Os frades estudantes de teologia e filosofia do Carmelo Descalçao no Brasil se reuniram nos dias 22e 23 de janeiro, assessorados pela irmã Aparecida de Carvalho, religiosa claretiana missionária, residente em Londrina. A irmã Aparecida desenvolve sua vocação auxiliando na formação de sua congregação e de outras que solicitem a sua ajuda.
Dentro da temática que nos foi proposto o trabalho sobre a formação humana, penso que em nossas vidas precisamos de uma melhor lapidação de nossa humanidade. Nos vários aspectos vocacionais que somos chamados, deveriamos ter sempre consciente que somos diferentes uns dos outros somente pelo fato de sermos pensantes. Sendo o homem um ser que pensa, um ser que é - pensa, fala, ouve, deseja- não conseguiremos fugir desta condição natural que nos foi dada no ato de nossa criação.
Podemos dizer que as reflexões nos conduziram, a partir de nossas realidades enquanto instituição religiosa, possibilitando entrar em contato conocsco mesmo, procurando não perder de vista a nossa natureza humana. Acredito que estes momentos de reflexões sobre as nossas experiências, dinamizados por trabalhos em grupo, nos levaram enquanto ser humano, a nos descobrir e nod conduzindo a uma descoberta do próprio "EU", sempre em construção, nunca acabado.
Esta experiência me leva a uma conclusão que expresso com uma citação dos livro da Vida de Santa Teresa de Jesus, transcrito em nossas constituições.
" Fomentando as virtudes sociais e demais valores humanos cultivando a alegria e suavidade da vida fraterna num cordial ambiente de família, inculcando a dignidade da pessoa humana e a nobreza da alma louvando e promovendo a formação dos religiosos jovens, o estudo e o culto das "letras", ordendndo a mortificação e os exercícios ascéticos da comunidade para uma mais profunda vida teologal e aomodando estas práticas ao ministério apostólico, alentando a comunhão entre as diversas casas e a amizade evengélica entre as pessoas." ( Const. 10 p. 43)
Frei Gilberto, OCD
3° ano de Filosofia - Curitiba
Província Nossa Senhora do Carmo
A mística deve ser a nossa identidade - por Frei Rafael
Nos dias 15 e 16 de Janeiro estivemos reunidos com o Padre Leomar (sobrenome) que é da diocese de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul e atualmente professor da PUC-RS. Conversou conosco sobre a atualidade da pastoral urbana em seu atual contexto e alguns desafios. Disse que estamos em uma sociedade móvel, em tempo de mudança e descartabilidade, pluralismo, utilitarismo, imediatismo, emotividade e esteticismo. Numa sociedade onde cresce o espaço virtual e reina a primazia da economia.
Dentro dessa realidade nos situamos e somos desafiados a evangelizar. Entendemos que o Carmelo tem uma proposta atraente e ao mesmo tempo encantadora para nosso tempo. Algo que pode ser oferecido através das pessoas que vivem a profundidade do Mistério e ao mesmo tempo são capazes de conduzir os outros a fazerem a mesma experiência. Pessoas que são capazes de fazer da liturgia uma constante oração e ensinar o povo a rezar. Pessoas que tem a capacidade de sair de si mesmas para acolher o outro, seja este o excluído, o pobre ou qualquer outro. Nós do Carmelo teremos o desafio de sermos o que já dizia Karl Hanner “ou seremos místicos ou não seremos cristãos”. Para nós isso já não é uma novidade e sim a nossa identidade, por isso a grandeza de nossa compromisso com as pessoas humanas.
Temos tudo para nos adaptarmos a esta nova e mutante realidade. Nossa família tem uma riqueza única e inconfundível. Parece que é a hora de distribuirmos o que temos de melhor aos outros, ou seja, ajudar as pessoas a perceber que mesmo com tanta perturbação, Deus mora em cada pessoa humana e dentro do coração nos convida a sermos seus fortes Amigos.
Frei Rafael, OCD
4° ano de Teologia - Passo Fundo
Província Nossa Senhora do Carmo
Dentro dessa realidade nos situamos e somos desafiados a evangelizar. Entendemos que o Carmelo tem uma proposta atraente e ao mesmo tempo encantadora para nosso tempo. Algo que pode ser oferecido através das pessoas que vivem a profundidade do Mistério e ao mesmo tempo são capazes de conduzir os outros a fazerem a mesma experiência. Pessoas que são capazes de fazer da liturgia uma constante oração e ensinar o povo a rezar. Pessoas que tem a capacidade de sair de si mesmas para acolher o outro, seja este o excluído, o pobre ou qualquer outro. Nós do Carmelo teremos o desafio de sermos o que já dizia Karl Hanner “ou seremos místicos ou não seremos cristãos”. Para nós isso já não é uma novidade e sim a nossa identidade, por isso a grandeza de nossa compromisso com as pessoas humanas.
Temos tudo para nos adaptarmos a esta nova e mutante realidade. Nossa família tem uma riqueza única e inconfundível. Parece que é a hora de distribuirmos o que temos de melhor aos outros, ou seja, ajudar as pessoas a perceber que mesmo com tanta perturbação, Deus mora em cada pessoa humana e dentro do coração nos convida a sermos seus fortes Amigos.
Frei Rafael, OCD
4° ano de Teologia - Passo Fundo
Província Nossa Senhora do Carmo
Pastoral Urbana
" O homem continua sedento de Deus, apesar de todos os avanços tecnológicos... - por Frei Julierme
ENCONTRO DE ESTUDANTES
3° E 4° DIAS (15 e 16/01)
Tema: “Pastoral Urbana” – Pe. Leomar
Em que tempos vivemos? Há lugar para a religião na situação atual? Qual nossa compreensão de Igreja? Quais os desafios e as perspectivas para a ação pastoral eclesial no meio de uma cultura urbana? E para o carmelita no século XXI? Questionamentos como estes nos provocam. Pedem de nós uma postura frente a um mundo que cada vez mais manifesta uma complexidade da qual, como um pedido de socorro, emerge no homem sua ânsia pelo transcendente, algo que lhe é tão próprio e necessário a sua humanização.
Quem nos conduziu nestes dias (15 e 16) foi o Pe. Leomar, da Diocese de Caxias do Sul. Pós-graduado na área de dogmática, professor de doutrina social da Igreja na PUC-RS e pároco da paróquia de Santa Teresa em Caxias do Sul, mostrou-se muito competente, dinâmico e experimentado na exposição do tema “Pastoral urbana”.
Dentre os muitos desafios apresentados, pudemos perceber, como grupo, um campo no qual podemos inserir cada vez mais: o homem continua sedento de Deus, apesar de todos os avanços tecnológicos na cultura urbana. As estruturas mais antigas da Igreja e a compreensão eclesiológica tem mudado, novas necessidades na evangelização vão surgindo. É premente o apelo da Igreja por mistagogos, pessoas capazes de introduzir outras no mistério de Deus, pois, no dizer do grande teólogo Karl Rahner “o cristão do século XXI ou será místico, ou não será cristão”. Este dado novo nos abriu as perspectivas pastorais enquanto carmelitas representantes de uma nova geração, como uma baliza de auxílio para nossa esperança. Pudemos, nas nossas discussões em grupo, colocar as experiências positivas e negativas das duas províncias seja no campo pastoral ou da formação, procurando estimular-nos no crescimento de nossa missão apostólica na Igreja.
A sensação geral destes dois dias foi que o mundo hodierno nos interpela como carmelitas. Questiona nosso modo de ser e agir na Igreja e enquanto Igreja. Foram muitas perguntas suscitadas e poucas soluções práticas, o que significa um necessidade de continuarmos aprofundando cada vez mais o tema, sensíveis às inspirações do Espírito Santo na prática da evangelização. Como constatou o próprio palestrante, meio que fazendo-nos um sutil convite, há muita gente trabalhando nas universidades de teologia e filosofia empenhados em problematizar a situação atual do mundo e da Igreja. No entanto, são poucos os que conseguem ou se aventuram a buscar soluções e respostas. Oxalá possamos pertencer a esses últimos. Sem a pretensão de querermos resolver todos os problemas do mundo que estejamos dispostos a dar nossa colaboração para a construção de uma sociedade mais justa e solidária, animados pela mesma esperança que levou Santa Edith Stein a dizer: “não sabemos para onde Deus nos conduz; sabemos que Ele nos conduz”.
Assim, ao encerrar este comentário, convido-o a participar um pouco dos nossos anseios enquanto cristãos, chamados por Deus e enviados ao mundo, ao encontro do outro através desta pequena oração:
“Dá-nos, Jesus, tua esperança.
Dá-nos um coração como o teu
e ensina-nos a compadecer-nos da ‘multidão cansada e abatida
como ovelhas sem pastor’.
Une-nos a ti, Jesus.
Que saibamos viver a Boa Nova entre os nossos irmãos
antes de anunciá-la.
Que eles nos vejam proclamá-la e que, ao olhar-nos, eles te vejam,
e ao te ver, dêem ouvidos ao nosso anúncio.
Que saibamos ver os outros ao teu modo: não o pecado ou a miséria,
Mas a fé de cada filho do Pai Celestial.
Faze-nos compreender
Que as pessoas não são receptáculos da nossa evangelização,
Mas buscadores sedentos do Evangelho;
Não objeto da nossa ação pastoral,
Mas pessoas humanas,
cada uma com a semente do divino em seu coração.
Dá-nos humildade para entendermos que falamos e agimos em teu Nome.
E que importa que tu cresças, e nós, diminuamos.
Que não nos falte a luz e consolo do Espírito Santo em nosso caminho.
Amém.”
Em Jesus e Maria,
Frei Julierme da Redenção, ocd
1° ano de Filosofia - BH
Província São José
Parece-me que ninguém nos pode afastar d'Ele - por Frei Guilherme
Caríssimos,
no dia 12 de janeiro teve início mais um encontro de estudantes carmelitas na cidade de Londrina-PR. O encontro reúne os frades estudantes de Filosofia e Teologia das Províncias Sul e Sudeste do Carmelo Descalço brasileiro. O objetivo principal desse encontro é atender ao pedido que Jesus sussurrou “aos ouvidos do Pai” pouco antes de sua dolorosa Paixão: que todos sejam um (Jo 17, 21). Dessa forma, como o Filho está no Pai, ansiamos estar no Filho para que Ele se encontre sempre no meio de nós como elo insubstituível da nossa caridade fraterna. O mesmo carisma e a alegria de estarmos juntos nos move a buscar viver com perfeição a união que Jesus deseja para os seus discípulos e a exclamar como o discípulo no monte Tabor: “É bom estarmos juntos!”
