Pai. "O cristão do Século XXI ou será místico, ou não será cristão." Esta verdade profética de Karl Rahner, que citaste no texto, vem confirmar a oração de Jesus em seu pedido a Deus: "Pai santo, guarda-os em teu nome, que me encarregaste de fazer conhecer, A FIM DE QUE SEJAM UM COMO NÓS." Jesus já suplicava um misticismo cristão a cada um de nós para nos tornarmos igual a Ele, semelhante a Deus. Portanto, creio que no futuro todos seremos místicos, para vermos Deus tal como Ele é, não pela nossa capacidade, mas pela vontade do próprio Deus, atendendo um pedido do seu filho Jesus. Creio que seremos quentes e não mornos (para não sermos vomitados) E nós, agora? Que devemos fazer? Simplesmente deixar-se conduzir por Deus voltando-se para Ele dizendo, como disse São Paulo quando foi convertido: "Senhor, que queres que eu faça?”
Que Deus te abençoe sempre, amém!
TIO NANO.