Celebração Eucaristica por Todos os Defuntos Carmelitas
Celebramos com o Frei Javier Sancho a Eucaristia por todos os defuntos da Ordem do Carmelo. Ele presidiu a celebração realizado no Convento São João da Cruz com as duas coumindades presentes em BH e membros da Ordem Secular.
Formação sobre Santa Teresa Benedita da Cruz, com o Frei Javier Sancho em Belo Horizonte
Frei Javeir Sancho nos presenteia com o seu conhecimento sobre Edith Stein ajudando-nos em nossa formação sobre sua vida e seus escritos. Ontem podemos perceber a riqueza de sua vida, desde a infância, pois Frei Javier apresentou o contexto familiar-social-cultural em que a Santa viveu e formou o seu caráter.
Estão aproveitando esta rica formação os frades do convento de Filosofia, Teologia, o pré-noviço Athos e alguns membros da Ordem Secular.
Comemoração de todos os fiéis defuntos carmelitas - 15 de novembro
O amor a Cristo e a comum vocação ao serviço da Virgem Maria que unem todos os Carmelitas como irmãos, enquanto, vivem nesta terra, não terminam com a morte, mas levam-nos a inter¬ceder com amor de solicitude fraterna pêlos Carmelitas que termi¬naram a sua carreira nesta vida e ainda esperam a gloriosa e imperturbável visão do Senhor Deus da glória.
A oração comum de toda a Ordem implora ao Senhor a misericórdia para todos aqueles que nesta vida foram da família do Carmo, religiosos, religiosas, leigos no mundo, e todos quantos estiveram ligados à Ordem por laços de vocação, de amizade, benfeitores, ou simplesmente unidos pelo Escapulário.
Rezamos para que por intercessão de Maria, sinal de esperança certa e de consolação segura, se associem nos Céus, à grande família carmelitana dos santos e eleitos que já contempla Deus face a face.
É também de notar que para além desta comemoração especial, cada comunidade carmelita, um dia por mês, dedica-o a rezar pêlos defuntos da Ordem, e, todas as noites, depois da ceia, reza pêlos familiares, amigos benfeitores e irmãos da Ordem, vivos e defuntos.
Oração
Senhor Deus,
criador e redentor nosso,
glória dos vossos fiéis,
concedei aos nossos irmãos defuntos,
a quem nos une o mesmo Baptismo e o mesmo chamamento
e vocação à família do Carmo,
graça de Vos comtemplarem eternamente
como prémio das suas vidas consagradas
ao serviço de Cristo e da Virgem Maria.
Os Santos do Carmelo constituem uma grande multidão de irmãos que consagraram a sua vida a Deus, seguindo os ensinamentos do seu Filho e imitando a sua vida, e se entregaram ao serviço da Virgem Maria na oração, na abnegação evangélica, no amor aos irmãos, a ponto de alguns terem derramado o seu sangue. Eremitas do monte Carmelo, mendicantes da Idade Média, mestres e pregadores, missionários e mártires, religiosas que enriqueceram o povo de Deus com a misteriosa fecundidade da sua vida contemplativa, apostólica e docente, leigos que na sua vida souberam encarnar o espírito da Ordem: esta é a grande família carmelita que, enquanto peregrina, se dedicou à prática assídua da oração e que, tendo terminado a sua prova no estádio deste mundo, e tendo-nos deixado o seu exemplo, agora celebra a liturgia celeste. Unidos a esta grande família, e na esperança de nos virmos associar a ela, celebramos e antegozamos, por meio desta festa, as alegrias eternas dos santos que Deus conduziu ao seu monte para os introduzir na sua Casa de Oração. O exemplo e a intercessão destas almas de oração é para nós um estímulo a vivermos a nossa vocação carmelita em obséquio de Jesus Cristo e na imitação da nossa Mãe e Rainha, Flor do Carmelo, Padroeira e Esperança de todos os carmelitas. Esta festa, já mencionada por Inocêncio VIII em 16 de Julho de 1492, estendeu-se à Ordem em 1672.
Convocação do Capítulo Geral em Portugal
O P. Geral já convocou formalmente todos os capitulares para o próximo Capitulo Geral Ordinário, a relizar na «Domus Carmeli», em Fátima, entre os dias 17 de Abril e 8 de Maio de 2009. Será o 90º Capítulo na história da Ordem e o primeiro a realizar-se em Portugal. Serão 106 carmelitas descalços, entre os superiores provinciais ou representantes de zonas e os delegados das várias províncias. Haverá ainda uma equipa técnica de apoio com cerca de 20 elementos.
O P. Geral, Luis Arostegui, pede as orações de toda a Ordem para este acontecimento de graça na vida desta grande família eclesial.
Elisabete da Trindade é uma jovem carmelita descalça, cheia de vida e de entusiasmo. Ao longo dos seus 26 anos de vida, soube vivenciar o mistério da Trindade que habita no coração humano.
Elisabete nasceu em um acampamento militar, no campo de Avor, perto de Bourges, França, pois seu pai era capitão do exército francês. Desde muito cedo Elisabete mostrou ser uma criança turbulenta, muito viva, faladora, precoce e de temperamento colérico. Sua mãe conta: “ Quando tinha apenas 1 ano, já se manifestava sua natureza ardente e colérica”. Sua irmã chega mesmo a dizer que era tão violenta que os familiares a ameaçavam enviar para uma casa de correção. No entanto, sua mãe, atenta, soube modelar a fúria de Elisabete e fazer sobressair nela a ternura. E de tal maneira a ternura ganhou terreno que o maior castigo de Elisabete acontecia quando sua mãe, à noite, se despedia dela sem lhe dar um beijo. Então, Elisabete compreendia que não tinha se portado bem, e, meditando fazia exame de consciência e corrigia-se. Ainda Elisabete era uma criança quando a família se mudou para a cidade de Dijon. Aqui Elisabete, com apenas 7 anos e 2 meses, perdeu o pai tão querido que a morte lhe roubou.
O dia da primeira comunhão, a 19 de abril de 1891, foi “o grande dia” da vida de Elisabete, tinha então 10 anos, pois nascera no dia 18 de julho de 1880. Chora de alegria. Ao sair da igreja, ao descer as escadas diz à sua amiguinha Marie-Louise Hallo: “ Não tenho fome, Jesus saciou-me” ...
Estudou piano desde os 8 anos de idade no Conservatório vindo a tornar-se uma “excelente pianista” segundo a expressão do seu professor de música. Participou em concertos organizados, e, os jornais falaram do seu grande talento ainda mal a menina chegava aos pedais do piano. Entre as músicas e os festivais, entre os bailes, as férias e as diversões foram decorrendo os anos de Elisabete.
Estava perto dos catorze anos de idade quando se sentiu irresistivelmente atraída por Jesus. Escreve futuramente: “ Ia fazer catorze anos, quando um dia, durante uma ação de graças, me senti irresistivelmente inspirada a escolher Jesus como único esposo e imediatamente a Ele me liguei por um voto de virgindade. Não nos dissemos nada, mas entregamo-nos um ao outro de tal maneira que a resolução de lhe pertencer totalmente tornou-se em mim ainda mais definitiva”. Aos 18 anos sua mãe pretendeu casá-la com esplêndido noivo, mais Elisabete responde: “ o meu coração já não está livre, dei-o ao Rei do reis, já dele não posso dispor”. O desgosto da mãe foi grande. Mas foi mais amargo quando soube que Elisabete queria entrar para o Carmelo, onde tantas vezes tinham entrado e que ficava ali apenas 200 metros de sua casa. Entre lágrimas a mãe apenas consentiria na entrada do filha no Carmelo quando essa alcançasse a maioridade, aos 21 anos de idade. A rapariga vai regularmente visitar a prioresa Maria de Jesus. Ali encontra também o padre Vallée, superior dos dominicanos de Dijon, que a encoraja muito: “Elisabete espera com todo o seu coração os seus 21 anos: então poderá subir essa montanha solitária que parece um cantinho do céu”. Certo dia Elisabete declara: “ Se soubésseis tudo o que sofro ao ver minha querida mãe desolada ao aproximarem-se os meus vinte e um anos.... Ela sofre várias influências: um dia diz-me uma coisa, no dia seguinte é o contrário.... Como é doloroso fazer sofrer aqueles que amamos, mas é por Ele! Se Ele não me ajudasse, em certos momentos pergunto o que seria de mim, mas Ele está comigo, e com Ele tudo posso”. E escreve ainda:
Oh !
Depressa responderei ao teu
chamamento, dentro em pouco
serei toda sua, dentro em breve
direi adeus a tudo o que amo.
Ah !, o sacrifício já esta feito,
o meu coração está desligado de
tudo, nada lhe custa fazer por
Ti.
Mas há um sacrifício doloroso
ao meu coração,
um sacrifício para o qual Te
peço para me ajudares:
é a minha mãe, a minha irmã.
Estou feliz por ter um
verdadeiro sacrifício para Te
oferecer.
Porque Tu, cumulaste-me de
presentes e eu, que tenho para
te trazer ?
Tão pouca coisa e esse pouco,
é ainda um dos teus dons.
Ah ! Pelo menos ofereço-te um
coração que a nada mais
aspira senão a partilhar os Teus
sofrimentos, um coração que só
vive para Ti, que só te quer a Ti
que há tantos anos só aspira a
ser Teu...
No dia 2 de agosto de 1901, Elisabete entra definitivamente nessa bela montanha do Carmo que pela sua solidão e beleza atrai irresistivelmente. A partir de então o seu nome será Irmã Elisabete da Santíssima Trindade. “ Gosto tanto do mistério da Santíssima Trindade ! É um abismo no qual me perco. Deus em mim, eu n´Ele. É o grande sonho da minha vida. Para uma carmelita viver é estar em comunhão com Deus desde a manhã até à noite, e desde a noite até de manhã. Se Deus não enchesse as nossas celas e os nossos claustros, oh!, como tudo seria vazio ! Mas é Ele que enche toda a nossa vida fazendo dela um céu antecipado”.
