SÃO
JOÃO DA CRUZ (1542-1591)
Nasceu em Fontiveros (Espanha), em 1542.
Fez-se Carmelita em Medina del Campo, no ano de 1563. Ajudou Teresa de Jesus em
sua obra desde a primeira fundação dos Frades Descalços, em Duruelo, em 28 de
novembro de 1568. Estando doente em Úbeda, “foi cantar matinas no céu”, na
noite de 13 de dezembro de 1591. É guia indiscutível nos caminhos do espírito.
Pio XI conferiu-lhe o título de Doutor da Igreja em 24 de agosto de 1926.
São João da Cruz é pai e mestre
espiritual do Carmelo Descalço, doutor da vida cristã no seu dinamismo
teologal, cantor da formosura de Deus e da beleza da criação. A sua lembrança
torna-se, hoje, liturgia viva. Através do louvor divino, sua oração, sua
poesia, seu canto eterno de glória torna-se alimento e oração do Carmelo
Descalço peregrino aqui na terra. Sua doutrina é uma expressão viva do
Evangelho, por isso, a Palavra de Deus ilumina a sua experiência, e seus
ensinamentos têm alcances inimagináveis na meditação dessa Palavra.
Escreveu obras de grande importância na
espiritualidade: Cântico Espiritual, Subida do Monte Carmelo, Noite Escura,
Chama Viva de Amor e outros escritos menores.
São João da Cruz apresenta-nos a vida de
intimidade com Deus como o caminho para a verdadeira liberdade. Ele pensa esse
caminho de união com Deus como o ato de escalar uma alta montanha a qual chama
de Carmelo. A subida é fácil no início, mas na medida em que se sobe torna-se
mais difícil. Por isso, os que chegam ao topo são sempre uns poucos e corajosos
que tem a ousadia de enfrentar as dificuldades sem desanimar. O convite é ao
caminho central onde está escrito por todo lado: nada, nada, nada, nada,
nada... O nada de João da Cruz não é negativo, mas é positivo: é necessário
negar a tudo para possuir o Tudo.
MONTE DA
PERFEIÇÃO
Para vir a
saborear TUDO – não queiras ter gosto em NADA.
Para vir a saber
TUDO - não queiras saber algo em NADA.
Para vir a
possuir TUDO – não queiras possuir algo em NADA.
Para vir a ser
TUDO – não queiras se algo em NADA.
Para vir ao que
não GOSTAS – hás de ir por onde não GOSTAS.
Para vir ao que
não SABES – hás de ir por onde não SABES.
Para vir a
possuir o que não POSSUIS – hás de ir por onde não POSSUIS.
Para chegar ao
que não ÉS – hás de ir por onde não ÉS.
Quando reparas
em algo – deixas de arrogar-te ao todo.
Para vir de todo
ao todo - hás de deixar-te de todo em
tudo.
E quando venhas
de todo a ter – hás de tê-lo sem nada querer.
Nesta desnudez
encontra o espírito o seu descanso,
pois nada
cobiçando, nada o impele para cima e
nada o oprime
para baixo,
porque está no
centro da sua humildade.
A sua doutrina parece ser dura, mas, na
verdade não o é. É o santo do amor. “O amor não cansa e nem se cansa” nos
ensina esse grande carmelita descalço. Somente o amor tem sentido: “no
entardecer da vida seremos julgados sobre o amor”.