Segundo a beata Ana de São Bartolomeu, carmelita descalça e fundadora do Carmelo francês, amiga e companheira de santa Teresa d´Ávila, o maior desejo que santa Teresa tinha nos últimos anos de sua vida era o de que os frades se constituíssem Província. A vivência exigida pela reforma teresiana só seria possível caso os frades descalços obtivessem maior autonomia diante dos irmãos da antiga observância. Quando isso aconteceu, pouco antes de sua morte, Teresa teria ficado muito satisfeita. Ainda de acordo com a beata Ana de São Bartolomeu, teria até mesmo citado o cântico de Simeão: “Deixai agora vossa serva ir em paz!”
Que o diálogo e a convivência desse encontro de estudantes nos ajudem a diminuir cada vez mais as distâncias e a ampliar os horizontes de ação do Carmelo Descalço teresiano, amém!
“Parece-me que ninguém nos pode afastar d’Ele, se agimos só por Ele, vivendo sempre na sua sagrada presença e sob esse olhar divino que tudo penetra até o mais profundo da alma. Inclusive no meio do mundo podemos escutá-Lo no silêncio de um coração que se quer somente Seu”.
Elisabete da Trindade
Os dois primeiros dias do nosso encontro de estudantes foram reservados para o estudo e a meditação do itinerário espiritual e dos escritos da beata Elisabete da Trindade. As reuniões foram preparadas pelo frei José Cláudio da Província do Sudeste do Brasil. Estudamos as origens (a família da beata, o ambiente militar onde nasceu, os primeiros anos de vida e seu gênio irascível constantemente corrigido pela mãe), sua infância (as aulas de piano e as suas elogiadas apresentações e a graça da primeira comunhão ao ser morada de Deus pela primeira vez através do sacramento, o que implicou a vontade de crescer em sua vida humana e espiritual), os anos de sua juventude (o relacionamento com a mãe e a irmã, as amizades, o meio social e as diversas festas, a vocação carmelitana e as dificuldades vocacionais que enfrentou) e, por fim, seus últimos anos de vida após a entrada no Carmelo de Dijon (as provações de fé, a infecção crônica nas glândulas renais e a missão no céu de atrair as almas ao recolhimento interior).
Um fato curioso na vida vocacional de Elisabete da Trindade era a proximidade que a casa onde morava possuía do Carmelo de Dijon. Da janela do seu quarto, Elisabete podia contemplar o Carmelo que tanto sonhava, ainda que impossibilitada pela mãe de lá entrar antes de completar 21 anos. Em uma de suas 123 poesias, a jovem Elisabete reunia as fantasias que a sua imaginação formava acerca do Carmelo e, em uma nota íntima, nos dá um exemplo da profundidade que a sua vocação carmelitana tinha para ela: “A carmelita é o sacramento de Cristo” (Nota íntima 14). Anos antes, fora o sacramento da Eucaristia que a despertara, desejaria agora ser um sacramento de Cristo para aqueles que com ela se relacionassem? Hoje, a própria Elisabete é uma janela e um sacramento do Senhor para todos aqueles que buscam viver uma verdadeira história de amor e amizade com “Aquele que sabemos que nos ama” (santa Teresa). Sua abertura à Palavra de Deus permite que toda luz que vem do alto penetre e dê vida ao seu ser e ao de todos quantos dela se aproximam no mais profundo centro de suas almas, onde habita Aquele que constantemente nos convida a fazer n’Ele a nossa morada.
Frei Guilherme, OCD
3°ano de Filosofia - BH
Província São José
no dia 12 de janeiro teve início mais um encontro de estudantes carmelitas na cidade de Londrina-PR. O encontro reúne os frades estudantes de Filosofia e Teologia das Províncias Sul e Sudeste do Carmelo Descalço brasileiro. O objetivo principal desse encontro é atender ao pedido que Jesus sussurrou “aos ouvidos do Pai” pouco antes de sua dolorosa Paixão: que todos sejam um (Jo 17, 21). Dessa forma, como o Filho está no Pai, ansiamos estar no Filho para que Ele se encontre sempre no meio de nós como elo insubstituível da nossa caridade fraterna. O mesmo carisma e a alegria de estarmos juntos nos move a buscar viver com perfeição a união que Jesus deseja para os seus discípulos e a exclamar como o discípulo no monte Tabor: “É bom estarmos juntos!”
Segundo a beata Ana de São Bartolomeu, carmelita descalça e fundadora do Carmelo francês, amiga e companheira de santa Teresa d´Ávila, o maior desejo que santa Teresa tinha nos últimos anos de sua vida era o de que os frades se constituíssem Província. A vivência exigida pela reforma teresiana só seria possível caso os frades descalços obtivessem maior autonomia diante dos irmãos da antiga observância. Quando isso aconteceu, pouco antes de sua morte, Teresa teria ficado muito satisfeita. Ainda de acordo com a beata Ana de São Bartolomeu, teria até mesmo citado o cântico de Simeão: “Deixai agora vossa serva ir em paz!”
Que o diálogo e a convivência desse encontro de estudantes nos ajudem a diminuir cada vez mais as distâncias e a ampliar os horizontes de ação do Carmelo Descalço teresiano, amém!
“Parece-me que ninguém nos pode afastar d’Ele, se agimos só por Ele, vivendo sempre na sua sagrada presença e sob esse olhar divino que tudo penetra até o mais profundo da alma. Inclusive no meio do mundo podemos escutá-Lo no silêncio de um coração que se quer somente Seu”.
Elisabete da Trindade
Os dois primeiros dias do nosso encontro de estudantes foram reservados para o estudo e a meditação do itinerário espiritual e dos escritos da beata Elisabete da Trindade. As reuniões foram preparadas pelo frei José Cláudio da Província do Sudeste do Brasil. Estudamos as origens (a família da beata, o ambiente militar onde nasceu, os primeiros anos de vida e seu gênio irascível constantemente corrigido pela mãe), sua infância (as aulas de piano e as suas elogiadas apresentações e a graça da primeira comunhão ao ser morada de Deus pela primeira vez através do sacramento, o que implicou a vontade de crescer em sua vida humana e espiritual), os anos de sua juventude (o relacionamento com a mãe e a irmã, as amizades, o meio social e as diversas festas, a vocação carmelitana e as dificuldades vocacionais que enfrentou) e, por fim, seus últimos anos de vida após a entrada no Carmelo de Dijon (as provações de fé, a infecção crônica nas glândulas renais e a missão no céu de atrair as almas ao recolhimento interior).
Um fato curioso na vida vocacional de Elisabete da Trindade era a proximidade que a casa onde morava possuía do Carmelo de Dijon. Da janela do seu quarto, Elisabete podia contemplar o Carmelo que tanto sonhava, ainda que impossibilitada pela mãe de lá entrar antes de completar 21 anos. Em uma de suas 123 poesias, a jovem Elisabete reunia as fantasias que a sua imaginação formava acerca do Carmelo e, em uma nota íntima, nos dá um exemplo da profundidade que a sua vocação carmelitana tinha para ela: “A carmelita é o sacramento de Cristo” (Nota íntima 14). Anos antes, fora o sacramento da Eucaristia que a despertara, desejaria agora ser um sacramento de Cristo para aqueles que com ela se relacionassem? Hoje, a própria Elisabete é uma janela e um sacramento do Senhor para todos aqueles que buscam viver uma verdadeira história de amor e amizade com “Aquele que sabemos que nos ama” (santa Teresa). Sua abertura à Palavra de Deus permite que toda luz que vem do alto penetre e dê vida ao seu ser e ao de todos quantos dela se aproximam no mais profundo centro de suas almas, onde habita Aquele que constantemente nos convida a fazer n’Ele a nossa morada.
Frei Guilherme, OCD
3°ano de Filosofia - BH
Província São José
É SEMPRE OCASIÃO DE CRESCIMENTO RECÍPROCO... - Por Frei Afonso
Toda vez que temos oportunidades de encontros como este -encontro interprovincial- é sempre ocasião de crescimento recíproco, de retomar a caminhada vocacional com novo vigor, de "animar-nos mutuamente" como se expressa o apóstolo Paulo.
Como carmelitas descalços queremos ser sempre pessoas de econtro, de partilha, de fraternidade, de convivência. Esta é uma necessidade não só de carmelitas formandos, ou seja, dos que estão na etapa da formação filosófica/teológica, mas de todos que estamos em formação inacaba. Sempre é tempo de aprender e apreender, ara poder servir melhor.
Lembro-me de que em 2006 no Definitório Extraordinário, ocorrido em Santiago (Chile), nosso Padre Geral, Frei Luís Aróstegue Gamboa, após estimular os provinciais a que fometassem e qualificassem esses encontros, elogiou os Provinciais do Sul e Sudeste por essas iniciativas recomendando ], vivamente, que tais iniciativas fossem cada vez mais intensificadas, de modo a se tornarem habitual.
Para mim, que acompanho nossos frades estudantes de Teologia da Província do Sudeste, é uma enorme gratificação verificar a abertura, o interesse, o empenho de nossos frades mais jovens, desejosos de ser uma presença significativa no presente e no futuro de nossas duas jovens províncias.
O Espírito Santo, autor de toda vocação, seja o nosso Guia seguro e sustente nossa fidelidade no seguimento de Jesus, como carmelitas descalços, sempre sob o olhar e o patrocínio de Maria, Mãe, Irmã e Rainha do Carmelo.
Frei Afonso, OCD.
Prior e formador do Convento de Teologia - BH
O CARMELO DE ELISABETH - Por Frei Odinei
Nos dois primeirros dias do do encontro dos frades estudantes carmelitas no Brasil, realizado na cidade de Londrina, estivemos em contato com a vida e a obra da beata Elisabeth da Trindade sob a orientação do Frei José Claúdio.
Primeiramente exploramos um pouco de sua vida, do nascimento até a sua morte. Neste estudo encontramos caracteristicas de sua personalidade, que revelou uma infância marcada por um comportamento um tanto quanto colérico, como afirmou sua irmã Margarida no processo de canonização,porém revelou também que o encontro que ele fez com Jesus foi uma verdadeira cura. Nesta experiência pode entregar-se a ele consagrando-se a Deus com todo o seu amor. Determinou a ser uma carmelita que chegaria ao fim dona de uma paciência e tranquilidade dificilmente encontrada nas pessoas.
No carmelo de Elisabeth, encontramos uma santidade, que nela se fez evidente desde cedo, no seu sofrimento quando doente e na entrega ao Deus Trino de todo o coração.
De sua família resta somente um dos filhos da sua irmã. De sua espiritualidade podemos perceber que existe uma profundidade, sempre presente sobretudo na graça de possuir uma ciência divina certamente inspirada pelo Espírito Santo.
Conhecendo um pouco mais suas obras, o Frei José Claúdio nos proporcionou perceber a necessidade de um aprofundamento que é necessário, para todo o carmelita, de sua espiritualidade. Cada um de nós nestes dois dias de estudo recebeu uma riqueza extraordinária de sua doutrina, reconhecendo o seu valor para o Carmelo e para toda a Igreja.
