Pela Solenidade de Santa Teresa - 2010
J M + J T

Caros irmãos  e irmãs no Carmelo Teresiano
Desejo que cada um/a de vocês, pessoal e comunitariamente, estejam caminhando com “determinada determinação”  no seguimento a Cristo.
No dia 15 de outubro deste ano de 2010, Festa da Santa Madre Teresa,  vamos entrar no segundo ano em preparação ao V Centenário de nascimento da Santa Madre Teresa (2015), com a leitura do e reflexão do Caminho de Perfeição.

O objetivo proposto pelo Capítulo Geral de 2009 é o de possibilitar um “contato direto com os escritos da Santa e a leitura sapiencial dos mesmos, que permita adentrar-nos na aventura humana e espiritual vivida e proposta por Teresa... para dar um novo impulso a nossa vida... a serviço da Igreja e do mundo.” (PVN 3) .
Segundo os testemunhos dos que  conviveram com Teresa e depois o leram seus escritos, era como se a estivessem escutando. O Caminho de Perfeição é de  suma importância para nós, pois nele Teresa condensou  pedagogicamente o seu carisma. Baste-nos recordar que foi o único livro que a Santa Madre empenhou-se em mandar editar e imprimir. Por isso, adquire particular relevância no momento histórico que vivemos em busca de aprofundamento do carisma carmelitano teresiano, como foi evidenciado no recente encontro de Londrina dos frades e monjas com nosso P. Geral!
Cada um de nós, enquanto pessoa humana, precisa de um rumo, um sentido, um objetivo no qual deve empenhar sua vida. Teresa, ciente disso, aponta como meta para o caminho da oração que traça no Caminho de perfeição ter os olhos em Jesus. Dá o conselho: “Fitai vosso esposo”. E isto para segui-Lo determinadamente com a cruz, quer no exercício da oração, pois Ele é o Mestre que nos ensina a rezar, quer na própria vida, pois em tudo ele fez  a vontade do Pai. 
Teresa pede o empenho na oração e a ascese pelo bem da Igreja, pois o “mundo está pegando fogo” e não se deve perder tempo com coisas de pouca importância. Interpelada pela realidade que a cerca, Teresa deixa-se tomar “pela ânsia, que, tendo Deus tantos inimigos e tão poucos amigos, de que estes fossem bons”. Decide-se a “fazer o pouco” que pode, isto é, “seguir os conselhos evangélicos com toda a perfeição” e que as que a acompanham fizessem o mesmo. Deposita sua confiança “na grande bondade do Senhor”, que “nunca deixa de ajudar a quem se determina por Ele a abandonar tudo”, pois a “pobreza aceita só pelo amor de Deus não precisa contentar senão a Ele”.
“Contentar” a Deus significa adquirir virtudes para  a vida concreta. Particularmente as do “amor fraterno”, do “desapego e da humildade”. Elas  produzem  a “paz interior e exterior”, levando, pouco a pouco a pessoa à conformação com a vontade de Deus, a fim de que o coração - “palácio” - esteja totalmente livre e Deus disponha dele como quiser:  “tudo reside em nos entregar a Ele com toda a determinação, deixando o palácio à Sua vontade, para que Ele ponha e tire coisas dele como se fosse propriedade Sua. E Sua Majestade tem razão; não Lhe neguemos o que nos pede. E como não pretende forçar a nossa vontade, Ele recebe o que Lhe damos, mas não Se entrega de todo enquanto não nos damos a Ele por inteiro”. E exclama: “Cumpra-se em mim, Senhor, a Vossa vontade, de todos os modos e maneiras que Vós, Senhor meu, quiserdes... disponhais de mim como de coisa Vossa, de acordo com a Vossa vontade”.
Desta forma, o orante, com a oração e a ascese  vai adquirindo coerência entre palavras e ações. E o Senhor vai  “habilitando-nos a receber grandes favores, já que o Senhor não se cansa de nos pagar nesta vida por esse serviço; Ele o preza tanto que já nem sabemos o que Lhe pedir, e Sua Majestade nunca cansa de dar.”
No final do Caminho, Teresa em seu humanismo, apregoa que, se a oração é autêntica, ela  humaniza. Enumera as virtudes da afabilidade, bondade, vigilância, amor e o temor como  realização do seguimento de Jesus. Dirá do amor e da  bondade  que são sinais que “até os cegos veem”: “Aqueles que de fato amam a Deus amam tudo o que é bom, desejam tudo o que é bom, estimulam tudo o que é bom, louvam tudo o que é bom. Aos bons se unem sempre, favorecendo-os e defendendo-os; não amam senão a verdade e as coisas verdadeiramente dignas de amor.” É já uma vida nova que  imita a de Jesus, o “Capitão do amor”, que “passou fazendo o bem”!

Caros irmãos e irmãs, desejo-lhes uma feliz festa da santa Madre  Teresa de Jesus e uma fecunda leitura do Caminho de perfeição! Que a Santa Madre interceda por nós em nossas necessidades pessoais e comunitárias. E o seu exemplo de amor pela Igreja  e ardor missionário nos estimulem ao amor e à fidelidade em nossos compromissos de cristãos e consagrados.
Com ela elevamos nossa gratidão ao Senhor por sua bondade em nos chamar ao Carmelo teresiano com as mesmas palavras com as quais  conclui o Caminho de perfeição:
“Bendito e louvado seja o Senhor, de Quem nos vem todo o bem que falamos, pensamos e fazemos. Amém”.
Fraternalmente,

Fr. Alzinir Debastiani, ocd
Outubro 2010

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