A irmã Elisabete tomou o hábito a 8 de Dezembro de 1901. Iniciada a vida de noviciado a paz e a felicidade mudou-se em noite escura. No decurso do ano de 1902, o sofrimento interior visita Elisabete. Está numa grande neblina. Há dias de confusão e, em certas horas a angústia e a tempestade. Mas ela ama o Crucificado ressuscitado e entrega-se a Ele cegamente. Foi o momento da purificação interior. Os seus escritos relatam a felicidade de acreditar no seu amor e de O seguir. A sua noite ilumina-se com as claridades da fé e da confiança, como ela explica nesse mesmo ano à senhora de Sourdon: “O abandono, eis o que nos entrega a Deus. Sou muito nova, mas parece-me que algumas vezes sofri bastante. Oh ! Então quando tudo se obscurecia, quando o presente era tão doloroso e o futuro me aparecia ainda mais sombrio, fechava os olhos e abandonava-me como uma criança nos braços desse Pai que está nos céus...” Com a profissão religiosa, que fez a 11 de janeiro de 1903, recobrou a paz e a serenidade interior. Depressa a Irmã Elisabete descobriu a sua vocação. Lendo São Paulo descobriu que ela devia ser o “louvor da glória de Deus”. Esta idéia e esta vocação serão o rumo e o norte de Elisabete da Santíssima Trindade: “louvor e glória” é uma alma que mora em Deus e o ama com amor puro, amante do silêncio qual lira mantida sobre o toque misterioso do Espírito Santo, fazendo sair de si harmonias divinas”.
“Louvor e glória” é uma alma que contempla a Deus em fé simples e permanece como um eco perene do eterno cântico celeste. O segredo da felicidade é não se preocupar consigo mesmo, é negar-se em todo o momento”.
Seguindo o caminho que é Cristo a Irmã Elisabete entrou no mistério de Deus através de Maria a quem gosta de chamar a Porta do céu. Seguindo a nossos pais e mestres Teresa de Jesus e, sobretudo João da Cruz, de quem constantemente fala nos seus escritos, Elisabete mergulha no mistério das Três Pessoas Divinas, nesse Oceano sem fundo que é a Santíssima Trindade e que ela sente envolve-la por dentro e por fora. Tal como São João da Cruz se sentiu fascinado pela formosura de Deus, também Elisabete da Trindade se sente atraída pela beleza de Deus. Elisabete gostava de ver o sol penetrar nos claustros e recordar aquela comparação de Santa Teresa: “ Santa Teresa diz que a alma é como um cristal no qual se reflete a Divindade. Gosto tanto desta comparação e, quando vejo o sol invadir os nossos claustros com os seus raios, penso que Deus invade a alma que O procura !” A nossa irmã deixou-nos escrito acerca do tempo depois da sua profissão: “ cada dia da minha vida de esposa me parece mais belo, mais luminosos, mais envolto em paz e amor”.
Mas foi a vivência total daquela frase de São João da Cruz: “ a alma perfeita e unida a Deus em tudo encontra alegria e motivo de deleite até naquilo que entristece os outros, e sobretudo alegra-se na cruz” que levou a Irmã Elisabete a perder-se em Deus como uma gota de água no Oceano, segundo a sua própria expressão. Foi perfeito louvor da glória de Deus, por isso, apenas com 26 anos se encontrava preparada para voar para a paz: “ tudo é calma, tudo fica tranqüilo e é tão bom, a paz do Senhor”.
Nos fins de março de 1906, a Irmã foi colocada na enfermaria. Sentia-se feliz por morrer carmelita. As Irmãs rezavam pela sua cura e Elisabete juntou o seu pedido às orações da comunidade, mas sentiu que Jesus lhe dizia que os ofícios da terra já não eram para ela.
No final de outubro de 1906 Elisabete escreve:
No declinar da vida só resta o amor
À luz da eternidade, a alma vê as coisas na sua verdadeira imagem;
Oh, como tudo é inútil, o que não foi feito por Deus e com Deus !
Peço-vos, oh, marcai tudo com o selo do amor !
Só isso resta.
Porque a vida é uma coisa muito séria: cada minuto nos é dado
para nos “enraizarmos” mais em Deus, segundo a expressão de
São Paulo, para que a semelhança com o nosso divino Modelo seja
mais viva, a união mais íntima.
Mas para realizar esse plano que é do próprio Deus,
eis o segredo: esquecermo-nos de nós, abandonarmo-nos, não
nos importarmos conosco, olhar o Mestre, olhar apenas para Ele,
receber igualmente como vindos diretamente do seu amor,
a alegria ou a dor; Isso estabelece a alma numas regiões tão serenas !...
Deixo-vos a minha fé na presença de Deus, do Deus todo amor
que habita nas almas.
Confio-vo-lo: é essa intimidade com Ele “cá dentro”,
que foi o belo sol irradiante da minha vida, sendo como que um
Céu antecipado; é o que me ajuda hoje no sofrimento.
Não tenho medo da minha fraqueza, é ela que me dá confiança,
porque o Forte está em mim e a sua virtude é poderosa;
ela opera, diz o Apóstolo, além do que podemos esperar !
No dia 1 de novembro comungou pela última vez e dois dias antes da sua morte disse ao seu médico: “é provável que dentro de dois dias esteja no seio da Santíssima Trindade. É a Virgem Maria, aquele ser tão luminoso, tão puro, com a pureza do mesmo Deus, quem me levará pela mão e me introduzirá no céu tão deslumbrante”.
Alguns dias antes de sua morte, Elisabete disse às sua Irmãs esta frase tão bela e que ficou célebre: “ Tudo passa ! No declinar da vida só o amor nos resta...” Frase que se parece com aquela outra de São João da Cruz, também muito bela e conhecida: “à tarde serás examinado no amor”. A sua última noite foi terrivelmente penosa, pois às suas horríveis dores juntou-se-lhe também a falta de ar, mas ao amanhecer Elisabete sossegou, e inclinando a cabeça abriu os olhos, e exclamou: “vou para a Luz, para o Amor, para a Vida”, e adormeceu para sempre. Era a madrugada do dia 9 de novembro de 1906.
Parece-me que no Céu
a minha missão será atrair as almas
ajudando-as a sair de si
para se unirem a Deus
por um movimento bem simples e amoroso
e a guardá-las
nesse grande silêncio interior
que permite a Deus
imprimir-se nelas
transformando-as em si
Elisabete nasceu em um acampamento militar, no campo de Avor, perto de Bourges, França, pois seu pai era capitão do exército francês. Desde muito cedo Elisabete mostrou ser uma criança turbulenta, muito viva, faladora, precoce e de temperamento colérico. Sua mãe conta: “ Quando tinha apenas 1 ano, já se manifestava sua natureza ardente e colérica”. Sua irmã chega mesmo a dizer que era tão violenta que os familiares a ameaçavam enviar para uma casa de correção. No entanto, sua mãe, atenta, soube modelar a fúria de Elisabete e fazer sobressair nela a ternura. E de tal maneira a ternura ganhou terreno que o maior castigo de Elisabete acontecia quando sua mãe, à noite, se despedia dela sem lhe dar um beijo. Então, Elisabete compreendia que não tinha se portado bem, e, meditando fazia exame de consciência e corrigia-se. Ainda Elisabete era uma criança quando a família se mudou para a cidade de Dijon. Aqui Elisabete, com apenas 7 anos e 2 meses, perdeu o pai tão querido que a morte lhe roubou.
O dia da primeira comunhão, a 19 de abril de 1891, foi “o grande dia” da vida de Elisabete, tinha então 10 anos, pois nascera no dia 18 de julho de 1880. Chora de alegria. Ao sair da igreja, ao descer as escadas diz à sua amiguinha Marie-Louise Hallo: “ Não tenho fome, Jesus saciou-me” ...
Estudou piano desde os 8 anos de idade no Conservatório vindo a tornar-se uma “excelente pianista” segundo a expressão do seu professor de música. Participou em concertos organizados, e, os jornais falaram do seu grande talento ainda mal a menina chegava aos pedais do piano. Entre as músicas e os festivais, entre os bailes, as férias e as diversões foram decorrendo os anos de Elisabete.
Estava perto dos catorze anos de idade quando se sentiu irresistivelmente atraída por Jesus. Escreve futuramente: “ Ia fazer catorze anos, quando um dia, durante uma ação de graças, me senti irresistivelmente inspirada a escolher Jesus como único esposo e imediatamente a Ele me liguei por um voto de virgindade. Não nos dissemos nada, mas entregamo-nos um ao outro de tal maneira que a resolução de lhe pertencer totalmente tornou-se em mim ainda mais definitiva”. Aos 18 anos sua mãe pretendeu casá-la com esplêndido noivo, mais Elisabete responde: “ o meu coração já não está livre, dei-o ao Rei do reis, já dele não posso dispor”. O desgosto da mãe foi grande. Mas foi mais amargo quando soube que Elisabete queria entrar para o Carmelo, onde tantas vezes tinham entrado e que ficava ali apenas 200 metros de sua casa. Entre lágrimas a mãe apenas consentiria na entrada do filha no Carmelo quando essa alcançasse a maioridade, aos 21 anos de idade. A rapariga vai regularmente visitar a prioresa Maria de Jesus. Ali encontra também o padre Vallée, superior dos dominicanos de Dijon, que a encoraja muito: “Elisabete espera com todo o seu coração os seus 21 anos: então poderá subir essa montanha solitária que parece um cantinho do céu”. Certo dia Elisabete declara: “ Se soubésseis tudo o que sofro ao ver minha querida mãe desolada ao aproximarem-se os meus vinte e um anos.... Ela sofre várias influências: um dia diz-me uma coisa, no dia seguinte é o contrário.... Como é doloroso fazer sofrer aqueles que amamos, mas é por Ele! Se Ele não me ajudasse, em certos momentos pergunto o que seria de mim, mas Ele está comigo, e com Ele tudo posso”. E escreve ainda:
Oh !
Depressa responderei ao teu
chamamento, dentro em pouco
serei toda sua, dentro em breve
direi adeus a tudo o que amo.
Ah !, o sacrifício já esta feito,
o meu coração está desligado de
tudo, nada lhe custa fazer por
Ti.
Mas há um sacrifício doloroso
ao meu coração,
um sacrifício para o qual Te
peço para me ajudares:
é a minha mãe, a minha irmã.
Estou feliz por ter um
verdadeiro sacrifício para Te
oferecer.
Porque Tu, cumulaste-me de
presentes e eu, que tenho para
te trazer ?
Tão pouca coisa e esse pouco,
é ainda um dos teus dons.
Ah ! Pelo menos ofereço-te um
coração que a nada mais
aspira senão a partilhar os Teus
sofrimentos, um coração que só
vive para Ti, que só te quer a Ti
que há tantos anos só aspira a
ser Teu...