" É necessário criar um espaço para Deus em sua vida"
Frei Odinei,OCD
3º de Filosofia
Província Nossa Senhora do Carmo - Região Sul
Norte-americano quer tirar Deus de juramento de posse de Obama
Ativista ateu diz que a menção a Deus exclui não-religiosos.
Corte vai julgar pedido para retirar 'com a ajuda de Deus' do texto.
Daniel Buarque
Do G1, em São Paulo
Uma das instituições mais tradicionais da posse dos presidentes norte-americanos pode ser mudada neste ano.
Diferentemente do que aconteceu com os outros líderes do executivo do país, quando Barack Obama assumir o cargo, no próximo dia 20, ele pode não repetir a expressão “So help me God” (algo como “com a ajuda de Deus”, em tradução livre), que sempre conclui o juramento formal de posse.
Isso vai ser decidido nesta quinta-feira (15), quando uma corte distrital da capital vai julgar o pedido do advogado Michael Newdow, ativista ateu que busca tirar referências religiosas de práticas do governo do país. Segundo ele, com a menção a Deus, incluída pela Suprema Corte, os cidadãos de outras crenças são excluídos do discurso que deveria ser representativo de toda a população do país.
“Decidi fazer isso porque acredito profundamente na igualdade. Acho que não há igualdade quando o governo toma uma decisão que envolve escolhas religiosas”, disse, em entrevista ao G1, por telefone. Se depender dele, o juramento vai se encerrar na menção à Constituição, sem falar em religião.
Com a mão na Bíblia, Ronald Reagan faz juramento para assumir a presidência dos EUA, em 1985. O presidente eleito, disse Newdow, pode falar sobre religião ou qualquer outro tema que o interesse em seu discurso pessoal durante a cerimônia. “O que reclamo é que a Suprema Corte dos Estados Unidos defina que o texto constitucional do juramento obrigatório para que o presidente assuma o cargo inclua uma citação a Deus. A Justiça não pode mudar a Constituição com base em religião nenhuma. Isso me ofende pessoalmente. Os indivíduos podem fazer o que quiserem, mas o meu governo não pode dizer que nós, como povo, acreditamos em nada.”
Tradição
O texto do juramento diz: “Eu solenemente juro que vou executar fielmente o cargo de presidente dos Estados Unidos, e vou fazer o possível para proteger, preservar, proteger e defender a Constituição dos Estados Unidos”. Ele fez parte da posse de todos os presidentes, e a tradição diz que o primeiro líder do país, George Washington, teria incluído a menção a Deus no final, em 1789.
Ativista ateu diz que a menção a Deus exclui não-religiosos.
Corte vai julgar pedido para retirar 'com a ajuda de Deus' do texto.
Daniel Buarque
Do G1, em São Paulo
Uma das instituições mais tradicionais da posse dos presidentes norte-americanos pode ser mudada neste ano.
Diferentemente do que aconteceu com os outros líderes do executivo do país, quando Barack Obama assumir o cargo, no próximo dia 20, ele pode não repetir a expressão “So help me God” (algo como “com a ajuda de Deus”, em tradução livre), que sempre conclui o juramento formal de posse.
Isso vai ser decidido nesta quinta-feira (15), quando uma corte distrital da capital vai julgar o pedido do advogado Michael Newdow, ativista ateu que busca tirar referências religiosas de práticas do governo do país. Segundo ele, com a menção a Deus, incluída pela Suprema Corte, os cidadãos de outras crenças são excluídos do discurso que deveria ser representativo de toda a população do país.
“Decidi fazer isso porque acredito profundamente na igualdade. Acho que não há igualdade quando o governo toma uma decisão que envolve escolhas religiosas”, disse, em entrevista ao G1, por telefone. Se depender dele, o juramento vai se encerrar na menção à Constituição, sem falar em religião.
Com a mão na Bíblia, Ronald Reagan faz juramento para assumir a presidência dos EUA, em 1985. O presidente eleito, disse Newdow, pode falar sobre religião ou qualquer outro tema que o interesse em seu discurso pessoal durante a cerimônia. “O que reclamo é que a Suprema Corte dos Estados Unidos defina que o texto constitucional do juramento obrigatório para que o presidente assuma o cargo inclua uma citação a Deus. A Justiça não pode mudar a Constituição com base em religião nenhuma. Isso me ofende pessoalmente. Os indivíduos podem fazer o que quiserem, mas o meu governo não pode dizer que nós, como povo, acreditamos em nada.”
Tradição
O texto do juramento diz: “Eu solenemente juro que vou executar fielmente o cargo de presidente dos Estados Unidos, e vou fazer o possível para proteger, preservar, proteger e defender a Constituição dos Estados Unidos”. Ele fez parte da posse de todos os presidentes, e a tradição diz que o primeiro líder do país, George Washington, teria incluído a menção a Deus no final, em 1789.
Osenhorio de Cristo sobre o cosmo é a chave para uma relação correta com o Criador
Papa explica que quem está em Cristo «não tem medo de nada nem de ninguém»
Por Inma Álvarez
CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 14 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- O cristão «não tem medo de nada nem de ninguém», pois Cristo, cabeça da Igreja, é o Senhor do cosmos, assegurou Bento XVI nesta quarta-feira, durante a audiência geral realizada na Sala Paulo VI.
Continuando com o ciclo sobre São Paulo, no bimilênio de seu nascimento, o Papa explicou um aspecto da doutrina paulina contido nas cartas aos Colossenses e aos Efésios – duas cartas «quase gêmeas», explicou – que é a consideração de Cristo como «cabeça» da Igreja e de todo o cosmos, e as implicações que isso tem para a vida dos cristãos.
Este «senhorio de Cristo» sobre «as potências celestes e o cosmos inteiro» constitui «uma mensagem altamente positiva e fecunda» para o homem pagão de ontem e de hoje, explicou aos mais de quatro mil peregrinos que participaram do encontro.
«Para o mundo pagão, que acreditava em um mundo cheio de espíritos, em grande parte perigosos e contra os quais era preciso defender-se, aparecia como uma verdadeira libertação o anúncio de que Cristo era o único vencedor e de que quem estava com Cristo não tinha que temer ninguém.»
O Papa acrescentou que «o mesmo vale para o paganismo de hoje, porque também os atuais seguidores destas ideologias veem o mundo cheio de poderes perigosos. A estes é necessário anunciar que Cristo é vencedor, de modo que quem está com Cristo, quem permanece unido a Ele, não deve temer nada nem ninguém».
Iswo é importante também para os cristãos, acrescentou: «devemos aprender a enfrentar todos os medos, porque Ele está acima de toda dominação, é o verdadeiro Senhor do mundo».
Cristo, explicou o Papa, «não tem que temer nenhum eventual competidor, porque é superior a qualquer forma de poder que tentar humilhar o homem. Só Ele ‘nos amou e entregou a si mesmo por nós’ (Ef 5, 2). Por isso, se estamos unidos a Cristo, não devemos temer nenhum inimigo e nenhuma adversidade; mas isso significa também que devemos permanecer bem unidos a Ele, sem soltar!».
Isso tem outra implicação, assinalou, e é que o cosmos «tem sentido»: «não existe, por uma parte, o grande mundo material e por outra esta pequena realidade da história da nossa terra, o mundo das pessoas: tudo é um em Cristo».
Esta visão não só é «racional», mas é inclusive «a mais universalista»: «a Igreja reconhece que Cristo é maior que ela, dado que seu senhorio se estende também além de suas fronteiras».
«Tudo isso significa que devemos positivamente considerar as realidades terrenas, porque Cristo as recapitula em si, e ao mesmo tempo, devemos viver em plenitude nossa identidade específica eclesial, que é a mais homogênea à identidade do próprio Cristo», acrescentou o Papa.
Desta consciência vem aos cristãos «a força de atuar de forma reta», tanto diante dos demais como com a criação, explicou.
«Estas duas cartas são uma grande catequese, da qual podemos aprender não só como ser bons cristãos, mas também como chegar a ser realmente homens. Se começamos a entender que o cosmos é a marca de Cristo, aprendemos nossa relação reta com o cosmos, com todos os problemas de sua conservação.»
Assim também «aprendemos a vê-los com a razão, mas com uma razão movida pelo amor, e com a humildade e o respeito que permitem atuar de forma correta», acrescentou.
Por outro lado, «se pensamos que a Igreja é o Corpo de Cristo, que Cristo se deu a si mesmo por ela, aprendemos como viver com Cristo o amor recíproco, o amor que nos une a Deus e que nos faz ver ao outro como imagem de Cristo, como Cristo mesmo».
Diante deste «mistério de Cristo», afirmou o Papa, «as meras categorias intelectuais são insuficientes».
«Reconhecendo que muitas coisas estão além de nossas capacidades racionais, devemos confiar na contemplação humilde e gozosa não só da mente, mas também do coração. Os pais da Igreja, por outro lado, nos dizem que o amor compreende muito mais que a razão apenas», concluiu.
Fonte: zenit
Por Inma Álvarez
CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 14 de janeiro de 2009 (ZENIT.org).- O cristão «não tem medo de nada nem de ninguém», pois Cristo, cabeça da Igreja, é o Senhor do cosmos, assegurou Bento XVI nesta quarta-feira, durante a audiência geral realizada na Sala Paulo VI.
Continuando com o ciclo sobre São Paulo, no bimilênio de seu nascimento, o Papa explicou um aspecto da doutrina paulina contido nas cartas aos Colossenses e aos Efésios – duas cartas «quase gêmeas», explicou – que é a consideração de Cristo como «cabeça» da Igreja e de todo o cosmos, e as implicações que isso tem para a vida dos cristãos.
Este «senhorio de Cristo» sobre «as potências celestes e o cosmos inteiro» constitui «uma mensagem altamente positiva e fecunda» para o homem pagão de ontem e de hoje, explicou aos mais de quatro mil peregrinos que participaram do encontro.
«Para o mundo pagão, que acreditava em um mundo cheio de espíritos, em grande parte perigosos e contra os quais era preciso defender-se, aparecia como uma verdadeira libertação o anúncio de que Cristo era o único vencedor e de que quem estava com Cristo não tinha que temer ninguém.»
O Papa acrescentou que «o mesmo vale para o paganismo de hoje, porque também os atuais seguidores destas ideologias veem o mundo cheio de poderes perigosos. A estes é necessário anunciar que Cristo é vencedor, de modo que quem está com Cristo, quem permanece unido a Ele, não deve temer nada nem ninguém».
Iswo é importante também para os cristãos, acrescentou: «devemos aprender a enfrentar todos os medos, porque Ele está acima de toda dominação, é o verdadeiro Senhor do mundo».
