Sobre a Vida Contemplativa


Testemunho
19 de Agosto de 1894

«Fico muito satisfeita, minha querida irmãzinha, por tu não sentires atração sensível ao vires para o Carmelo, é uma delicadeza de Jesus que quer receber de ti um presente. Ele sabe que é muito mais doce dar do que receber. Temos só o breve instante da vida para dar a Deus… e Ele prepara-se para dizer: «Agora é a minha vez…» Que felicidade sofrer por aquele que nos ama até à loucura e passar por loucas aos olhos do mundo. Julgam-se os outros por si mesmo, e como o mundo é insensato pensa naturalmente que as insensatas somos nós!... Mas no fim de contas, não somos as primeiras, o único crime que foi censurado a Jesus por Herodes foi o de ser louco e eu penso como ele!... sim era loucura procurar os pobres dos coraçõezitos dos mortais para deles fazer seus tronos, Ele o Rei de Glória que está sentado sobre os querubins…Ele a quem nem os céus podem conter…Estava louco o nosso Bem-amado, os seus íntimos, os seus semelhantes, Ele que era perfeitamente feliz com as duas pessoas adoráveis da Trindade!... Nunca poderemos fazer por Ele as loucuras que fez por nós, e as nossas ações não merecem este nome, porque são apenas atos muito razoáveis e muito abaixo daquilo que o nosso amor queria realizar. Portanto, o mundo é que é insensato visto que ignora o que Jesus fez para o salvar, é o açambarcador que seduz as almas e as conduz a fontes sem água… Nós também não somos nem preguiçosas nem pródigas. Jesus defendeu-nos na pessoa de Madalena. Estava à mesa, Marta servia, Lázaro comia com Ele e com os discípulos. Quanto a Maria, não pensava em tomar alimento mas em dar prazer Àquele que amava, por isso pegou num vaso de perfume de elevado preço e derramou-o sobre a cabeça de Jesus quebrando o vaso, então a casa toda ficou cheia do odor do perfume mas os Apóstolos murmuravam contra Madalena…Foi mesmo como para nós, os cristãos mais fervorosos, os sacerdotes acham que somos exageradas, que devíamos servir como Marta em vez de consagrar a Jesus os vasos das nossas vidas com os perfumes que neles estão encerrados…E todavia, que importa que os nossos vasos sejam quebrados se Jesus é consolado e se o mundo, mesmo sem querer, se vê obrigado a cheirar os perfumes que deles se exalam e que servem para purificar o ar envenenado que constantemente respira.»

Santa Teresa do Menino Jesus

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