No dia 2 de agosto de 1901, Elisabete entra definitivamente nessa bela montanha do Carmo que pela sua solidão e beleza atrai irresistivelmente. A partir de então o seu nome será Irmã Elisabete da Santíssima Trindade. “ Gosto tanto do mistério da Santíssima Trindade ! É um abismo no qual me perco. Deus em mim, eu n´Ele. É o grande sonho da minha vida. Para uma carmelita viver é estar em comunhão com Deus desde a manhã até à noite, e desde a noite até de manhã. Se Deus não enchesse as nossas celas e os nossos claustros, oh!, como tudo seria vazio ! Mas é Ele que enche toda a nossa vida fazendo dela um céu antecipado”.
A irmã Elisabete tomou o hábito a 8 de Dezembro de 1901. Iniciada a vida de noviciado a paz e a felicidade mudou-se em noite escura. No decurso do ano de 1902, o sofrimento interior visita Elisabete. Está numa grande neblina. Há dias de confusão e, em certas horas a angústia e a tempestade. Mas ela ama o Crucificado ressuscitado e entrega-se a Ele cegamente. Foi o momento da purificação interior. Os seus escritos relatam a felicidade de acreditar no seu amor e de O seguir. A sua noite ilumina-se com as claridades da fé e da confiança, como ela explica nesse mesmo ano à senhora de Sourdon: “O abandono, eis o que nos entrega a Deus. Sou muito nova, mas parece-me que algumas vezes sofri bastante. Oh ! Então quando tudo se obscurecia, quando o presente era tão doloroso e o futuro me aparecia ainda mais sombrio, fechava os olhos e abandonava-me como uma criança nos braços desse Pai que está nos céus...” Com a profissão religiosa, que fez a 11 de janeiro de 1903, recobrou a paz e a serenidade interior. Depressa a Irmã Elisabete descobriu a sua vocação. Lendo São Paulo descobriu que ela devia ser o “louvor da glória de Deus”. Esta idéia e esta vocação serão o rumo e o norte de Elisabete da Santíssima Trindade: “louvor e glória” é uma alma que mora em Deus e o ama com amor puro, amante do silêncio qual lira mantida sobre o toque misterioso do Espírito Santo, fazendo sair de si harmonias divinas”.
“Louvor e glória” é uma alma que contempla a Deus em fé simples e permanece como um eco perene do eterno cântico celeste. O segredo da felicidade é não se preocupar consigo mesmo, é negar-se em todo o momento”.
Seguindo o caminho que é Cristo a Irmã Elisabete entrou no mistério de Deus através de Maria a quem gosta de chamar a Porta do céu. Seguindo a nossos pais e mestres Teresa de Jesus e, sobretudo João da Cruz, de quem constantemente fala nos seus escritos, Elisabete mergulha no mistério das Três Pessoas Divinas, nesse Oceano sem fundo que é a Santíssima Trindade e que ela sente envolve-la por dentro e por fora. Tal como São João da Cruz se sentiu fascinado pela formosura de Deus, também Elisabete da Trindade se sente atraída pela beleza de Deus. Elisabete gostava de ver o sol penetrar nos claustros e recordar aquela comparação de Santa Teresa: “ Santa Teresa diz que a alma é como um cristal no qual se reflete a Divindade. Gosto tanto desta comparação e, quando vejo o sol invadir os nossos claustros com os seus raios, penso que Deus invade a alma que O procura !” A nossa irmã deixou-nos escrito acerca do tempo depois da sua profissão: “ cada dia da minha vida de esposa me parece mais belo, mais luminosos, mais envolto em paz e amor”.
Mas foi a vivência total daquela frase de São João da Cruz: “ a alma perfeita e unida a Deus em tudo encontra alegria e motivo de deleite até naquilo que entristece os outros, e sobretudo alegra-se na cruz” que levou a Irmã Elisabete a perder-se em Deus como uma gota de água no Oceano, segundo a sua própria expressão. Foi perfeito louvor da glória de Deus, por isso, apenas com 26 anos se encontrava preparada para voar para a paz: “ tudo é calma, tudo fica tranqüilo e é tão bom, a paz do Senhor”.
Nos fins de março de 1906, a Irmã foi colocada na enfermaria. Sentia-se feliz por morrer carmelita. As Irmãs rezavam pela sua cura e Elisabete juntou o seu pedido às orações da comunidade, mas sentiu que Jesus lhe dizia que os ofícios da terra já não eram para ela.
No final de outubro de 1906 Elisabete escreve:
No declinar da vida só resta o amor
À luz da eternidade, a alma vê as coisas na sua verdadeira imagem;
Oh, como tudo é inútil, o que não foi feito por Deus e com Deus !
Peço-vos, oh, marcai tudo com o selo do amor !
Só isso resta.
Porque a vida é uma coisa muito séria: cada minuto nos é dado
para nos “enraizarmos” mais em Deus, segundo a expressão de
São Paulo, para que a semelhança com o nosso divino Modelo seja
mais viva, a união mais íntima.
Mas para realizar esse plano que é do próprio Deus,
eis o segredo: esquecermo-nos de nós, abandonarmo-nos, não
nos importarmos conosco, olhar o Mestre, olhar apenas para Ele,
receber igualmente como vindos diretamente do seu amor,
a alegria ou a dor; Isso estabelece a alma numas regiões tão serenas !...
Deixo-vos a minha fé na presença de Deus, do Deus todo amor
que habita nas almas.
Confio-vo-lo: é essa intimidade com Ele “cá dentro”,
que foi o belo sol irradiante da minha vida, sendo como que um
Céu antecipado; é o que me ajuda hoje no sofrimento.
Não tenho medo da minha fraqueza, é ela que me dá confiança,
porque o Forte está em mim e a sua virtude é poderosa;
ela opera, diz o Apóstolo, além do que podemos esperar !
No dia 1 de novembro comungou pela última vez e dois dias antes da sua morte disse ao seu médico: “é provável que dentro de dois dias esteja no seio da Santíssima Trindade. É a Virgem Maria, aquele ser tão luminoso, tão puro, com a pureza do mesmo Deus, quem me levará pela mão e me introduzirá no céu tão deslumbrante”.
Alguns dias antes de sua morte, Elisabete disse às sua Irmãs esta frase tão bela e que ficou célebre: “ Tudo passa ! No declinar da vida só o amor nos resta...” Frase que se parece com aquela outra de São João da Cruz, também muito bela e conhecida: “à tarde serás examinado no amor”. A sua última noite foi terrivelmente penosa, pois às suas horríveis dores juntou-se-lhe também a falta de ar, mas ao amanhecer Elisabete sossegou, e inclinando a cabeça abriu os olhos, e exclamou: “vou para a Luz, para o Amor, para a Vida”, e adormeceu para sempre. Era a madrugada do dia 9 de novembro de 1906.
Parece-me que no Céu
a minha missão será atrair as almas
ajudando-as a sair de si
para se unirem a Deus
por um movimento bem simples e amoroso
e a guardá-las
nesse grande silêncio interior
que permite a Deus
imprimir-se nelas
transformando-as em si
FUNDADOR DAS ORDENS:
- IRMÃS CARMELITAS MISSIONÁRIAS
- IRMÃS CARMELITAS MISSIONÁRIAS TERESIANAS
Nasceu em Espanha, Catalunha no dia 29 de Dezembro de 1811, dia em que também foi batizado. Sua família era pobre, porém, muito cristã e piedosa.
Foi Crismado em 11 de Abril de 1817 e aos 17 anos, ocasião em que ingressou no Seminário diocesano de Lérida, onde cursou por quatro anos os estudos de filosofia e teologia. Ali permaneceu até o ano de 1832, quando optou em ingressar para o Convento dos Padres Carmelitas de Barcelona. Assume o postulantado no dia 23 de outubro e, no dia 15 de novembro do ano seguinte (1833), faz a sua profissão religiosa como Carmelita Descalço. Foi ordenado Diácono em 1834 e, dois anos depois, ordenado sacerdote na catedral de Barbastro, por D. Diego Fort Puig, bispo da Diocese.
A espiritualidade e personalidade do padre Palau se caracteriza por intensas lutas, largas e penosas buscas de pacificação durante quase toda a sua vida. Empenha-se pela paz entre os homens, que na época se debatiam em lutas fraticidas; pregou a verdade, para desterrar a ignorância, causa de tantos desmandos; a liberdade, numa Espanha que, dizendo-se "liberal", perseguia implacavelmente a Igreja. Foi como carmelita e sacerdote que não só trabalhou, mas comprometeu-se radicalmente na busca de solução dos problemas de seu tempo, o que resultou-lhe sérias perseguições. Em conseqüência de suas opiniões religiosas e políticas, foi perseguido e exilado.
Durante uma pregação, na novena das almas em Cidadela, recebe uma especial inspiração sobre o Mistério da Igreja. À raiz de diversas experiências espirituais de que foi agraciado, surgem os primeiros planos fundacionais que logram estabilidade e continuidade, apoiados pela autoridade eclesiástica da Diocese de Menorca.
Foi em 1860, em Balaers, que fundou duas congregações religiosas: As Irmãs Carmelitas Missionárias e Irmãs Carmelitas Missionárias Teresianas, que encarnam seu espírito e fazem com que São Francisco Palau traga vivo hoje, para nós, seus ideais em suas filhas carmelitanas.
Era um homem totalmente entregue ao apostolado e à oração. Era dotado por Deus com dons da profecia e dos milagres e, por isto, teve de suportar várias denúncias e processos pelas numerosas curas que fazia sem ser médico.
Seu combate resoluto pela causa de Deus e da Igreja, faz lembrar a do profeta Elias, patrono da família carmelitana. Possuía um particular discernimento do papel desempenhado pelo demônio no mundo, e empenhou-se para que a Igreja ampliasse o uso do exorcismo como arma espiritual adequada às necessidades dos fiéis. Em diversas ocasiões praticou exorcismos, todas as vezes com pleno êxito. Inclusive, no ano de 1866, viajou para Roma e para lá retornou novamente ano de 1870, quando apresentou pessoalmente ao Papa e aos Padres do Concílio Vaticano I, suas questões relativas aos temas que tratavam de questões sobre a prática do exorcismo.