Cristo, explicou o Papa, «não tem que temer nenhum eventual competidor, porque é superior a qualquer forma de poder que tentar humilhar o homem. Só Ele ‘nos amou e entregou a si mesmo por nós’ (Ef 5, 2). Por isso, se estamos unidos a Cristo, não devemos temer nenhum inimigo e nenhuma adversidade; mas isso significa também que devemos permanecer bem unidos a Ele, sem soltar!».
Isso tem outra implicação, assinalou, e é que o cosmos «tem sentido»: «não existe, por uma parte, o grande mundo material e por outra esta pequena realidade da história da nossa terra, o mundo das pessoas: tudo é um em Cristo».
Esta visão não só é «racional», mas é inclusive «a mais universalista»: «a Igreja reconhece que Cristo é maior que ela, dado que seu senhorio se estende também além de suas fronteiras».
«Tudo isso significa que devemos positivamente considerar as realidades terrenas, porque Cristo as recapitula em si, e ao mesmo tempo, devemos viver em plenitude nossa identidade específica eclesial, que é a mais homogênea à identidade do próprio Cristo», acrescentou o Papa.
Desta consciência vem aos cristãos «a força de atuar de forma reta», tanto diante dos demais como com a criação, explicou.
«Estas duas cartas são uma grande catequese, da qual podemos aprender não só como ser bons cristãos, mas também como chegar a ser realmente homens. Se começamos a entender que o cosmos é a marca de Cristo, aprendemos nossa relação reta com o cosmos, com todos os problemas de sua conservação.»
Assim também «aprendemos a vê-los com a razão, mas com uma razão movida pelo amor, e com a humildade e o respeito que permitem atuar de forma correta», acrescentou.
Por outro lado, «se pensamos que a Igreja é o Corpo de Cristo, que Cristo se deu a si mesmo por ela, aprendemos como viver com Cristo o amor recíproco, o amor que nos une a Deus e que nos faz ver ao outro como imagem de Cristo, como Cristo mesmo».
Diante deste «mistério de Cristo», afirmou o Papa, «as meras categorias intelectuais são insuficientes».
«Reconhecendo que muitas coisas estão além de nossas capacidades racionais, devemos confiar na contemplação humilde e gozosa não só da mente, mas também do coração. Os pais da Igreja, por outro lado, nos dizem que o amor compreende muito mais que a razão apenas», concluiu.
Fonte: zenit
ELISABETE DA TRINDADE UM MODELO DE SANTIDADE - por Frei José Claúdio, OCD
Nos primeiros dias deste encontro bebemos da espiritualidade da beata Elisabete da Trindade, monja carmelita francesa, que em sua particularidade deixou em seus escritos uma grande contribuição para a o Carmelo e para a Igreja. Uma mulher de personalidade forte que conseguiu amparada em Deus modificar toda uma vida e chegar a se imolar inteiramente por amor a Deus que é comunidade, unidade, enfim que é Trindade.
Quem pode nos oferecer novos elementos sobre a vida e obra de nossa irmã Elisabete foi o Frei José Claúdio. Ele é frade, irmão, da Província São José - Sudeste do Brasil - formador neste próximo ano da convento que abrigará a etapa formativa do aspirantado em Caratinga. Rezemos por sua vida e por sua vocação que de maneira tão singular enriquece nossas vidas, a província, a Ordem e a Igreja como um todo.
Encontro dos Frades Estudantes de Teologia e Filosofia do Carmelo Descalço no Brasil
Entre os dias 12 e 24 de janeiro os frades formandos de filosofia e teologia das províncias São José, do sudeste, e Nossa Senhora do Carmo, do sul do Brasil se reúnem para o Encontro de Estudantes Carmelitas Descalços.
Encontro fraterno por meio do qual buscamos estreitar os nossos laços, trocando experiências da caminhada das duas províncias no olhar de sua parcela mais jovem, a dos formandos.
Este encontro, além de promover um momento de confraternização entre os frades, tem como objetivo proporcionar a reflexão de temas carmelitanos atuais, concernentes à vida do Carmelo Descalço enquanto família religiosa inserida na Igreja e na sociedade, no apelo de sempre buscar respostas para os anseios do homem no esforço de encontrar a razão de seu existir e relacionar-se, consigo mesmo, com o próximo e com Deus.
Nossa vivencia fraterna será coroada com a profissão solene do Frei Lucas de Santo Elias no dia 24.
Frei Márcio do Carmo, OCD – 1º ano de Teologia
Convento Santa Teresa de Jesus – Província São José
Nova fundação dos Frades Carmelitas na Holanda
Como já haviamos informado anteriormente o convento fundado na Holanda, a pedido da Casa Geral, já começou a receber os frades que serão conventuais nesta grande empresa de Deus. No mês de novembro o Frei João Bonten regressou ao seu país de origem, fazendo o caminho inverso, já que a anos atrás ele veio para o Brasil como missionário, trazendo para nosso solo a riqueza do Carmelo Descalço. Há alguns dias foi a vez do Frei João de Deus que já se enconra em terras Holandesas. Agora estamos aguardando a liberação da documentação do Frei Luciano Henrique que formará com eles a primeira comunidade nesta loucura amorosa pelo Reino de Deus. Acompanhemos nossos irmãos com nossas orações.
Nova Casa dos Frades Carmelitas Descalços em Brasília - DF
Será uma grande alegria para nós carmelitas a abertura de um convento dos frades na cidade de Brasília- DF. Esta casa abrigará a etapa formativa do postulantado. Uma casa que poderá ser uma ligação entre os jovens e as diversas pessoas que desejam entrar em contato com a espiritualidade carmelitana. Logo que o convento esteja instalado informaremos o endereço. Aguardem!!!!!!
Dia 09 - Memória de Santo André Corsini - Bispo
Um sonho anunciou o inicio da vida religiosa de Santo André Corsini, outro sonho anunciou seu fim. O primeiro quem o teve foi sua mãe. O outro, que lhe indicou a data da morte, sonhou ele próprio. André nasceu em Florença, na Itália, em 1301, filho de família nobre e famosa. Antes de o dar à luz, sua mãe sonhou que seu filho nascia lobo, mas se transformava em cordeiro ao entrar numa igreja carmelita.
Até os dezessete anos André viveu sem preocupações morais ou espirituais, cercado de vícios e dando seguidos desgostos aos pais. Com essa idade, ao encontrar a mãe chorando por tudo que ele aprontava, André percebeu que estava no caminho errado. Ela lhe contou sobre o sonho e o rapaz, caindo em si, chorou com ela e prometeu se corrigir.
Prometeu e cumpriu, procurou uma igreja carmelita, iniciou-se na Ordem e começou nova vida. Concluiu os estudos religiosos em Paris, ordenou-se sacerdote e, ainda em vida, operou vários prodígios, portador que era do dom da cura e da profecia. Curou um tumor maligno que ameaçava levar um primo para a morte e previu o destino de um menino, que batizou.
Seus feitos o levaram a ser nomeado bispo de Fiesoli, em Florença, Itália. No entanto, ele recusou o cargo e se escondeu para não ter de assumi-lo. Mas, uma criança de apenas seis anos revelou seu esconderijo, dizendo ser a vontade de Deus que ele encabeçasse a diocese e, assim, o convenceu a aceitar essa tarefa apostólica.
Durante os anos em que ali atuou, foi amado pelo povo e respeitado pelas autoridades. André conseguiu apaziguar divergências mortais entre inimigos e até aproximar a aristocracia e o povo, missão que recebeu do Papa Urbano V e desempenhou com louvor.
Na noite de Natal de 1372 teve um desmaio e recebeu, em sonho, a notícia de que morreria em 6 de janeiro. A partir daí foi dominado por uma febre que não mais o deixou até que a profecia se cumpriu.
Foi sepultado na igreja dos Carmelitas de Florença, onde suas relíquias podem ser veneradas, ainda hoje. Santo André Corsini é o padroeiro da cidade de Florença e a Igreja designou o dia 04 de fevereiro para a sua festa litúrgica.
Dia 08 - Memória de São Pedro Tamás-Bispo
Nasceu por volta do ano 1305 numa aldeia da Aquitânia, França. Os seus pais viviam em pobreza extrema, o que levou Pedro Tomás a abandonar o lar paterno muito cedo para não ser pesado aos seus. Era Pedro Tomás de estatura baixa, mas possuía uma inteligência rara e profunda.
Vivendo de esmolas, conseguiu estudar, tornando-se mestre e professor com apenas 17 anos. Foi convidado para ser professor dos estudantes carmelitas, vindo também ele a entrar na Ordem em 1327. Ensinou várias matérias em muitos conventos da Ordem, até ser nomeado Procurador da Ordem junto à Santa Sé, que então se encontrava em Avignon. Em certa ocasião, vendo o Padre Geral a humilde e pequena aparência do santo, envergonhou-se de apresentá-lo aos Cardeais. No entanto, certo Cardeal, que conhecia a fama de Frei Pedro Tomás, resolveu apresentá-lo.
O Papa fê-lo seu Núncio e Legado, encomendando-lhe muitas e difíceis missões, que Frei Pedro Tomás sempre resolveu bem. Foi arauto e apóstolo incansável da paz e da unidade da Igreja, logo conquistando, em toda a parte, a fama de santo. Depois de ter exercido o cargo de Bispo em várias dioceses, foi nomeado Patriarca de Constantinopla.
Apesar dos altos cargos que exerceu, nas suas viagens, Frei Pedro Tomás procurava sempre, como residência, os conventos dos seus irmãos carmelitas, vivendo como irmão e com os irmãos de Nossa Senhora do Carmo a vida normal da comunidade, segundo a Regra.
Morreu no dia 6 de Janeiro de 1366. Apesar de ser bispo, pediu que o vestissem com o hábito da Ordem. Era muito devoto da Virgem Maria e, um dia, contou a um irmão que Nossa Senhora lhe tinha aparecido, dizendo-lhe que a Ordem do Carmo durará até ao fim dos tempos.
Fontes: www.ecclesia.pt
Mensagem do Papa Bento para o Dia Mundial da Paz
MENSAGEM DE SUA SANTIDADE
BENTO XVI
PARA A CELEBRAÇÃO DO
DIA MUNDIAL DA PAZ
1 DE JANEIRO DE 2009
COMBATER A POBREZA, CONSTRUIR A PAZ
1. Desejo, também no início deste novo ano, fazer chegar os meus votos de paz a todos e, com esta minha Mensagem, convidá-los a reflectir sobre o tema: Combater a pobreza, construir a paz. Já o meu venerado antecessor João Paulo II, na Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 1993, sublinhara as repercussões negativas que acaba por ter sobre a paz a situação de pobreza em que versam populações inteiras. De facto, a pobreza encontra-se frequentemente entre os factores que favorecem ou agravam os conflitos, mesmo os conflitos armados. Estes últimos, por sua vez, alimentam trágicas situações de pobreza. « Vai-se afirmando (...), com uma gravidade sempre maior – escrevia João Paulo II –, outra séria ameaça à paz: muitas pessoas, mais ainda, populações inteiras vivem hoje em condições de extrema pobreza. A disparidade entre ricos e pobres tornou-se mais evidente, mesmo nas nações economicamente mais desenvolvidas. Trata-se de um problema que se impõe à consciência da humanidade, visto que as condições em que se encontra um grande número de pessoas são tais que ofendem a sua dignidade natural e, consequentemente, comprometem o autêntico e harmónico progresso da comunidade mundial ».
