Nota de falecimento - FREI MIGUEL ANGEL FERNADEZ PEÑA

















Nome Religioso: Frei Miguel Ângel da Imaculada
Data de Nascimento: 21/02/1944
Primeira Profissão: 30/07/1961
Ordenação: 22/03/1969
+ 28/04/2009
Residia na cidade de Porto Alegre como mestre dos estudantes da Teologia, fazendo parte da Comunidade São João da Cruz - Glória
Que desde a GLÓRIA interceda por nós

Pedro Tomás Navajas: “Não podemos ser carmelitas sem Teresa de Jesus, sem sua palavra, sem sua presencia”

Fátima, 28-04-2009



O Documento Capitular “Para Vos Nasci” centralizou os trabalhos da Assembléia Capitular na manhã de hoje, 28 de abril. Grave a moderação do Frei Denis Chardonnens, sócio da Província de Avignon-Aquitania, o Frei Pedro Tomás Navajas, Provincial da província de Burgos, apresentou a parte operativa do Documento.

Navajas é membro da comissão formada pelo Frei Luis Aróstegui e composta também por Miguel Márquez –da província de Castilla, e na que colaboraram outros religiosos com os provinciais Sebastián García –da província de Aragón-Valencia- e Tomás Álvarez – da província de Burgos-. Este grupo de religiosos elaborou uma proposta de guia de leitura de Santa Teresa na Comunidade.

Frei Pedro Tomás expôs uma proposta de guia de leitura dirigida à leitura e aprofundamento do “Livro da Vida” de Santa Teresa de Jesus em cada Comunidade de religiosos. Organizada em três partes, a proposta se centra primeiro em um conjunto amplo de perguntas que ajudem proporcionar um encontro sensível com Teresa, “como a madre que se encarrega de que o fogo da casa não se apague. Não podemos ser carmelitas sem ela, sem sua palavra, sem sua presencia”, afirmou o Frei Navajas.

Um segundo momento consistiria em um “encontro cara a cara com a forma de falar e de dizer” de Santa Teresa, e em terceiro lugar “celebrar este aprofundamento de Santa Teresa em meio do povo”.

Os diferentes grupos lingüísticos se reuniram para debater e analisar a proposta deste guia de leitura e de material de aprofundamento dos escritos Teresianos. Posteriormente, os secretários relataram ao capítulo as conclusões dos grupos avaliando muito positivamente esta iniciativa, o trabalho realizado e as propostas concretas apresentadas.

Um rico intercambio de idéias e sugestões, durante o tempo de diálogo, foi dado quando iniciou a apresentação de diferentes propostas operativas. O objetivo, foi destacado pelo P. Geral, é “saber saborear, desfrutar com Santa Teresa. Apaixonarmos com Teresa e nossa identidade”.

A legislação em debate

Fátima, 29-04-2009



Archibald Gonsalves, provincial de Karnataka-Goa, moderou hoje as seções na aula capitular. A primeira seção da manhã foi dedicada a revisão das normas, uma a uma, com a ajuda do Frei Pedro Zubieta, jurista da província de Navarra. Cada uma destas normas previstas para uma modificação, foram estudadas posteriormente em grupos de trabalho por língua e regiões.

A seção da tarde começou com a exposição, por parte dos secretários dos grupos de trabalho, dos resultados do estudo finalizados na parte da manhã. Depois da intervenção de todos os secretários, os capitulares apresentaram suas opiniões a respeito da legislação proposta sobre o “grupos de leigos associados”. No diálogo na sala sobre os números tratados, se propôs a criação de uma comissão que redigirá o texto que será proposto para votação no próximo dia 1 de maio.

Frei Pedro Zubieta apresentou algumas propostas de modificação da legislação da Ordem

Frei Pedro Zubieta, da Província de Navarra, na qualidade de jurista, apresentou na aula capitular a proposta de “revisão de alguns artigos de nossa legislação”. A parte da tarde foi dedicada ao estudo destas propostas, primeiro com a intervenção do Frei Zubieta e posteriormente com o estudo de cada um dos artigos propostos.