Buscou intensamente a solidão, mas também se lançou à muitas ações, através de diferentes meios para servir aos irmãos, com os meios que o Céu lhe sugeriu: A pregação, a catequese organizada, os exorcismos e a difusão do Evangelho e da divulgação da sã doutrina como escritor e periodista. Os apostolados mais variados, encontraram sua unidade nos ideais que mais lhe moveram: Amar e servir à Igreja, aos pobres, enfermos, crianças, jovens, às famílias, aos espiritualmente dominados pelo poder das trevas.
Sua espiritualidade, refletida plenamente nas Congregações que fundou, assim sintetizou:
Que estejamos sempre dispostos a seguir Cristo, ainda que nos custe.
Que nos entreguemos com valentia e generosidade ao serviço dos irmãos.
Que a solidão, a oração e o sacrifício, sejam a fonte do nosso apostolado.
Que o amor a Cristo, a Maria e à Igreja, polarizem nossa vida.
Francisco Palau morreu em 20 de março de 1872, aos 62 anos de idade. Foi beatificado no dia 24 de abril de 1988 pelo Papa João Paulo II.
- IRMÃS CARMELITAS MISSIONÁRIAS
- IRMÃS CARMELITAS MISSIONÁRIAS TERESIANAS
Nasceu em Espanha, Catalunha no dia 29 de Dezembro de 1811, dia em que também foi batizado. Sua família era pobre, porém, muito cristã e piedosa.
Foi Crismado em 11 de Abril de 1817 e aos 17 anos, ocasião em que ingressou no Seminário diocesano de Lérida, onde cursou por quatro anos os estudos de filosofia e teologia. Ali permaneceu até o ano de 1832, quando optou em ingressar para o Convento dos Padres Carmelitas de Barcelona. Assume o postulantado no dia 23 de outubro e, no dia 15 de novembro do ano seguinte (1833), faz a sua profissão religiosa como Carmelita Descalço. Foi ordenado Diácono em 1834 e, dois anos depois, ordenado sacerdote na catedral de Barbastro, por D. Diego Fort Puig, bispo da Diocese.
A espiritualidade e personalidade do padre Palau se caracteriza por intensas lutas, largas e penosas buscas de pacificação durante quase toda a sua vida. Empenha-se pela paz entre os homens, que na época se debatiam em lutas fraticidas; pregou a verdade, para desterrar a ignorância, causa de tantos desmandos; a liberdade, numa Espanha que, dizendo-se "liberal", perseguia implacavelmente a Igreja. Foi como carmelita e sacerdote que não só trabalhou, mas comprometeu-se radicalmente na busca de solução dos problemas de seu tempo, o que resultou-lhe sérias perseguições. Em conseqüência de suas opiniões religiosas e políticas, foi perseguido e exilado.
Durante uma pregação, na novena das almas em Cidadela, recebe uma especial inspiração sobre o Mistério da Igreja. À raiz de diversas experiências espirituais de que foi agraciado, surgem os primeiros planos fundacionais que logram estabilidade e continuidade, apoiados pela autoridade eclesiástica da Diocese de Menorca.
Foi em 1860, em Balaers, que fundou duas congregações religiosas: As Irmãs Carmelitas Missionárias e Irmãs Carmelitas Missionárias Teresianas, que encarnam seu espírito e fazem com que São Francisco Palau traga vivo hoje, para nós, seus ideais em suas filhas carmelitanas.
Era um homem totalmente entregue ao apostolado e à oração. Era dotado por Deus com dons da profecia e dos milagres e, por isto, teve de suportar várias denúncias e processos pelas numerosas curas que fazia sem ser médico.
Seu combate resoluto pela causa de Deus e da Igreja, faz lembrar a do profeta Elias, patrono da família carmelitana. Possuía um particular discernimento do papel desempenhado pelo demônio no mundo, e empenhou-se para que a Igreja ampliasse o uso do exorcismo como arma espiritual adequada às necessidades dos fiéis. Em diversas ocasiões praticou exorcismos, todas as vezes com pleno êxito. Inclusive, no ano de 1866, viajou para Roma e para lá retornou novamente ano de 1870, quando apresentou pessoalmente ao Papa e aos Padres do Concílio Vaticano I, suas questões relativas aos temas que tratavam de questões sobre a prática do exorcismo.
Buscou intensamente a solidão, mas também se lançou à muitas ações, através de diferentes meios para servir aos irmãos, com os meios que o Céu lhe sugeriu: A pregação, a catequese organizada, os exorcismos e a difusão do Evangelho e da divulgação da sã doutrina como escritor e periodista. Os apostolados mais variados, encontraram sua unidade nos ideais que mais lhe moveram: Amar e servir à Igreja, aos pobres, enfermos, crianças, jovens, às famílias, aos espiritualmente dominados pelo poder das trevas.
Sua espiritualidade, refletida plenamente nas Congregações que fundou, assim sintetizou:
Que estejamos sempre dispostos a seguir Cristo, ainda que nos custe.
Que nos entreguemos com valentia e generosidade ao serviço dos irmãos.
Que a solidão, a oração e o sacrifício, sejam a fonte do nosso apostolado.
Que o amor a Cristo, a Maria e à Igreja, polarizem nossa vida.
Francisco Palau morreu em 20 de março de 1872, aos 62 anos de idade. Foi beatificado no dia 24 de abril de 1988 pelo Papa João Paulo II.
Beata Josefa Naval Girgés - 06 de novembro
Josefa Naval Girbés nasceu em Algemesi, Província de Valência, Espanha, no dia 11 de dezembro de 1820. Algemesi era um povoado eminentemente agrícola, com quase 8000 habitantes, uma única paróquia, um convento de Dominicanos, um hospital, escassos centros de instrução e poucas indústrias elementares. Foram seus pais Francisco Naval Carrasco e Josefa Girbés, e seus cinco irmãos: Maria Joaquina (morreu pequena), outra Maria Joaquina, Vicente, Peregrina (morreu aos 14 anos) e a pequena Josefa (que morreu apenas nascida).De seus pais herdou Josefa, seu grande espírito de fé, sua ardente caridade, seu amor ao trabalho e o desejo ardente de viver sempre na graça de Deus. Maria Josefa recebeu o Santo Batismo no mesmo dia em que nasceu. Desde aquele momento só a chamavam com o nome de Josefa, mas alguns de seus devotos a seguem chamando de “Senhora Pêpa”.Quando Josefa tinha oito anos, recebeu o Sacramento da Confirmação. Adquiriu uma cultura elementar, suficiente para desenvolver-se em meio no qual se passava sua vida. Aprendeu a bordar, atividade que com tanto acerto ensinou as suas numerosas alunas.Sua infância transcorre sem acontecimentos especiais. Em sua formação religiosa colaborou eficazmente sua mãe. Desde pequena aprendeu a amar à Santíssima Virgem, venerada perto de sua casa, no convento dos Padres Dominicanos. Desde pequena já manifestava um caráter reto, um tanto enérgico, que ela depois administraria em sua atividade apostólica.Fez sua Primeira Comunhão quando apenas contava com nove anos e, nesta época, se comungava pela primeira vez apenas aos onze anos cumpridos.Sua mãe morreu quando ela tinha treze anos. A Virgem dos Padres Dominicanos a inspirou que nunca a abandonaria. Josefa, com seu pai e seus três irmãos, foi viver com sua avó materna.Resultou em uma perfeita “ama” de casa, nos afazeres próprios da família. Dedicava um grande e doce cuidado com sua avó enferma, sem deixar sua vida de piedade nem dar concessões à rotina do cansaço. A avó morreu quando Josefa contava com 27 anos, ficando nesta casa com seu pai, seu tio Joaquim e seus irmãos sobreviventes Maria Joaquina e Vicente.Seu pai morreu aos 62 anos, quando Josefa tinha 42 anos. Sua irmã Maria Joaquina se casou, morrendo aos 43 anos de idade. Seu irmão Vicente também se casou, teve três filhos que morreram muito pequenos, assim como sua esposa, pelo que já viúvo foi viver com ela. Seu tio Joaquim, um santo varão solteiro, morreu aos 77 anos, em 1870, ano no qual Josefa convidou sua discípula e confidente Josefa Esteve Trull a viver com ela, a quem, ao morrer, deixou seus bens em usufruto vitalício para que continuasse sua obra.Josefa era de estatura mediana, nem alta, nem baixa; mais delgada do que gorda; de pele branca e fina; rosto ovalado, tinha um dente superior um pouquinho levantado que lhe fazia graça; olhos vivos e penetrantes, porém muito modestos; cabelos castanhos que logo se tornou grisalho; voz suave e acariciadora; sorria com muita freqüência, porém nunca se lhe viu rir forte; seu andar era moderado; vestia-se de cor escura, com sapato baixo e algo largo: o conjunto era de humildade e modéstia.Para melhor agradar e entregar-se a Deus, em 04 de dezembro de 1838, escolheu a Jesus como seu único esposo, e a Ele consagrou para sempre sua virgindade; permanecendo indiviso seu coração (I Cor 7, 32-34), em sua união com Cristo fez progressos incessantes e se dedicou com todas suas forças à sua própria santificação e ao serviço da Igreja e das almas, demonstrando assim que a virgindade é o verdadeiro sinal e estímulo do amor e uma muito especial fonte de fecundidade espiritual no mundo (Documento Conciliar Lumem Gentium 42, Concílio Vaticano II).Buscava todas as oportunidades para anunciar a Cristo, por palavras e com obras, tanto aos não crentes, para atrai-los à fé, como aos fiéis, para instruí-los, confirmá-los na mesma e estimulá-los a um maior fervor de vida. Com esta intenção ensinava às meninas a doutrina cristã, visitava aos enfermos, ajudava os pobres, aconselhava os quantos acudiam a ela, restaurava a paz em famílias desunidas, para as mães organizava em sua casa um círculo com a finalidade de conduzi-las à formação cristã, encaminhava de novo à virtude às mulheres que se haviam apartado do caminho reto e admoestava com prudência aos pecadores.Porém, a obra a qual concentrou todos os seus cuidados e energias, foi a da educação humana e religiosa das jovens, para as quais abriu em sua casa uma escola gratuita de bordado, atividade manual que muito conhecia. Aquela atividade que por si mesma era “comercial”, à qual acudiam com assiduidade e entusiasmo muitas jovens de todas as esferas sociais, se converteu em um centro de convivência fraterna, oração, louvor a Deus, explicação e aprofundamento da Sagrada Escritura e das verdades eternas.Deste modo contribuiu eficazmente para o incremento religioso de sua paróquia, formando assim muito boas mães de família, fomentando o germe da vocação à vida consagrada e ensinando a todos o que significa ser membros do Povo de Deus. Por tudo isso, ganhou grande estima e fama de santidade entre o clero e o povo. Inclusive depois de sua morte, que ocorreu piedosamente em 24 de fevereiro de 1893, continuou estendendo-se sua lembrança devido à santidade de sua vida e de suas obras.Vestida com o hábito da Terceira Ordem do Carmo, seu venerável corpo foi depositado em um humilde ataúde. Pela manhã do dia seguinte, 25 de fevereiro, se celebrou o funeral e, pela tarde, o enterro. A caixa mortuária foi levada por suas alunas; as argolas brancas que pendiam do ataúde, por quatro das menores. Josefa foi depositada em um nicho que temporariamente adquirido e, definitivamente em 1902, por dona Josefa Esteve Trull, sua discípula predileta.Ali permaneceu incorrupta até seu translado à paróquia, em 20 de outubro de 1946. A Cúria Arquiepiscopal de Valência iniciou a Causa de sua Canonização com a celebração do Processo Ordinário informativo durante os anos de 1950-1952, ao qual se seguiu um processo adicional em 1956. Em 03 de janeiro de 1987, Sua Santidade João Paulo II aprovava o decreto sobre as virtudes heróicas de Josefa Naval Girbés, e em setembro de 1988 o milagre proposto para sua Beatificação. A cerimônia de Beatificação se celebrou em São Pedro em 25 de setembro de 1988.
