TERESA , REFORMADORA DO CARMELO
Em 1560 – quando encontra na
plenitude dos seus 45 anos – como fruto de uma intensa evolução espiritual,
Teresa, numa pequena reunião de monjas e piedosas senhoras de Ávila em sua
cela, onde falavam sobre a vida dos primeiros Carmelitas que viviam como
eremitas, ouviu, meio em tom de brincadeira, a sugestão de fundar um pequeno
Convento, constituir uma pequena comunidade, de poucas monjas — 13 por princípio,
a exemplo do Colégio apostólico, Jesus mais os 12 apóstolos! Mais tarde ela
mesma ampliou para 21 monjas.— onde o mais fielmente possível se reproduzisse o
estilo de vida dos patriarcas do Monte Carmelo, observando-se a clausura
estrita o silêncio e a pobreza absoluta, coisa estranha ao Mosteiro da
Encarnação onde viviam, na época da santa, umas 180 religiosas, sem estrita
clausura; e por causa da carência da Comunidade as monjas podiam sair para
pedir esmolas; os leigos tinham acesso ao interior do Mosteiro e por isso,
muitos abusos e relaxamentos foram introduzidos.
Na realização deste projeto, recebe
do céu uma confirmação. Deixemos que ela mesma nos conte: “Certo dia depois da
Comunhão, Sua Majestade me ordenou expressamente que me dedicasse a esse
empreendimento com todas as minhas forças, prometendo-me que o Mosteiro não
deixaria de ser feito e dizendo que ali seria muito bem servido. Disse-me que
deveria ser dedicado a São José; esse santo glorioso nos guardaria uma porta, e
Nossa Senhora, a outra; Cristo andaria ao nosso lado, e a casa seria UMA
ESTRELA DA QUAL SAIRIA UM GRANDE RESPLENDOR...” (Cf. Vida, 32,11). Recebeu
também ajuda e aprovação de seus confessores, especialmente de São Pedro de
Alcântara, que influiu na determinação de uma pobreza absoluta.
A 24 de agosto de 1562, o repique de
uma campainha anuncia a fundação do Mosteiro São José, em Ávila e a tomada de
hábito das 4 primeiras Carmelitas Descalças. O gesto de Teresa desagradou seus
Superiores da Ordem Carmelita e o novo Mosteiro teve a oposição do Conselho da
cidade. Teresa teve que voltar ao Convento da Encarnação. O Mosteiro de São
José, corria o perigo de ser suprimido pela autoridade civil. Tudo parecia
perdido. Depois de uns meses de luta, vence Teresa. Em fins de 1562, o Conselho
aprova a fundação; o Superior lhe permite regressar ao seu Convento; um
Documento de Roma lhe dá amplas faculdades de FUNDADORA e legisladora.
O ambiente daquele “pombalzinho da
Virgem” é maravilhoso. Mas logo o Senhor tira dali Teresa, convertendo-a em
“mulher inquieta e andarilha” para que semeie em toda a Espanha Mosteiros como
este. Desde 1567, até sua morte em 1582, fundou 17 Mosteiros femininos e 13
masculinos por toda a Espanha, que ficariam conhecidos como os dos CARMELITAS
DESCALÇOS, por seguirem a primitiva observância, baseada no rigor e na pobreza.
Por algum tempo, realmente, andaram descalços.
POR QUE CARMELITAS DESCALÇOS?
Era expressão e símbolo de pobreza e
despojamento interior. Mais tarde, a prudência de Santa Teresa optou pelas
sandálias de cordas que na época eram calçados muito pobres.
“Como Moisés, quando apascentava o
rebanho, também nós somos chamados por Deus no deserto. Deus chama- nos pelo
nome, assim como outrora chamou a ele: "MOISÉS, MOISÉS, TIRA AS SANDÁLIAS
DOS TEUS PÉS, PORQUE O LUGAR EM QUE TE ENCONTRAS É TERRA SAGRADA". Assim
nós hoje, para nos aproximarmos de Deus é preciso crer, despojar-se, DESCALÇAR-SE.
Então, o Deus do Horeb se nos revelará, na intimidade de nosso ser, para nos
tornar uma nova criatura: UM SANTO!