2. Neste contexto, combater a pobreza implica uma análise atenta do fenómeno complexo que é a globalização. Tal análise é já importante do ponto de vista metodológico, porque convida a pôr em prática o fruto das pesquisas realizadas pelos economistas e sociólogos sobre tantos aspectos da pobreza. Mas a evocação da globalização deveria revestir também um significado espiritual e moral, solicitando a olhar os pobres bem cientes da perspectiva que todos somos participantes de um único projecto divino: chamados a constituir uma única família, na qual todos – indivíduos, povos e nações – regulem o seu comportamento segundo os princípios de fraternidade e responsabilidade.
Em tal perspectiva, é preciso ter uma visão ampla e articulada da pobreza. Se esta fosse apenas material, para iluminar as suas principais características, seriam suficientes as ciências sociais que nos ajudam a medir os fenómenos baseados sobretudo em dados de tipo quantitativo. Sabemos porém que existem pobrezas imateriais, isto é, que não são consequência directa e automática de carências materiais. Por exemplo, nas sociedades ricas e avançadas, existem fenómenos de marginalização, pobreza relacional, moral e espiritual: trata-se de pessoas desorientadas interiormente, que, apesar do bem-estar económico, vivem diversas formas de transtorno. Penso, por um lado, no chamado « subdesenvolvimento moral » e, por outro, nas consequências negativas do « superdesenvolvimento ».Não esqueço também que muitas vezes, nas sociedades chamadas « pobres », o crescimento económico é entravado por impedimentos culturais, que não permitem uma conveniente utilização dos recursos. Seja como for, não restam dúvidas de que toda a forma de pobreza imposta tem, na sua raiz, a falta de respeito pela dignidade transcendente da pessoa humana. Quando o homem não é visto na integridade da sua vocação e não se respeitam as exigências duma verdadeira « ecologia humana »,desencadeiam-se também as dinâmicas perversas da pobreza, como é evidente em alguns âmbitos sobre os quais passo a deter brevemente a minha atenção.
Pobreza e implicações morais
3. A pobreza aparece muitas vezes associada, como se fosse sua causa, com o desenvolvimento demográfico. Em consequência disso, realizam-se campanhas de redução da natalidade, promovidas a nível internacional, até com métodos que não respeitam a dignidade da mulher nem o direito dos esposos a decidirem responsavelmente o número dos filhos e que muitas vezes – facto ainda mais grave – não respeitam sequer o direito à vida. O extermínio de milhões de nascituros, em nome da luta à pobreza, constitui na realidade a eliminação dos mais pobres dentre os seres humanos. Contra tal presunção, fala o dado seguinte: enquanto, em 1981, cerca de 40% da população mundial vivia abaixo da linha de pobreza absoluta, hoje tal percentagem aparece substancialmente reduzida a metade, tendo saído da pobreza populações caracterizadas precisamente por um incremento demográfico notável. O dado agora assinalado põe em evidência que existiriam os recursos para se resolver o problema da pobreza, mesmo no caso de um crescimento da população. E não se há-de esquecer que, desde o fim da segunda guerra mundial até hoje, a população da terra cresceu quatro mil milhões e tal fenómeno diz respeito, em larga medida, a países que surgiram recentemente na cena internacional como novas potências económicas e conheceram um rápido desenvolvimento graças precisamente ao elevado número dos seus habitantes. Além disso, dentre as nações que mais se desenvolveram, aquelas que detêm maiores índices de natalidade gozam de melhores potencialidades de progresso. Por outras palavras, a população confirma-se como uma riqueza e não como um factor de pobreza.
4. Outro âmbito de preocupação são as pandemias, como por exemplo a malária, a tuberculose e a SIDA, pois, na medida em que atingem os sectores produtivos da população, influem enormemente no agravamento das condições gerais do país. As tentativas para travar as consequências destas doenças na população nem sempre alcançam resultados significativos. E sucede além disso que os países afectados por algumas dessas pandemias se vêem, ao querer enfrentá-las, sujeitos a chantagem por parte de quem condiciona a ajuda económica à actuação de políticas contrárias à vida. Sobretudo a SIDA, dramática causa de pobreza, é difícil combatê-la se não se enfrentarem as problemáticas morais associadas com a difusão do vírus. É preciso, antes de tudo, fomentar campanhas que eduquem, especialmente os jovens, para uma sexualidade plenamente respeitadora da dignidade da pessoa; iniciativas realizadas nesta linha já deram frutos significativos, fazendo diminuir a difusão da SIDA. Depois há que colocar à disposição também das populações pobres os remédios e os tratamentos necessários; isto supõe uma decidida promoção da pesquisa médica e das inovações terapêuticas e, quando for preciso, uma aplicação flexível das regras internacionais de protecção da propriedade intelectual, de modo que a todos fiquem garantidos os necessários tratamentos sanitários de base.
5. Terceiro âmbito, que é objecto de atenção nos programas de luta contra a pobreza e que mostra a sua intrínseca dimensão moral, é a pobreza das crianças. Quando a pobreza atinge uma família, as crianças são as suas vítimas mais vulneráveis: actualmente quase metade dos que vivem em pobreza absoluta é constituída por crianças. O facto de olhar a pobreza colocando-se da parte das crianças induz a reter como prioritários os objectivos que mais directamente lhes dizem respeito, como por exemplo os cuidados maternos, o serviço educativo, o acesso às vacinas, aos cuidados médicos e à água potável, a defesa do ambiente e sobretudo o empenho na defesa da família e da estabilidade das relações no seio da mesma. Quando a família se debilita, os danos recaem inevitavelmente sobre as crianças. Onde não é tutelada a dignidade da mulher e da mãe, a ressentir-se do facto são de novo principalmente os filhos.
6. Quarto âmbito que, do ponto de vista moral, merece particular atenção é a relação existente entre desarmamento e progresso. Gera preocupação o actual nível global de despesa militar. É que, como já tive ocasião de sublinhar, « os ingentes recursos materiais e humanos empregados para as despesas militares e para os armamentos, na realidade, são desviados dos projectos de desenvolvimento dos povos, especialmente dos mais pobres e necessitados de ajuda. E isto está contra o estipulado na própria Carta das Nações Unidas, que empenha a comunidade internacional, e cada um dos Estados em particular, a ‘‘promover o estabelecimento e a manutenção da paz e da segurança internacional com o mínimo dispêndio dos recursos humanos e económicos mundiais para os armamentos'' (art. 26) ».
Uma tal conjuntura, longe de facilitar, obstaculiza seriamente a consecução dos grandes objectivos de desenvolvimento da comunidade internacional. Além disso, um excessivo aumento da despesa militar corre o risco de acelerar uma corrida aos armamentos que provoca faixas de subdesenvolvimento e desespero, transformando-se assim, paradoxalmente, em factor de instabilidade, tensão e conflito. Como sensatamente afirmou o meu venerado antecessor Paulo VI, « o desenvolvimento é o novo nome da paz ».(7) Por isso, os Estados são chamados a fazer uma séria reflexão sobre as razões mais profundas dos conflitos, frequentemente atiçados pela injustiça, e a tomar providências com uma corajosa autocrítica. Se se chegar a uma melhoria das relações, isso deverá consentir uma redução das despesas para armamentos. Os recursos poupados poderão ser destinados para projectos de desenvolvimento das pessoas e dos povos mais pobres e necessitados: o esforço despendido em tal direcção é um serviço à paz no seio da família humana.
7. Quinto âmbito na referida luta contra a pobreza material diz respeito à crise alimentar actual, que põe em perigo a satisfação das necessidades de base. Tal crise é caracterizada não tanto pela insuficiência de alimento, como sobretudo pela dificuldade de acesso ao mesmo e por fenómenos especulativos e, consequentemente, pela falta de um reajustamento de instituições políticas e económicas que seja capaz de fazer frente às necessidades e às emergências. A má nutrição pode também provocar graves danos psicofísicos nas populações, privando muitas pessoas das energias de que necessitam para sair, sem especiais ajudas, da sua situação de pobreza. E isto contribui para alargar a distância angular das desigualdades, provocando reacções que correm o risco de tornar-se violentas. Todos os dados sobre o andamento da pobreza relativa nos últimos decénios indicam um aumento do fosso entre ricos e pobres. Causas principais de tal fenómeno são, sem dúvida, por um lado a evolução tecnológica, cujos benefícios se concentram na faixa superior da distribuição do rendimento, e por outro a dinâmica dos preços dos produtos industriais, que crescem muito mais rapidamente do que os preços dos produtos agrícolas e das matérias primas na posse dos países mais pobres. Isto faz com que a maior parte da população dos países mais pobres sofra uma dupla marginalização, ou seja, em termos de rendimentos mais baixos e de preços mais altos.
Luta contra a pobreza e solidariedade global
8. Uma das estradas mestras para construir a paz é uma globalização que tenha em vista os interesses da grande família humana.(8) Mas, para guiar a globalização é preciso uma forte solidariedade global (9) entre países ricos e países pobres, como também no âmbito interno de cada uma das nações, incluindo ricas. É necessário um « código ético comum »,(10) cujas normas não tenham apenas carácter convencional mas estejam radicadas na lei natural inscrita pelo Criador na consciência de todo o ser humano (cf. Rm 2, 14-15). Porventura não sente cada um de nós, no íntimo da consciência, o apelo a dar a própria contribuição para o bem comum e a paz social? A globalização elimina determinadas barreiras, mas isto não significa que não possa construir outras novas; aproxima os povos, mas a proximidade geográfica e temporal não cria, de per si, as condições para uma verdadeira comunhão e uma paz autêntica. A marginalização dos pobres da terra só pode encontrar válidos instrumentos de resgate na globalização, se cada homem se sentir pessoalmente atingido pelas injustiças existentes no mundo e pelas violações dos direitos humanos ligadas com elas. A Igreja, que é « sinal e instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o género humano »,(11) continuará a dar a sua contribuição para que sejam superadas as injustiças e incompreensões e se chegue a construir um mundo mais pacífico e solidário.