Josefa Naval Girbés é, sem dúvida, um exemplo para todos os que são chamados à santidade sem abandonar o mundo. Quer dizer, sem deixar seu lugar, sua vida familiar e seu trabalho profissional. Ela permaneceu no mundo para ser modelo de santidade para os seculares. Josefa não fez votos para a vida consagrada e não ingressou em um convento, não por comodidade ou para escapar do rigor da vida comunitária, já que no mundo, sem sair de sua casa, viveu, em plenitude, os conselhos evangélicos, para ser um modelo exeqüível para a maior parte dos filhos da Igreja que são os seculares.Teve plena consciência da condição de secular na Igreja, aos treze anos era uma perfeita “ama” de casa, à frente de uma família composta por sete membros.Josefa andou pelos caminhos da santidade em total entrega a Deus e em serviço a seus semelhantes. À sua condição de secular temos que aliar a de sua virgindade, que a introduz na intimidade com Deus e a faz disponível para uma ação apostólica visivelmente fecunda. Josefa é uma virgem secular, as duas coisas de uma só vez.Josefa Naval se volta com a bagagem de suas virtudes e de sua atividade apostólica ao mundo de hoje, tão necessitado de guias nos caminhos da santidade: uma santidade imitável pelos filhos da Igreja, chamados a ela em sua condição de seculares.Esta mulher de Algemesi viveu no laicato da perfeição evangélica, entregando-se ao apostolado entre as jovens de seu povo, sendo um convite para a grande maioria dos cristãos que não foram chamados a uma consagração especial, e que nem por isso sua dignidade eclesial é menor. Ela que encheu os conventos de clausura, com virgens de vida consagrada, permaneceu no mundo para ser testemunho sem ter que abandona-lo. Foi testemunha de como a consagração a Deus é sinal e estímulo do amor e uma muito especial fonte de fecundidade em meio ao mundo. Santificar-se e santificar! Foi a norma de conduta desta Beata; e fazer sempre e em tudo a vontade de Deus, em circunstâncias ordinárias da vida e no cumprimento de seus deveres de estado.Josefa, sem sombra de dúvida, pensou na possibilidade de orientar sua vida até algum convento; claro que consultou esta possibilidade com seu diretor espiritual, porém, com as luzes que o Senhor lhe concedeu e que ela recebeu com humildade e obediência e com o conselho de seus diretores, viu claramente que devia continuar no mundo sendo guia de almas que necessitavam de sua direção, seu exemplo de entrega a Deus e da ação benéfica de sua atividade apostólica.Seu lugar na Igreja esteve sempre bem definido, desde o mundo para o mundo, desde Deus para os homens. O chamamento à perfeição que consiste fundamentalmente na união com Deus pelo amor, vivendo fielmente sua vontade, foi assumida por Josefa, desde sua condição de secular.Viver em plenitude o amor a Deus e praticar esse amor na acolhida do próximo. Ela viveu na vizinhança dos demais irmãos e irmãs e, nesta vizinhança, o caminho de sua perfeição. “Procurai a perfeição com simplicidade”, e insistia: “temos que chegar à perfeição custe o que custar!”.O que ensinava à suas alunas, Josefa o vivia em plenitude. Sempre, com simplicidade e humildade, com naturalidade; como virgem consagrada a Deus em meio ao mundo, por cujos caminhos andou nossa Josefa até essa perfeição, que outras almas alcançam no silêncio dos claustros.
IDEAIS VOCACIONAIS
Josefa Naval Girbés, como abrindo de par em par sua alma, dizia muitas vezes: “meu ideal não é largar a vida, senão santificar minha alma”. Praticou em grau heróico as virtudes teologais da fé, esperança e amor, cujo exercício, bem sabemos os Carmelitas, nos levam ao abandono, à abnegação e à doação de nós mesmos, como ideais vocacionais.Sua vida era toda para Deus: “temos que retorcer a vontade própria para que solte tudo o que não é vontade de Deus”. Essa vontade a descobria, com grande espírito de fé, em sua santa lei e nas obrigações do próprio estado. O apreço pelo cumprimento do dever que ela vivia e que ensinou a suas discípulas, se traduz nestas palavras: “o cumprimento do dever é o caminho; o grau de amor com que se cumpre é a medida da virtude que tem a alma”.Josefa teve sempre um claro conhecimento da bondade de Deus, por isso pôs nEle toda sua confiança; ela que aspirava aos bens eternos e trabalhava por consegui-los, contava sempre com a ajuda de Deus. Para lográ-los consagrou toda sua vida: seus sofrimentos, que não foram poucos, ocasionados em grande parte por sua enfermidade, que a acompanhou desde os trinta anos até sua morte; seus trabalhos, os domésticos que ela teve que enfrentar desde os treze anos, e os que ela se impôs na escola-atelier que fundara; seus desvelos apostólicos que a levavam a preocupar-se com todos os que padeciam alguma carência material ou moral.Ela esteve sempre nas mãos de Deus. Infundir esta confiança no coração de suas alunas foi sua tarefa. Assim dizia: “que nenhuma de vocês desconfie à vista de seus muitos pecados; nossa confiança não se apóia no que nós somos, senão no que Deus é e no amor misericordioso que Ele nos tem”.Josefa foi uma humilde serva do Senhor. O humilde reconhece seu nada, sua inteira dependência de Deus e em suas mãos confia. Anulava-se no templo, ante a imensa majestade de Deus; e essa atitude humilde se prolongava durante todo o dia, em que se dedicava a toda espécie de trabalhos, alguns os mais humildes.Nunca consentiu que suas discípulas lhe ajudassem nos trabalhos ordinários de sua casa. Amava o retiro e o passar despercebida. Não falava de se mesma e nem de suas coisas. Nunca se fez objeto de festas ou de comemorações. Querendo enamorar suas alunas da virtude da humildade, lhes dizia: “Somos o que somos diante de Deus; haveremos de fazer as coisas com grande pureza de intenção. Procedendo desta maneira, se logo nos desprezam, devemos nos calar e não nos defendermos, ainda que, humanamente, tenhamos razão”.O amor de Deus preenchia toda a vida de Josefa, a fé a fazia ver a Deus como infinitamente amável. Ele é o Bem Absoluto que sacia todas as aspirações da alma. Merece, pois, ser amado. Seu amor era um amor profundo na abnegação, no sacrifício, na entrega total ao cumprimento de sua vontade: “amar a Deus é entregar-se; amar a Deus é sofrer; o amor verdadeiro se prova com o sacrifício”.Porém sabia que o amor a Deus passa também pelo meridiano do amor ao próximo. Amar ao próximo por Deus, amor que começa da convicção de que somos filhos de Deus e irmãos de Jesus Cristo. Tinha muito presente a Palavra de Deus (I João 4,20). Amou aos seus: a seus pais, a sua avó, a seu tio, a seus irmãos, ainda que um deles, Vicente, tivesse com ela um trato pouco amável, quando já viúvo, veio viver com ela. Amou a seus superiores, especialmente os sacerdotes, entre os quais cabe destacar a seus sábios diretores espirituais. Amou a suas discípulas, com paixão proporcionada a seu zelo. Porém, sobre tudo, amou aos indigentes, aos quais dedicou seus melhores afãs.Seu amor à cruz foi uma mensagem constante para todas suas alunas. Assim dizia: “correspondamos ao amor sacrificado de Jesus em sua paixão. Haveis de levar a vossa cruz, cumprindo o dever como Deus manda. Sofrei com amor, aproveitando todas as ocasiões de pequenas doenças. Amar, amar e sofrer em silêncio; o amor se prova no sacrifício. Sacrificai vossos gostos”.
VIVÊNCIA DO CARISMA CARMELITANO
Alma de vida interior, aspirou sempre à perfeição. Para alcançá-la, se valeu dos meios que o carisma carmelitano põe a nossa disposição para fazê-los experiência de vida.
VIDA DE ORAÇÃO.
- Josefa Naval foi uma alma de profunda vida interior. Sua fé a levava à convicção de que Deus, Uno e Trino, habita em uma alma em estado de graça. Ela viveu em plenitude aquele anúncio de Jesus Cristo: “a quem me ama, meu Pai o amará, e viremos a ele e faremos nele nossa morada” (João 14, 23). Tão compenetrada estava com essas verdades que às vezes parecia como absorta em meio de suas ocupações. Mais de uma vez tinha que se retirar a seu quarto, onde, abstraída, com as mãos juntas e os olhos fechados, dedicava longo tempo à contemplação.Alimentava sua vida interior com a Eucaristia e a oração. Oração vocal que aprendeu dos lábios de sua mãe. Oração mental que realizava nas primeiras horas da manhã, em sua paróquia, depois de sua Missa e comunhão. O trato íntimo com seu Esposo, Jesus, se acentuava na comunhão eucarística de cada dia, que ela renovava com freqüência na comunhão espiritual. E, ao encerrar as tarefas do dia, antes do descanso noturno, roubava algum tempo do descanso da noite para dá-lo a um trato íntimo com o Senhor. Nesta comunicação secreta com Deus, Josefa experimentava arroubamentos que silenciava com humildade.Orando durante o trabalho, exercitando a presença de Deus com jaculatórias, vivia plenamente a presença de Deus. Dizia insistentemente a suas alunas: “levai convosco a presença de Deus”; e ajuntava: “tenhamos muita devoção à Santíssima Trindade, que mora em uma alma em estado de graça”. Deste seu espírito de fé na presença de Deus na alma brotava sua devoção ao Espírito Santo. Como celebrava Sua festa anual! Pentecostes era ocasião propícia para impulsionar em suas alunas o amor a Deus que tanto nos ama. Assim, com o motivo desta solenidade, organizava entre elas, durante três dias, turnos de oração e penitência.A oração do Ângelus ao meio dia, e algumas outras práticas de piedade, entre as que sobressaía era a reza do Rosário a cada dia, se possível com suas discípulas.Esta era sua repetida mensagem: “oração, oração; fazer a cada dia um momento de oração e tudo vos parecerá maneiro e suave. Aprendei a falar com Deus sem palavras e fazei assim um momento de oração meditativa. Diante do sacrário havemos de estar com grandíssima fé e reverência”; este último conselho ela dizia como expressão de seu espírito eucarístico.
PENITÊNCIA E MORTIFICAÇÃO. - Consciente das dificuldades que se opõem à perfeição, dizia a suas alunas: “filhas minhas, não temos que temer demasiadamente as dificuldades do caminho que temos empreendido; é verdade que esse caminho é pedregoso e está cheio de trabalhos e privações, porém também é certo que nosso Divino Capitão o trilhou durante sua vida, paixão e morte”. Viveu sempre unida às dores de Cristo, a esses sofrimentos redentores de Cristo uniu os seus, aquelas dores de cabeça que sofreu desde os trinta anos até sua morte e as penitências, inclusive materiais, que se impunha e autorizavam seus diretores. Praticou heroicamente a virtude da fortaleza, que fortalece a alma para servir a Deus, sem deter-se por nada, nem ante nada, nem sequer ante o temor da morte.Era exigente consigo mesma, logo o era também com os demais. Para exercitar-se na fortaleza, seguindo adiante com exemplo, propunha a suas discípulas a prática da mortificação. Mortificações às vezes simples, porém saturadas de vitória contra si própria que pouco a pouco a preparavam a oferecimentos mais amplos e generosos. Dizia às suas alunas: “filhas minhas, se é necessária a fortaleza para empreender o caminho de Deus, não o é menos para aceitar o que Ele envia ou permite para nossa purificação, a saber: moléstias, enfermidades, desprezos...”.Outra das virtudes que Josefa exercitou heroicamente foi a da temperança, necessária para moderar a inclinação ao prazer sensível, que pode impedir a perfeição e conseguir assim a posse de Deus. Fez como norma de sua vida aquela que São Paulo pregava: “castigo meu corpo e o reduzo à servidão” (I Cor 9,27). Castigou seu corpo, porém com prudência. Sua comida era sóbria, mas bem pouca e às vezes, voluntariamente, sem sabor. Não comia carne, a não ser por prescrição médica. Não bebia vinho (coisa muito comum naquela época e em sua região). Jejuava com certa freqüência. Na Semana Santa não comia nada desde Quinta-Feira Santa até o dia do “Glória” (noite do Sábado Santo).Usava cilícios (instrumento de penitência, tipo cinturão largo ou faixa larga de couro com pontinhas de ferro contra a pele, nos braços ou abdome), empregava disciplinas (pequeno flagelo de couro, com o qual a pessoa se auto-açoitava, principalmente durante a reza de salmos penitenciais, tipo o Salmo 50 e o Salmo 29); sempre com anuência de seus santos diretores espirituais. Sobre tudo aceitava com amor tudo o que Deus lhe enviava. Suas cruzes eram um regalo. Nunca comentava sobre seus sofrimentos (enfermidades) que eram muitos.À mortificação exterior superava a interior; essa vitória contra si própria que ela dissimulava com seu perene sorriso. Ninguém adivinhava que ela estava constantemente vigilante sobre suas paixões; porque tudo o fazia com grande naturalidade, sem sobressaltos, sem por em perigo sua inata longanimidade e equilíbrio emocional.
APOSTOLADO.
- Josefa foi uma apóstola de seu tempo, alma entregue a Deus ao serviço das jovens, especialmente aquelas de pobre condição social. Seu espírito observador captou as carências das jovens, profundamente influenciadas pelo ambiente de seu século (Nota: não estaríamos vivendo agora a mesma realidade?). Não foi a única na Igreja de seu tempo nesta luta por levar a salvação de Cristo às jovens mais necessitadas, porém foi uma das que com maior dedicação, com mais ardor, com mais calor humano se dedicou a esse trabalho apostólico, desde sua pequenez de virgem secular, desde sua humilde condição de professora de bordado, desde suas profundas convicções religiosas, sobre tudo, desde seu ardente amor pelas almas remidas por Cristo!Ela se antecipou ao Concílio Vaticano II, vivendo sua condição de secular no meio do mundo, para o serviço de Deus, em obras concretas de apostolado. Entregou-se ao apostolado dos humildes num século em que a classe trabalhadora irrompe na história para defender seus interesses materiais, ainda que a custa de afastar-se do que ensina a Igreja, com a delicadeza de uma mulher que, desde sua entrega a Deus, se fez toda para todos, para levá-los todos a Cristo (à imitação do Apóstolo S. Paulo). Quando Josefa completava os trintas anos de idade, seu confessor reflexiona largamente sobre os planos apostólicos de sua dirigida e aprova a criação daquela escola-oficina (ou ateliê) como “Coisa de Deus!”. Aquela casa onde ela foi viver desde os treze anos produziu fervorosas religiosas, abnegadas esposas, mães de família e jovens praticantes, de vida secular consagrada. À casa que herdou de sua avó acudiam as jovens, atraídas pelo zelo ardente de sua mestra, por sua fé vivíssima, por seu espírito de amor provado no sacrifício, por seu otimismo, por sua alegria..., e pelo alimento espiritual que lhes proporcionava. Tudo por seu amor a Deus, tudo por seu ardente amor pelas almas.A jornada diária de Josefa acabava sendo muito apertada: levantava muito cedo para participar da primeira Missa da paróquia, comungava e praticava oração mental; a seguir dedicava algum tempo à limpeza; o horário da escola-oficina era das 09 as 12 e das 14 às 18 horas.Durante a jornada de trabalho, Josefa ensinava bordado, porém isto era o pretexto para formar a alma de suas alunas no amor a Deus. O trabalho era acompanhado de orações, jaculatórias e cânticos piedosos; entre leituras do Evangelho e da Doutrina Cristã (catecismo), se escutava a palavra da mestra, suave e enérgica ao mesmo tempo, explicando os pontos mais incisivos das leituras. Articulavam-se com estas leituras e orações, largos silêncios, que Josefa suscitava para que suas alunas se adestrassem na oração. Ali, nesse ambiente de paz, bordavam seu enxoval as jovens que iam contrair matrimônio e seu dote as que se preparavam para entrar no convento.Sua caridade, para com o próximo, teve sempre objetivos espirituais. Assim, por exemplo: empenhava-se para que os pais batizassem quanto antes a seus filhos recém-nascidos; visitava aos enfermos que estavam em perigo de morte, procurando que recebessem os últimos sacramentos; vestia ao desnudo com delicadeza, trocando as vestes sujas e rasgadas dos mendigos por outras limpas, lavando e remendando com exemplar caridade aos que deixavam. Sua casa foi, mais de uma vez, asilo de órfãos. Por duas longas temporadas albergou crianças que haviam perdido suas mães, cuidando delas com amor maternal.Quando verdadeiramente brilhou a caridade de Josefa, foi na epidemia de cólera de 1885, quando contava 65 anos. Ela e algumas de suas alunas se dedicaram a atender aos empestados que estavam sozinhos e, portanto, os mais necessitados de ajuda.Sua caridade se estendia às coisas e atividades aparentemente pequenas tais como: escutar com paciência e interesse as confidências que lhe faziam as pessoas desesperadas em busca de conselho. Era muito respeitosa com a boa fama dos demais. Não tolerava em suas discípulas a menor palavra de crítica, nem de murmuração. Lembrava-se das Almas do Purgatório, rezando por elas e ensinando a suas alunas que fizessem o mesmo.Unida intimamente a seu Divino Esposo, se cumpriu nela o que Ele disse: “Quem permanecer em mim e eu nele, este dará muito fruto” (Jo15, 5).
CONSELHOS EVANGÉLICOS
Josefa Naval Girbés, em sua casa, viveu plenamente os Conselhos Evangélicos de castidade, pobreza e obediência, que são normas das almas consagradas.A CASTIDADE em plenitude: fez voto de virgindade aos dezoito anos e tornou norma de vida aquilo que pregou São Paulo: “Castigo meu corpo e o reduzo à servidão” (I Cor 9, 27). Sua virgindade lhe alcançou uma perfeita união com Jesus Cristo e uma disponibilidade maior para engendrar e iluminar almas consagradas a Deus, e fiéis filhas da Igreja, na vida solteira ou no matrimônio. Com sua virgindade, demonstrou que pode ser vivida, no mundo, a total consagração a Deus. Com sua virgindade, ensinou que esta entrega a Deus é um dos caminhos – sem dúvida, o melhor – para a santificação própria e a dos demais. No tocante a virtude da pureza foi fidelíssima observante. Viveu a mais estrita pureza de alma e de corpo, e ensinou a vivê-la a suas alunas. Recomendava a modéstia no falar, no vestir e no agir.Virgem, porém secular no mundo, abre novos caminhos à santidade da maior parte dos membros da Igreja, que vivem a secularidade. Josefa viveu e morreu no mundo; foi uma solteira exemplar que, mesmo fazendo voto de castidade, permaneceu no mundo. O Senhor lhe concedeu que seu corpo virginal permanecesse, após sua morte, incorrupto para sempre!A POBREZA, que lhe veio por herança, e que ela cultivou até o desprendimento de tudo aquilo que não era útil ou necessário para seu apostolado. Desprendimento das coisas, dos bens materiais, do mundanismo, mesmo da família, porém, sem a menor mostra de egoísmo, que na área da justiça ensinou a suas alunas.A OBEDIÊNCIA cristã é uma virtude que nos inclina a submeter nossa vontade à dos superiores legítimos, que nos representam Deus. A obediência é um tributo de amor, a quem tem absoluto domínio sobre si mesmo. Josefa foi sempre obediente, à imitação de Jesus, seu divino esposo.Assim, no exercício desta virtude, traçou para si mesma, desde muito jovem, um plano de vida que abarca o cumprimento de suas obrigações como ama de casa e como professora de sua escola-oficina, o cumprimento de seus deveres religiosos e o cumprimento de seus compromissos apostólicos. A obediência ao diretor espiritual foi norma inquestionável de sua conduta.Às suas alunas mais preparadas, as provava na obediência, às vezes com a argúcia de que “mudaram de cor” as flores de seus bordados. Os pais daquelas jovens, educadas assim na obediência, estavam encantados de que suas filhas exerciam com eles esta virtude.