9. No campo do comércio internacional e das transacções financeiras, temos hoje em acção processos que permitem integrar positivamente as economias, contribuindo para o melhoramento das condições gerais; mas há também processos de sentido oposto, que dividem e marginalizam os povos, criando perigosas premissas para guerras e conflitos. Nos decénios posteriores à segunda guerra mundial, o comércio internacional de bens e serviços cresceu de forma extraordinariamente rápida, com um dinamismo sem precedentes na história. Grande parte do comércio mundial interessou os países de antiga industrialização, vindo significativamente juntar-se-lhes muitos países que sobressaíram tornando-se relevantes. Mas há outros países de rendimento baixo que estão ainda gravemente marginalizados dos fluxos comerciais. O seu crescimento ressentiu-se negativamente com a rápida descida verificada, nos últimos decénios, nos preços dos produtos primários, que constituem a quase totalidade das suas exportações. Nestes países, em grande parte africanos, a dependência das exportações de produtos primários continua a constituir um poderoso factor de risco. Quero reiterar aqui um apelo para que todos os países tenham as mesmas possibilidades de acesso ao mercado mundial, evitando exclusões e marginalizações.
10. Idêntica reflexão pode fazer-se a propósito do mercado financeiro, que toca um dos aspectos primários do fenómeno da globalização, devido ao progresso da electrónica e às políticas de liberalização dos fluxos de dinheiro entre os diversos países. A função objectivamente mais importante do mercado financeiro, que é a de sustentar a longo prazo a possibilidade de investimentos e consequentemente de desenvolvimento, aparece hoje muito frágil: sofre as consequências negativas de um sistema de transacções financeiras – a nível nacional e global – baseadas sobre uma lógica de brevíssimo prazo, que busca o incremento do valor das actividades financeiras e se concentra na gestão técnica das diversas formas de risco. A própria crise recente demonstra como a actividade financeira seja às vezes guiada por lógicas puramente auto-referenciais e desprovidas de consideração pelo bem comum a longo prazo. O nivelamento dos objectivos dos operadores financeiros globais para o brevíssimo prazo reduz a capacidade de o mercado financeiro realizar a sua função de ponte entre o presente e o futuro: apoio à criação de novas oportunidades de produção e de trabalho a longo prazo. Uma actividade financeira confinada no breve e brevíssimo prazo torna-se perigosa para todos, inclusivamente para quem consegue beneficiar dela durante as fases de euforia financeira.
11. Segue-se de tudo isto que a luta contra a pobreza requer uma cooperação nos planos económico e jurídico que permita à comunidade internacional e especialmente aos países pobres individuarem e actuarem soluções coordenadas para enfrentar os referidos problemas através da realização de um quadro jurídico eficaz para a economia. Além disso, requer estímulos para se criarem instituições eficientes e participativas, bem como apoios para lutar contra a criminalidade e promover uma cultura da legalidade. Por outro lado, não se pode negar que, na origem de muitos falimentos na ajuda aos países pobres, estão as políticas vincadamente assistencialistas. Investir na formação das pessoas e desenvolver de forma integrada uma cultura específica da iniciativa parece ser actualmente o verdadeiro projecto a médio e longo prazo. Se as actividades económicas precisam de um contexto favorável para se desenvolver, isto não significa que a atenção se deva desinteressar dos problemas do rendimento. Embora se tenha oportunamente sublinhado que o aumento do rendimento pro capite não pode de forma alguma constituir o fim da acção político-económica, todavia não se deve esquecer que o mesmo representa um instrumento importante para se alcançar o objectivo da luta contra a fome e contra a pobreza absoluta. Deste ponto de vista, seja banida a ilusão de que uma política de pura redistribuição da riqueza existente possa resolver o problema de maneira definitiva. De facto, numa economia moderna, o valor da riqueza depende em medida determinante da capacidade de criar rendimento presente e futuro. Por isso, a criação de valor surge como um elo imprescindível, que se há- de ter em conta se se quer lutar contra a pobreza material de modo eficaz e duradouro.
12. Colocar os pobres em primeiro lugar implica, finalmente, que se reserve espaço adequado para uma correcta lógica económica por parte dos agentes do mercado internacional, uma correcta lógica política por parte dos agentes institucionais e uma correcta lógica participativa capaz de valorizar a sociedade civil local e internacional. Hoje os próprios organismos internacionais reconhecem o valor e a vantagem das iniciativas económicas da sociedade civil ou das administrações locais para favorecer o resgate e a integração na sociedade daquelas faixas da população que muitas vezes estão abaixo do limiar de pobreza extrema mas, ao mesmo tempo, dificilmente se consegue fazer-lhes chegar as ajudas oficiais. A história do progresso económico do século XX ensina que boas políticas de desenvolvimento são confiadas à responsabilidade dos homens e à criação de positivas sinergias entre mercados, sociedade civil e Estados. Particularmente a sociedade civil assume um papel crucial em todo o processo de desenvolvimento, já que este é essencialmente um fenómeno cultural e a cultura nasce e se desenvolve nos diversos âmbitos da vida civil.
13. Como observava o meu venerado antecessor João Paulo II, a globalização « apresenta-se com uma acentuada característica de ambivalência »,(14) pelo que há- de ser dirigida com clarividente sabedoria. Faz parte de tal sabedoria ter em conta primariamente as exigências dos pobres da terra, superando o escândalo da desproporção que se verifica entre os problemas da pobreza e as medidas predispostas pelos homens para os enfrentar. A desproporção é de ordem tanto cultural e política como espiritual e moral. De facto, tais medidas detêm-se frequentemente nas causas superficiais e instrumentais da pobreza, sem chegar às que se abrigam no coração humano, como a avidez e a estreiteza de horizontes. Os problemas do desenvolvimento, das ajudas e da cooperação internacional são às vezes enfrentados sem um verdadeiro envolvimento das pessoas, mas apenas como questões técnicas que se reduzem à preparação de estruturas, elaboração de acordos tarifários, atribuição de financiamentos anónimos. Inversamente, a luta contra a pobreza precisa de homens e mulheres que vivam profundamente a fraternidade e sejam capazes de acompanhar pessoas, famílias e comunidades por percursos de autêntico progresso humano.
Conclusão
14. Na Encíclica Centesimus annus, João Paulo II advertia para a necessidade de « abandonar a mentalidade que considera os pobres – pessoas e povos – como um fardo e como importunos maçadores, que pretendem consumir tudo o que os outros produziram ». « Os pobres – escrevia ele – pedem o direito de participar no usufruto dos bens materiais e de fazer render a sua capacidade de trabalho, criando assim um mundo mais justo e mais próspero para todos ». No mundo global de hoje, resulta de forma cada vez mais evidente que só é possível construir a paz, se se assegurar a todos a possibilidade de um razoável crescimento: de facto, as consequências das distorções de sistemas injustos, mais cedo ou mais tarde, fazem-se sentir sobre todos. Deste modo, só a insensatez pode induzir a construir um palácio dourado, tendo porém ao seu redor o deserto e o degrado. Por si só, a globalização não consegue construir a paz; antes, em muitos casos, cria divisões e conflitos. A mesma põe a descoberto sobretudo uma urgência: a de ser orientada para um objectivo de profunda solidariedade que aponte para o bem de cada um e de todos. Neste sentido, a globalização há-de ser vista como uma ocasião propícia para realizar algo de importante na luta contra a pobreza e colocar à disposição da justiça e da paz recursos até agora impensáveis.
15. Desde sempre se interessou pelos pobres a doutrina social da Igreja. Nos tempos da Encíclica Rerum novarum, pobres eram sobretudo os operários da nova sociedade industrial; no magistério social de Pio XI, Pio XII, João XXIII, Paulo VI e João Paulo II, novas pobrezas foram vindo à luz à medida que o horizonte da questão social se alargava até assumir dimensões mundiais.(16) Este alargamento da questão social à globalidade não deve ser considerado apenas no sentido duma extensão quantitativa mas também dum aprofundamento qualitativo sobre o homem e as necessidades da família humana. Por isso a Igreja, ao mesmo tempo que segue com atenção os fenómenos actuais da globalização e a sua incidência sobre as pobrezas humanas, aponta os novos aspectos da questão social, não só em extensão mas também em profundidade, no que se refere à identidade do homem e à sua relação com Deus. São princípios de doutrina social que tendem a esclarecer os vínculos entre pobreza e globalização e a orientar a acção para a construção da paz. Dentre tais princípios, vale a pena recordar aqui, de modo particular, o « amor preferencial pelos pobres », à luz do primado da caridade testemunhado por toda a tradição cristã a partir dos primórdios da Igreja (cf. Act 4, 32-37; 1 Cor 16, 1; 2 Cor 8-9; Gal 2, 10).
« Cada um entregue-se à tarefa que lhe incumbe com a maior diligência possível » – escrevia em 1891 Leão XIII, acrescentando: « Quanto à Igreja, a sua acção não faltará em nenhum momento ». Esta consciência acompanha hoje também a acção da Igreja em favor dos pobres, nos quais vê Cristo, sentindo ressoar constantemente em seu coração o mandato do Príncipe da paz aos Apóstolos: « Vos date illis manducare – dai-lhes vós mesmos de comer » (Lc 9, 13). Fiel a este convite do seu Senhor, a Comunidade Cristã não deixará, pois, de assegurar o seu apoio à família humana inteira nos seus impulsos de solidariedade criativa, tendentes não só a partilhar o supérfluo, mas sobretudo a alterar « os estilos de vida, os modelos de produção e de consumo, as estruturas consolidadas de poder que hoje regem as sociedades ».(20) Assim, a cada discípulo de Cristo bem como a toda a pessoa de boa vontade, dirijo, no início de um novo ano, um caloroso convite a alargar o coração às necessidades dos pobres e a fazer tudo o que lhe for concretamente possível para ir em seu socorro. De facto, aparece como indiscutivelmente verdadeiro o axioma « combater a pobreza é construir a paz ».
Vaticano, 8 de Dezembro de 2008.
BENEDICTUS PP. XVI
BENTO XVI
PARA A CELEBRAÇÃO DO
DIA MUNDIAL DA PAZ
1 DE JANEIRO DE 2009
COMBATER A POBREZA, CONSTRUIR A PAZ
1. Desejo, também no início deste novo ano, fazer chegar os meus votos de paz a todos e, com esta minha Mensagem, convidá-los a reflectir sobre o tema: Combater a pobreza, construir a paz. Já o meu venerado antecessor João Paulo II, na Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 1993, sublinhara as repercussões negativas que acaba por ter sobre a paz a situação de pobreza em que versam populações inteiras. De facto, a pobreza encontra-se frequentemente entre os factores que favorecem ou agravam os conflitos, mesmo os conflitos armados. Estes últimos, por sua vez, alimentam trágicas situações de pobreza. « Vai-se afirmando (...), com uma gravidade sempre maior – escrevia João Paulo II –, outra séria ameaça à paz: muitas pessoas, mais ainda, populações inteiras vivem hoje em condições de extrema pobreza. A disparidade entre ricos e pobres tornou-se mais evidente, mesmo nas nações economicamente mais desenvolvidas. Trata-se de um problema que se impõe à consciência da humanidade, visto que as condições em que se encontra um grande número de pessoas são tais que ofendem a sua dignidade natural e, consequentemente, comprometem o autêntico e harmónico progresso da comunidade mundial ».