VIDA ESPIRITUAL
A vida espiritual de Josefa, tão plenamente cultivada, não foi um horto fechado para seu deleite. Ela se comprometeu com a necessidade de ir à conquista das almas, trabalhando por salvar tantas jovens ameaçadas pelo estranho ambiente do século (do mundo). Parecia que Josefa havia intuído aquela frase do Vaticano II, tão dura como importante: “há de ser considerado como inútil o membro que não contribua, segundo sua própria capacidade, para o aumento do Corpo Místico de Cristo” (AA,2). Ela entendeu, em seu tempo, que em meio ao mundo, o secular tem de atuar como fermento e que, para ser eficaz, é necessário viver unido a Cristo: “aquele que permanece em Mim e Eu nele, este dá muito fruto, porque, sem Mim, nada podeis fazer” (João 15,5).Uma de suas discípulas nos descreve o ambiente sossegado de sua escola-oficina: “Naquela casa se respirava uma atmosfera de fé, piedade e virtude cristã e, sobre tudo, de alegria e de caridade. Nossa mestra inspirava devoção e recolhimento: vivia o espiritual com muita verdade e simplicidade, e nos infundia desejos de sermos cada dia melhores”.Durante as horas de aula, atendia em particular às jovens que necessitavam de cuidado especial. Na habitação na qual ela praticava sua oração e suas preces, recebia às jovens que ou a pediam ou aquelas que ela chamava. Umas vezes eram jovenzinhas desejosas de que lhes ensinasse a praticar oração mental; outras vezes, eram jovens maiores, as que ela ajudava a desvanecer suas dúvidas e evitar prejuízos morais e espirituais, pelo que as deixava cheias de paz e alegria!Também acudiam a Josefa pessoas maiores, mais ou menos crentes, e com prudência e tato orientava suas vidas, lhes dava uma grande paz interior. Uma de suas recomendações, era a de ter um confessor fixo, ter confiança nele e obedecer-lhe. Não faltaram as meninas pequenas que eram enviadas por suas mães à escola-oficina, sendo beneficiadas com suas carícias e suas lições elementares de catecismo.As alunas mais seletas chegavam a permanecer, terminada a jornada de trabalho, para prosseguir à sua formação espiritual, de ordinário, no jardim da casa. Deste grupo escolhido saiu um amplo “jardim” de jovens religiosas; tantas que o Cardeal Guisasola, Arcebispo de Valência, em visita pastoral a Algemesi, perguntou cheio de admiração: “que povo é este que tem tantas religiosas em todos os conventos de nossa arquidiocese?”.Porém, Josefa não descuidou das jovens com vocação para o matrimônio. A elas dedicou tempo e esforço. De sua escola saíram excelentes esposas e mães de família. A “Escola Dominical”, aos domingos à tarde, depois dos cultos vespertinos da paróquia, foi outra oficina na qual se forjavam as almas no amor de Deus! Deixemos que uma de suas alunas nos descreva o ambiente daquelas reuniões às tardes de domingo: “a casa de nossa mestra era uma casa de oração. Sua conversação era sobre coisas espirituais, alentando-nos a seguir, perfeitamente, nossa vocação. Depois de falar um pouco com ela, se saía dali sem gosto pelas coisas do mundo. Suas palavras infundiam espírito de amor pelas coisas do Céu. Levava-nos a Deus, por amor! Todas suas discípulas, ainda que o Senhor as tenha chamado ao matrimônio, tem sido piedosas, levando em suas almas a recordação eficaz de seus avisos. Dizia-nos: ‘haveis de levar vossa cruz e cumprir o próprio dever como Deus manda: as solteiras, como solteiras e as casadas, como casadas’”.Quando Josefa tinha cinqüenta e sete anos, o pai de uma de suas alunas lhe ofereceu o “Horto da Torreta”, coberto de laranjais e árvores frutíferas, para seu retiro e o de suas alunas. Ali se retirava com suas discípulas prediletas, ao entardecer dos dias de primavera e verão. Ali, enquanto anoitecia, empregava Josefa seus dons de catequista e de forjadora de almas ansiosas de perfeição: “filhas minhas, imaginemo-nos que estamos aqui como o Senhor, rodeado de seus apóstolos. Eu, em Seu nome, vos digo: sede boas, fazei tudo por amor; tende muita caridade uma com as outras; vivei com espírito de abnegação e sacrifício”.Naqueles deliciosos entardeceres do “Horto da Torreta”, ressoava límpida, como a água das fontes vizinhas, a voz da mestra: “Nossa entrega a Deus há de excluir todo costume mundano; tudo aquilo que de alguma maneira Lhe desagrada, como são: o apego às coisas ou pessoas que nos impedem de cumprir a vontade divina; a vida dos sentidos que se opõem à perfeição que Deus nos pede. A vida superficial, que busca o gosto próprio e agradar ao mundo, não pode acompanhar-se com o verdadeiro amor”.Josefa adestrava a suas alunas para a vida, era como sua “mãe espiritual”. A ela acudiam atrás de conselhos e na hora de escolher o estado de vida. Com aquela segurança que lhe conferia sua íntima união com Deus, dizia a umas: “vós, ao matrimônio”; e a outras: “Vós, ao convento”.Párocos e sacerdotes, filhos de Algemesi, com discrição e prudência, acudiam a Josefa, com a qual tinham deliciosas conversações de elevado alimento espiritual. Estas visitas de sacerdotes qualificados aumentava, em suas alunas, a admiração e o respeito que tinham por sua mestra.Muito ajudou a formar a Josefa a gratificante ação de seus diretores espirituais. Em seu tempo teve a sorte de coincidir com sábios, santos e experientes párocos, que puseram, a seu serviço, seus dotes de guias de almas. Ela deu sempre muita importância à “direção espiritual”.Digna filha de Santa Teresa, a recomendou vivamente a suas amadas alunas: “sede simples a dar conta ao diretor; obedecei-lhe com fidelidade e perseverança; proibido falar mal de confessores...”. Quando um de seus diretores espirituais foi transferido ao povoado de Alcira, Josefa acudia a sua direção a cada duas ou três semanas, durante seis anos, percorrendo a pé a distância, às mais das vezes acompanhada de alguma de suas discípulas, com as quais entretinha entranhadas conversações espirituais.Lutou, com denodo, contra a tibieza, nunca se contentou com um vida espiritual lânguida; sua intransigência para o mal tinha conotações humanas: sem chegar a ser áspera em seus modos, ao contrário, era de elegante e solene caráter, com uma grande capacidade de comando que ela administrou em favor de suas amadas alunas.Ela viveu à vizinhança do homem e, nela, o caminho de sua perfeição. Seu convento foi a casa de sua avó, onde viveu até à morte de sua mãe; a campana do convento, a voz da superiora, a vida de comunidade, as regras monásticas que asseguram o bom caminho... Todo esse modo de vida conventual o resumiu sabiamente Josefa ao ser fiel à vontade de Deus, explorada na oração e na prudente consulta a seus diretores espirituais. Josefa permaneceu no mundo, para ser exemplo de santidade para os seculares.
VIDA MARIANA
Josefa aprendeu a amar à Virgem Maria, desde menina, no altar do Rosário do convento dos Padres Dominicanos. Seu amor se fazia patente nestas e noutras referências: “Maria, minha Mãe, ensina-me a ser fiel e a agradar a Deus”. “Virgem Maria, minha Mãe, faz-me pura, casta, boa e santa”. Acuda-nos a Santíssima Virgem, para que nos ensine e os ajude a ser fiéis a Deus”.Amante da pureza, que ela havia vivido sempre em plenitude, recomendava às jovens: “Sede limpas, asseadas no modo de vestir, sede muito honestas como a Virgem. Todas as virtudes embelezam a alma, porém, a pureza a embeleza de um modo especial, fazendo-a semelhante aos anjos”.A fé de Josefa se traduzia em uma acendrada devoção à Virgem. Em prova de sua entrega filial à Senhora, ela levou em sua morte o Escapulário do Carmo e um Rosário em forma de colar. O Ângelus, que assinalava ao meio dia o sino da paróquia, era rezado por todas as alunas, assim como a Ave Maria a cada hora e aos sábados a “Felicitação Sabatina”.Preparava e celebrava com fervor as solenidades da Virgem. O mês de maio, em honra da Virgem, se celebrava na escola-oficina com orações, cantos e oferecimento de flores. Com que alegria celebrou Josefa a declaração dogmática da Concepção Imaculada de Maria! Para recordar tão grato acontecimento, impulsionou a criação da “Corte de Maria” em Algemesi.Como Carmelita Secular, Josefa tinha uma especial devoção à Santíssima Virgem do Carmo, como tal, em repetidas ocasiões pediu a suas discípulas que, à sua morte, a vestissem com o hábito do Carmo, desejo que se cumpriu fielmente. Esta filiação Mariana a soube transmitir às suas alunas; bastem-nos estes testemunhos: em uma das casas de Algemesi se conserva um grande quadro da Virgem do Carmo, bordado em ouro e seda pela senhora Vicenta Morán através da direção da “Senhora Pêpa”, como era conhecida Josefa em sua terra natal no ano em que morreu nossa Beata. Outro feito mencionado por seu biógrafo relata que, às vésperas de uma das festas da Virgem do Carmo, a uma das discípulas prediletas de Josefa, que se encontrava moribunda, se lhe ouviu invocar à Rainha do Carmelo com estas palavras: “Minha Mãe do Carmo, vem por mim”, e ele mesmo comenta, “feliz alma que assimilou perfeitamente a doutrina e o espírito de sua santa mestra” VIDA FRATERNA, em plenitude, o amor a Deus e, verificar esse amor na acolhida ao próximo, foi norma de sua conduta. Deste amor, brotou seu zelo pelas almas e seu afã por ensinar-lhes este modo de pensar e viver.Josefa era de estatura mediana, nem alta, nem baixa; mais delgada que gorda; pele branca e fina; rosto de forma algo oval, tinha um dente superior um pouquinho levantado que lhe dava um ar de graça; olhos vivos e penetrantes, porém muito modestos; cabelos castanhos que logo ficaram algo grisalhos; voz suava e acariciadora; sorria com muita freqüência, porém nunca se lhe viu rir forte; seu andar era moderado; vestia-se de negro, com sapato baixo e um pouco largo: todo o conjunto era simplicidade e modéstia. Tinha muito talento natural e, muita luz e graça de Deus. A isto uniam um grande coração de mãe, que ardia em amor pelas almas que queria salvar. Tudo isso motivava o grande amor, a obediência e a fidelidade que sentiam por ela suas discípulas.Josefa penetrava o interior das almas, se adiantava ao que queriam dizer-lhe, lia em seus corações; estas qualidades lhe deram um grande prestígio e autoridade em seu povo, fazendo com que todos a quisessem bem, a respeitassem e obedecessem.Para atrair as almas, primeiro tratava-as com doçura e amabilidade, porém, quando as conquistava, as estimulava, energicamente, para que não se contentassem com pouco, se podiam fazer mais, para servir melhor a Deus e ao próximo. O modo de falar de Josefa era simples, modesto e humilde, começava a falar sempre dizendo: “Filhas minhas...”. Não havia nela ar de suficiência, nem se engrandecia ao ver quantas pessoas acudiam a ela em busca de conselho, por sua fama de prudência e santidade. Ademais, ao pregar às suas discípulas, o fazia com tal fogo e espírito, que nos disse uma delas: “Quando nos falava de Deus, tinha muita unção, se emocionava e lhe saíam lágrimas”.O que ela havia semeado produziu muitos frutos, especialmente manifestos durante seus últimos dias nesta terra.Quinze dias, esteve na cama em fevereiro de 1893; pressentindo aproximar-se a hora de sua morte, no dia 22 (de fevereiro) mandou trazer seu confessor. No dia 23 recebeu os últimos sacramentos. Suas discípulas chegavam à casa: todas queriam vê-la morrer. Com aquela lucidez que Deus lhe concedeu até sua morte, Josefa lhes dizia: “Filhas minhas, filhas de meu coração: que nenhuma me falte lá no Céu. Depois de minha morte, abandonareis o caminho empreendido?... Sempre adiante, nunca para trás!... E continuava lenta, pausadamente, com os olhos apenas abertos: “Filhas minhas: permanecei muito unidas, como os apóstolos”. Assim como as brasas que estão muito unidas, conservam o fogo, e as que estão separadas prontamente se apagam, assim vós, se permaneceis unidas, falando das coisas de Deus, conservareis o fogo do fervor; porém, se vos separais e deixais de tratar estas coisas do espírito, o fogo se apagará... Eu me vou; porém espero que persevereis no gênero de vida que haveis aprendido”.No dia 24 entrou Josefa nesse tranqüilo torpor que precede à morte, todo o dia com os olhos fechados, estava recolhida, como em êxtase, porém falava com um fio de voz quase imperceptível, pedindo que rezassem com ela jaculatórias e outras orações, repetindo ação de graças e que consolo elas lhe estavam dado! Pela noite, na hora de morrer, abriu os olhos e, com voz fraca, porém perceptível, perguntou: “estais todas?”. E acrescentou: “minhas filhas, vou deixá-las!”. E insistiu: “estai unidas, sede fervorosas, sacrificai-vos por Nosso Senhor”. Fez um esforço, o coração lhe atraiçoava, olhou pela última vez às suas discípulas e, com voz apagada, lhes disse: “filhas minhas, filhas de minha alma...” e expirou. Eram 20 horas e 30 minutos do dia 24 de fevereiro de 1893.
VIDA ECLESIAL
Josefa foi uma fidelíssima filha da Igreja. Com os olhos da fé, via nela a obra mestra de Jesus Cristo! Com que convicção falava a suas alunas da veneração que devemos ao Papa, aos bispos, aos sacerdotes, aos religiosos.Assim lhes dizia: “filhas minhas, obedecei com rendimento a Sua Santidade o Papa, rogai muito por suas intenções e necessidades; amai muito a Igreja e atendei a seus mandatos e conselhos”. Ela amou apaixonadamente a Igreja e infundia esse amor às almas que se acercavam a ela. “Amemos a Igreja a que pertencemos e aproveitemo-nos de seus meios de santificação. Tenhamos respeito e veneração pelos ministros de Deus”.Josefa viveu e morreu em um século difícil para a Igreja. Foi consciente do que ocorria, sofreu com ela e compartilhou suas alegria. Dois Papas sofreram exílio da cidade de Roma; perderam-se os Estados Pontifícios e se instalou o movimento trabalhista com virulência (contra o catolicismo) implacável.O Papa Leão XII, que reinou durante 06 anos, promove a ação missionária da Igreja na política exterior. Criam-se novas dioceses em vários lugares e em lugares fora da cristandade se firmam novas concordatas. Porém, a cristandade do século XIX, em seu conjunto, cumpriu deficientemente seus deveres sociais e, por esta razão, se tornou culpada da apostasia da classe trabalhadora, boa parte da qual passou às fileiras do bolchevismo, fundamentalmente ateu. “O grande escândalo do século XIX foi perder a classe trabalhadora”, exclamou, alguns anos depois, o Papa Pio XI.A atividade de Leão XIII e do bispo Ketteler no campo trabalhador, nós temos que aluir das ações empreendidas pelos mais diversos personagens da Igreja, para elevar o nível religioso e cultural dos proletários daquele tempo. Valência não podia permanecer afastada dessa luta. A partir de 1808, vários arcebispos empreenderam, de diferentes formas, a restauração religiosa da arquidiocese.Em Algemesi, sem dúvida, encontraram ressonâncias especiais estas iniciativas: dada sua profunda religiosidade e com a sorte de contar com uns sábios e santos sacerdotes ao serviço dos fiéis.Nossa Beata viu sempre próxima de si a Igreja, nessa célula dela que é a paróquia. Seu amor (e serviço) à paróquia é uma das mais destacadas facetas de seu espírito eclesial.Os párocos foram modelo de zelo pastoral: Josefa encontrou neles uns guias seguros para sua vida espiritual e uns auxiliares maravilhosos para suas obras de apostolado. Neste agitado ambiente do século XIX, tenso no campo civil e religioso, especialmente no social, uma virgem secular chamada Josefa punha em marcha uma escola-oficina para a conquista e formação das jovens, e uma escola de formação para casadas e mães. Era sua contribuição ao movimento social da Igreja para a cristianização dos humildes. Um tempo apaixonante que não permitia descanso, um tempo que Josefa aproveitou para passar, como seu Divino Esposo, “fazendo o bem” (Atos 10, 38).Amar, freqüentar e ajudar a paróquia era o tripé de conclusões às quais ela chegava em sua visão de comunidade paroquial. À limpeza e decoro do templo paroquial dedicava tempo e esmero nossa Josefa. Sua casa era a rouparia da paróquia, ali se costurava a roupa branca de uso litúrgico, se reparavam os ornamentos e se bordavam em seda e outros tecidos as ricas vestes das solenidades.Todavia, hoje, as descendentes das jovens que, com Josefa, limpavam o templo, seguem fazendo o mesmo ofício. Prova evidente de que os gestos, atitudes e trabalhos que realizava Josefa, marcaram fundo suas
CONCLUSÃO
Naval Girbés, virgem, porém secular no mundo, abre novos caminhos à santidade da maior parte dos membros da Igreja, que vivem a secularidade. Importante é a vida consagrada, porém a santidade, feita de amor a Deus e de amor ao próximo, não fica apenas guardada no convento ou no sacerdócio. Josefa, virgem, porém secular, é um exemplo!Ela viveu e morreu no mundo, deixando atrás de si um caminho de luz que seque iluminando àqueles que, na secularidade, buscam a perfeição cristã. Seu mundo, o agitado século XIX, sua casa, sua oficina de trabalho, sua catequese, seus círculos de formação de mulheres, suas obras de caridade, eram seu convento! Dali, ela irradiava amor, amor que alimentava com uma intensa vida interior, cultivada com esmero e tensão, porém nunca perdeu o contato com as pessoas. Vivia entre o povo, atenta às suas necessidades, que fazia suas, ajudando a remedia-las, através dessa proximidade que sua condição de secular propiciava.Exemplo e palavra! Com que claridade viu Josefa o agir do cristão secular, fermento das estruturas sociais, segura de que, com sua maneira de viver, e com procedimentos de apostolado, percorria o caminho traçado para uma cristã secular em vista de sua santificação pessoal e a dos demais!
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Palestra proferida por Giovani Carvalho Mendes, no V Congresso OCDS Norte/Nordeste, realizado de 22 a 25/05/2008, em Fortaleza-CE.
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Palestra proferida por Giovani Carvalho Mendes, no V Congresso OCDS Norte/Nordeste, realizado de 22 a 25/05/2008, em Fortaleza-CE.
Solenidade de Todos os Santos
Dia de Todos os Santos é dedicado a 'espíritos de luz'
Igreja celebra vida de católicos e não católicos que se dedicaram ao bem. Data que antecede Dia de Finados é comemorada com missas e orações. Pessoas que passaram a vida fazendo o bem e procurando ajudar o próximo: são esses os santos não canonizados lembrados pela Igreja Católica neste sábado (1º), Dia de Todos os Santos. Segundo a Igreja, a data celebra católicos e não católicos que dedicaram a vida ao próximo. O Dia de Todos os Santos é comemorado pela Igreja com missas e orações.“A Igreja acredita que no céu estão todos que viveram bem sua vida, não apenas os canonizados, que já têm dias especiais durante o ano. O Apocalipse diz que no céu há uma multidão, de todos os povos e línguas. São pessoas que fizeram o bem na Terra”, afirma o padre Gustavo Haas, assessor de liturgia da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
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