2. Neste contexto, combater a pobreza implica uma análise atenta do fenómeno complexo que é a globalização. Tal análise é já importante do ponto de vista metodológico, porque convida a pôr em prática o fruto das pesquisas realizadas pelos economistas e sociólogos sobre tantos aspectos da pobreza. Mas a evocação da globalização deveria revestir também um significado espiritual e moral, solicitando a olhar os pobres bem cientes da perspectiva que todos somos participantes de um único projecto divino: chamados a constituir uma única família, na qual todos – indivíduos, povos e nações – regulem o seu comportamento segundo os princípios de fraternidade e responsabilidade.
Em tal perspectiva, é preciso ter uma visão ampla e articulada da pobreza. Se esta fosse apenas material, para iluminar as suas principais características, seriam suficientes as ciências sociais que nos ajudam a medir os fenómenos baseados sobretudo em dados de tipo quantitativo. Sabemos porém que existem pobrezas imateriais, isto é, que não são consequência directa e automática de carências materiais. Por exemplo, nas sociedades ricas e avançadas, existem fenómenos de marginalização, pobreza relacional, moral e espiritual: trata-se de pessoas desorientadas interiormente, que, apesar do bem-estar económico, vivem diversas formas de transtorno. Penso, por um lado, no chamado « subdesenvolvimento moral » e, por outro, nas consequências negativas do « superdesenvolvimento ».Não esqueço também que muitas vezes, nas sociedades chamadas « pobres », o crescimento económico é entravado por impedimentos culturais, que não permitem uma conveniente utilização dos recursos. Seja como for, não restam dúvidas de que toda a forma de pobreza imposta tem, na sua raiz, a falta de respeito pela dignidade transcendente da pessoa humana. Quando o homem não é visto na integridade da sua vocação e não se respeitam as exigências duma verdadeira « ecologia humana »,desencadeiam-se também as dinâmicas perversas da pobreza, como é evidente em alguns âmbitos sobre os quais passo a deter brevemente a minha atenção.
Pobreza e implicações morais
3. A pobreza aparece muitas vezes associada, como se fosse sua causa, com o desenvolvimento demográfico. Em consequência disso, realizam-se campanhas de redução da natalidade, promovidas a nível internacional, até com métodos que não respeitam a dignidade da mulher nem o direito dos esposos a decidirem responsavelmente o número dos filhos e que muitas vezes – facto ainda mais grave – não respeitam sequer o direito à vida. O extermínio de milhões de nascituros, em nome da luta à pobreza, constitui na realidade a eliminação dos mais pobres dentre os seres humanos. Contra tal presunção, fala o dado seguinte: enquanto, em 1981, cerca de 40% da população mundial vivia abaixo da linha de pobreza absoluta, hoje tal percentagem aparece substancialmente reduzida a metade, tendo saído da pobreza populações caracterizadas precisamente por um incremento demográfico notável. O dado agora assinalado põe em evidência que existiriam os recursos para se resolver o problema da pobreza, mesmo no caso de um crescimento da população. E não se há-de esquecer que, desde o fim da segunda guerra mundial até hoje, a população da terra cresceu quatro mil milhões e tal fenómeno diz respeito, em larga medida, a países que surgiram recentemente na cena internacional como novas potências económicas e conheceram um rápido desenvolvimento graças precisamente ao elevado número dos seus habitantes. Além disso, dentre as nações que mais se desenvolveram, aquelas que detêm maiores índices de natalidade gozam de melhores potencialidades de progresso. Por outras palavras, a população confirma-se como uma riqueza e não como um factor de pobreza.
4. Outro âmbito de preocupação são as pandemias, como por exemplo a malária, a tuberculose e a SIDA, pois, na medida em que atingem os sectores produtivos da população, influem enormemente no agravamento das condições gerais do país. As tentativas para travar as consequências destas doenças na população nem sempre alcançam resultados significativos. E sucede além disso que os países afectados por algumas dessas pandemias se vêem, ao querer enfrentá-las, sujeitos a chantagem por parte de quem condiciona a ajuda económica à actuação de políticas contrárias à vida. Sobretudo a SIDA, dramática causa de pobreza, é difícil combatê-la se não se enfrentarem as problemáticas morais associadas com a difusão do vírus. É preciso, antes de tudo, fomentar campanhas que eduquem, especialmente os jovens, para uma sexualidade plenamente respeitadora da dignidade da pessoa; iniciativas realizadas nesta linha já deram frutos significativos, fazendo diminuir a difusão da SIDA. Depois há que colocar à disposição também das populações pobres os remédios e os tratamentos necessários; isto supõe uma decidida promoção da pesquisa médica e das inovações terapêuticas e, quando for preciso, uma aplicação flexível das regras internacionais de protecção da propriedade intelectual, de modo que a todos fiquem garantidos os necessários tratamentos sanitários de base.
5. Terceiro âmbito, que é objecto de atenção nos programas de luta contra a pobreza e que mostra a sua intrínseca dimensão moral, é a pobreza das crianças. Quando a pobreza atinge uma família, as crianças são as suas vítimas mais vulneráveis: actualmente quase metade dos que vivem em pobreza absoluta é constituída por crianças. O facto de olhar a pobreza colocando-se da parte das crianças induz a reter como prioritários os objectivos que mais directamente lhes dizem respeito, como por exemplo os cuidados maternos, o serviço educativo, o acesso às vacinas, aos cuidados médicos e à água potável, a defesa do ambiente e sobretudo o empenho na defesa da família e da estabilidade das relações no seio da mesma. Quando a família se debilita, os danos recaem inevitavelmente sobre as crianças. Onde não é tutelada a dignidade da mulher e da mãe, a ressentir-se do facto são de novo principalmente os filhos.
6. Quarto âmbito que, do ponto de vista moral, merece particular atenção é a relação existente entre desarmamento e progresso. Gera preocupação o actual nível global de despesa militar. É que, como já tive ocasião de sublinhar, « os ingentes recursos materiais e humanos empregados para as despesas militares e para os armamentos, na realidade, são desviados dos projectos de desenvolvimento dos povos, especialmente dos mais pobres e necessitados de ajuda. E isto está contra o estipulado na própria Carta das Nações Unidas, que empenha a comunidade internacional, e cada um dos Estados em particular, a ‘‘promover o estabelecimento e a manutenção da paz e da segurança internacional com o mínimo dispêndio dos recursos humanos e económicos mundiais para os armamentos'' (art. 26) ».
Uma tal conjuntura, longe de facilitar, obstaculiza seriamente a consecução dos grandes objectivos de desenvolvimento da comunidade internacional. Além disso, um excessivo aumento da despesa militar corre o risco de acelerar uma corrida aos armamentos que provoca faixas de subdesenvolvimento e desespero, transformando-se assim, paradoxalmente, em factor de instabilidade, tensão e conflito. Como sensatamente afirmou o meu venerado antecessor Paulo VI, « o desenvolvimento é o novo nome da paz ».(7) Por isso, os Estados são chamados a fazer uma séria reflexão sobre as razões mais profundas dos conflitos, frequentemente atiçados pela injustiça, e a tomar providências com uma corajosa autocrítica. Se se chegar a uma melhoria das relações, isso deverá consentir uma redução das despesas para armamentos. Os recursos poupados poderão ser destinados para projectos de desenvolvimento das pessoas e dos povos mais pobres e necessitados: o esforço despendido em tal direcção é um serviço à paz no seio da família humana.
7. Quinto âmbito na referida luta contra a pobreza material diz respeito à crise alimentar actual, que põe em perigo a satisfação das necessidades de base. Tal crise é caracterizada não tanto pela insuficiência de alimento, como sobretudo pela dificuldade de acesso ao mesmo e por fenómenos especulativos e, consequentemente, pela falta de um reajustamento de instituições políticas e económicas que seja capaz de fazer frente às necessidades e às emergências. A má nutrição pode também provocar graves danos psicofísicos nas populações, privando muitas pessoas das energias de que necessitam para sair, sem especiais ajudas, da sua situação de pobreza. E isto contribui para alargar a distância angular das desigualdades, provocando reacções que correm o risco de tornar-se violentas. Todos os dados sobre o andamento da pobreza relativa nos últimos decénios indicam um aumento do fosso entre ricos e pobres. Causas principais de tal fenómeno são, sem dúvida, por um lado a evolução tecnológica, cujos benefícios se concentram na faixa superior da distribuição do rendimento, e por outro a dinâmica dos preços dos produtos industriais, que crescem muito mais rapidamente do que os preços dos produtos agrícolas e das matérias primas na posse dos países mais pobres. Isto faz com que a maior parte da população dos países mais pobres sofra uma dupla marginalização, ou seja, em termos de rendimentos mais baixos e de preços mais altos.
Luta contra a pobreza e solidariedade global
8. Uma das estradas mestras para construir a paz é uma globalização que tenha em vista os interesses da grande família humana.(8) Mas, para guiar a globalização é preciso uma forte solidariedade global (9) entre países ricos e países pobres, como também no âmbito interno de cada uma das nações, incluindo ricas. É necessário um « código ético comum »,(10) cujas normas não tenham apenas carácter convencional mas estejam radicadas na lei natural inscrita pelo Criador na consciência de todo o ser humano (cf. Rm 2, 14-15). Porventura não sente cada um de nós, no íntimo da consciência, o apelo a dar a própria contribuição para o bem comum e a paz social? A globalização elimina determinadas barreiras, mas isto não significa que não possa construir outras novas; aproxima os povos, mas a proximidade geográfica e temporal não cria, de per si, as condições para uma verdadeira comunhão e uma paz autêntica. A marginalização dos pobres da terra só pode encontrar válidos instrumentos de resgate na globalização, se cada homem se sentir pessoalmente atingido pelas injustiças existentes no mundo e pelas violações dos direitos humanos ligadas com elas. A Igreja, que é « sinal e instrumento da íntima união com Deus e da unidade de todo o género humano »,(11) continuará a dar a sua contribuição para que sejam superadas as injustiças e incompreensões e se chegue a construir um mundo mais pacífico e solidário.
9. No campo do comércio internacional e das transacções financeiras, temos hoje em acção processos que permitem integrar positivamente as economias, contribuindo para o melhoramento das condições gerais; mas há também processos de sentido oposto, que dividem e marginalizam os povos, criando perigosas premissas para guerras e conflitos. Nos decénios posteriores à segunda guerra mundial, o comércio internacional de bens e serviços cresceu de forma extraordinariamente rápida, com um dinamismo sem precedentes na história. Grande parte do comércio mundial interessou os países de antiga industrialização, vindo significativamente juntar-se-lhes muitos países que sobressaíram tornando-se relevantes. Mas há outros países de rendimento baixo que estão ainda gravemente marginalizados dos fluxos comerciais. O seu crescimento ressentiu-se negativamente com a rápida descida verificada, nos últimos decénios, nos preços dos produtos primários, que constituem a quase totalidade das suas exportações. Nestes países, em grande parte africanos, a dependência das exportações de produtos primários continua a constituir um poderoso factor de risco. Quero reiterar aqui um apelo para que todos os países tenham as mesmas possibilidades de acesso ao mercado mundial, evitando exclusões e marginalizações.
10. Idêntica reflexão pode fazer-se a propósito do mercado financeiro, que toca um dos aspectos primários do fenómeno da globalização, devido ao progresso da electrónica e às políticas de liberalização dos fluxos de dinheiro entre os diversos países. A função objectivamente mais importante do mercado financeiro, que é a de sustentar a longo prazo a possibilidade de investimentos e consequentemente de desenvolvimento, aparece hoje muito frágil: sofre as consequências negativas de um sistema de transacções financeiras – a nível nacional e global – baseadas sobre uma lógica de brevíssimo prazo, que busca o incremento do valor das actividades financeiras e se concentra na gestão técnica das diversas formas de risco. A própria crise recente demonstra como a actividade financeira seja às vezes guiada por lógicas puramente auto-referenciais e desprovidas de consideração pelo bem comum a longo prazo. O nivelamento dos objectivos dos operadores financeiros globais para o brevíssimo prazo reduz a capacidade de o mercado financeiro realizar a sua função de ponte entre o presente e o futuro: apoio à criação de novas oportunidades de produção e de trabalho a longo prazo. Uma actividade financeira confinada no breve e brevíssimo prazo torna-se perigosa para todos, inclusivamente para quem consegue beneficiar dela durante as fases de euforia financeira.
11. Segue-se de tudo isto que a luta contra a pobreza requer uma cooperação nos planos económico e jurídico que permita à comunidade internacional e especialmente aos países pobres individuarem e actuarem soluções coordenadas para enfrentar os referidos problemas através da realização de um quadro jurídico eficaz para a economia. Além disso, requer estímulos para se criarem instituições eficientes e participativas, bem como apoios para lutar contra a criminalidade e promover uma cultura da legalidade. Por outro lado, não se pode negar que, na origem de muitos falimentos na ajuda aos países pobres, estão as políticas vincadamente assistencialistas. Investir na formação das pessoas e desenvolver de forma integrada uma cultura específica da iniciativa parece ser actualmente o verdadeiro projecto a médio e longo prazo. Se as actividades económicas precisam de um contexto favorável para se desenvolver, isto não significa que a atenção se deva desinteressar dos problemas do rendimento. Embora se tenha oportunamente sublinhado que o aumento do rendimento pro capite não pode de forma alguma constituir o fim da acção político-económica, todavia não se deve esquecer que o mesmo representa um instrumento importante para se alcançar o objectivo da luta contra a fome e contra a pobreza absoluta. Deste ponto de vista, seja banida a ilusão de que uma política de pura redistribuição da riqueza existente possa resolver o problema de maneira definitiva. De facto, numa economia moderna, o valor da riqueza depende em medida determinante da capacidade de criar rendimento presente e futuro. Por isso, a criação de valor surge como um elo imprescindível, que se há- de ter em conta se se quer lutar contra a pobreza material de modo eficaz e duradouro.
12. Colocar os pobres em primeiro lugar implica, finalmente, que se reserve espaço adequado para uma correcta lógica económica por parte dos agentes do mercado internacional, uma correcta lógica política por parte dos agentes institucionais e uma correcta lógica participativa capaz de valorizar a sociedade civil local e internacional. Hoje os próprios organismos internacionais reconhecem o valor e a vantagem das iniciativas económicas da sociedade civil ou das administrações locais para favorecer o resgate e a integração na sociedade daquelas faixas da população que muitas vezes estão abaixo do limiar de pobreza extrema mas, ao mesmo tempo, dificilmente se consegue fazer-lhes chegar as ajudas oficiais. A história do progresso económico do século XX ensina que boas políticas de desenvolvimento são confiadas à responsabilidade dos homens e à criação de positivas sinergias entre mercados, sociedade civil e Estados. Particularmente a sociedade civil assume um papel crucial em todo o processo de desenvolvimento, já que este é essencialmente um fenómeno cultural e a cultura nasce e se desenvolve nos diversos âmbitos da vida civil.
13. Como observava o meu venerado antecessor João Paulo II, a globalização « apresenta-se com uma acentuada característica de ambivalência »,(14) pelo que há- de ser dirigida com clarividente sabedoria. Faz parte de tal sabedoria ter em conta primariamente as exigências dos pobres da terra, superando o escândalo da desproporção que se verifica entre os problemas da pobreza e as medidas predispostas pelos homens para os enfrentar. A desproporção é de ordem tanto cultural e política como espiritual e moral. De facto, tais medidas detêm-se frequentemente nas causas superficiais e instrumentais da pobreza, sem chegar às que se abrigam no coração humano, como a avidez e a estreiteza de horizontes. Os problemas do desenvolvimento, das ajudas e da cooperação internacional são às vezes enfrentados sem um verdadeiro envolvimento das pessoas, mas apenas como questões técnicas que se reduzem à preparação de estruturas, elaboração de acordos tarifários, atribuição de financiamentos anónimos. Inversamente, a luta contra a pobreza precisa de homens e mulheres que vivam profundamente a fraternidade e sejam capazes de acompanhar pessoas, famílias e comunidades por percursos de autêntico progresso humano.
Conclusão
14. Na Encíclica Centesimus annus, João Paulo II advertia para a necessidade de « abandonar a mentalidade que considera os pobres – pessoas e povos – como um fardo e como importunos maçadores, que pretendem consumir tudo o que os outros produziram ». « Os pobres – escrevia ele – pedem o direito de participar no usufruto dos bens materiais e de fazer render a sua capacidade de trabalho, criando assim um mundo mais justo e mais próspero para todos ». No mundo global de hoje, resulta de forma cada vez mais evidente que só é possível construir a paz, se se assegurar a todos a possibilidade de um razoável crescimento: de facto, as consequências das distorções de sistemas injustos, mais cedo ou mais tarde, fazem-se sentir sobre todos. Deste modo, só a insensatez pode induzir a construir um palácio dourado, tendo porém ao seu redor o deserto e o degrado. Por si só, a globalização não consegue construir a paz; antes, em muitos casos, cria divisões e conflitos. A mesma põe a descoberto sobretudo uma urgência: a de ser orientada para um objectivo de profunda solidariedade que aponte para o bem de cada um e de todos. Neste sentido, a globalização há-de ser vista como uma ocasião propícia para realizar algo de importante na luta contra a pobreza e colocar à disposição da justiça e da paz recursos até agora impensáveis.
15. Desde sempre se interessou pelos pobres a doutrina social da Igreja. Nos tempos da Encíclica Rerum novarum, pobres eram sobretudo os operários da nova sociedade industrial; no magistério social de Pio XI, Pio XII, João XXIII, Paulo VI e João Paulo II, novas pobrezas foram vindo à luz à medida que o horizonte da questão social se alargava até assumir dimensões mundiais.(16) Este alargamento da questão social à globalidade não deve ser considerado apenas no sentido duma extensão quantitativa mas também dum aprofundamento qualitativo sobre o homem e as necessidades da família humana. Por isso a Igreja, ao mesmo tempo que segue com atenção os fenómenos actuais da globalização e a sua incidência sobre as pobrezas humanas, aponta os novos aspectos da questão social, não só em extensão mas também em profundidade, no que se refere à identidade do homem e à sua relação com Deus. São princípios de doutrina social que tendem a esclarecer os vínculos entre pobreza e globalização e a orientar a acção para a construção da paz. Dentre tais princípios, vale a pena recordar aqui, de modo particular, o « amor preferencial pelos pobres », à luz do primado da caridade testemunhado por toda a tradição cristã a partir dos primórdios da Igreja (cf. Act 4, 32-37; 1 Cor 16, 1; 2 Cor 8-9; Gal 2, 10).
« Cada um entregue-se à tarefa que lhe incumbe com a maior diligência possível » – escrevia em 1891 Leão XIII, acrescentando: « Quanto à Igreja, a sua acção não faltará em nenhum momento ». Esta consciência acompanha hoje também a acção da Igreja em favor dos pobres, nos quais vê Cristo, sentindo ressoar constantemente em seu coração o mandato do Príncipe da paz aos Apóstolos: « Vos date illis manducare – dai-lhes vós mesmos de comer » (Lc 9, 13). Fiel a este convite do seu Senhor, a Comunidade Cristã não deixará, pois, de assegurar o seu apoio à família humana inteira nos seus impulsos de solidariedade criativa, tendentes não só a partilhar o supérfluo, mas sobretudo a alterar « os estilos de vida, os modelos de produção e de consumo, as estruturas consolidadas de poder que hoje regem as sociedades ».(20) Assim, a cada discípulo de Cristo bem como a toda a pessoa de boa vontade, dirijo, no início de um novo ano, um caloroso convite a alargar o coração às necessidades dos pobres e a fazer tudo o que lhe for concretamente possível para ir em seu socorro. De facto, aparece como indiscutivelmente verdadeiro o axioma « combater a pobreza é construir a paz ».
Vaticano, 8 de Dezembro de 2008.
BENEDICTUS PP. XVI
Dia 03 - Memória do Beato Ciriaco Elias Chavara - presb.
O beato Ciríaco Elias Chavara, co-fundador e primeiro prior geral da Congregação dos Carmelitas de Maria Imaculada, nasceu em Kainakary, localidade do Estado de Kerala (Índia), no dia 10 de fevereiro de 1805. Ingressou no seminário em 1818. Ordenou-se sacerdote em 1829. Fundou o primeiro convento da congregação em Mannanam em 1831. Emitiu os votos religiosos em 1855. Colaborou, também, na fundação do Instituto das Irmãs da Mãe do Carmelo em 1866. Foi vigário geral da Igreja sírio-malabar desde 1861. Opôs-se, como campeão da unidade eclesial, ao cisma de Mar Rokos. Dedicou sua vida inteira à renovação espiritual da comunidade cristã sírio-malabar. Foi, antes de tudo, um homem de oração. Sentiu um ardente amor a Jesus sacramentado. Professou uma especial devoção à Virgem Maria Imaculada. Entregou sua alma a Deus em Koonammavu em 1871. Seus restos mortais foram transladados para Mannanam em 1889.
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