“Uma das funções próprias do Capítulo Geral é revisar, se necessário, algum ponto das Constituições”, afirmou Frei Pedro ao começar sua intervenção, no que mostrou a necessidade de “modificar e complementar alguns números segundo a experiência do Geral e do Definitório do último sexênio.”

Estas modificações são especialmente em algumas Normas, com o fim de clarificá-las, assim como algum número novo que deveria introduzir-se para cobrir alguma lacuna legal. Em concreto na relação com os “Grupos de laicos associados”.

Notícias de nossa monjas Carmelitas



Queridos Confrades, o Bazar permanente do Carmelo terá dias especiais:
2 e 3 de maio.

Se você nos visitar, poderá adquirir lindos presentes para o Dia das Mães. Mas se a distância impedir a sua presença, Queridos Confrades, por favor ajude-nos a divulgar o Bazar e reze pelas intenções do Carmelo Nosso Senhora da Assunção e São José.
"Num coração de mãe, o amor tem reflexos de Deus".



Queridos Confrades, nos unimos com sua família, desejando que possam experimentar o quanto Deus lhes ama.


Para buscar a Deus, requer-se um coração despojado e forte, livre
de tudo o que não é puramente Deus.
(S. João da Cruz)

SEMANA DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES

















REZEMOS PELAS VOCAÇÕES

Na mensagem do 46o dia mundial de oração pelas vocações, o Papa vem nos recordar a insistência de Jesus aos seus discípulos: “Rogai ao Senhor da messe que envie trabalhadores para a sua messe” (Mt 9, 38). O pedido do Senhor nos atesta a importância de se manter viva a chama da oração pelas vocações para que aqueles são chamados tenham condições de responder aos apelos do Senhor.
Rezemos para que Deus encontre em cada um de nós sempre um coração aberto e generoso aos seus apelos...

Vocação é chamado de Deus. Todo chamado tem sua origem na história pessoal e vida de cada indivíduo. Vivendo plenamente no mundo, com suas alegrias, desafios e contradições, experiências do bem e do mal é que cada um pode perceber qual seu lugar nele, qual papel para a construção do Reino. Basta um coração aberto e generoso e nele Deus realiza seus projetos de Amor. Se num primeiro momento a tarefa fundamental é descobrir onde se encaixar no mundo, num segundo passo o desafio é descobrir e experienciar que todo chamado exige uma resposta. É o momento de colocar-se inteiramente na dinâmica da escuta constante da vontade de Deus, perguntando a cada dia: Senhor, que queres de mim? Como posso lhe servir melhor? O ato cotidiano de escutar o Senhor no silêncio do coração, nos acontecimentos da vida sejam eles extraordinários ou corriqueiros nos envolve de maneira profunda na realidade Daquele que nos chamou.















A atitude de estar sintonizado com o mundo é que nos garante a feliz a descoberta do nosso lugar específico no mundo e na obra de Deus. O movimento da vida nos abre muitas possibilidades, nos abre ao mistério de toda criação – ao mistério de Deus presente nas pessoas, nos eventos da história e na nossa história pessoal. Nos abre ao Deus que não nos deixa caminhar sozinhos, mas que orienta e fortalece nossos passos com pegadas firmes e profundas neste chão da história.


Frei Ronan do Sagrado Coração de Jesus, OCD

Eleito o novo Definitório Geral para o sexênio 2009-2015

Fátima, 24-04-2009

Os responsáveis de cada um dos grupos regionais apresentarão na Aula Capitular, durante a primeira parte da tarde, as contribuições do documento “Para vos nasci” analisados no trabalho realizado pelos grupos na última parte da manhã.

A eleição dos Definidores
Começaram as votações para eleger o grupo de oito definidores que comporão o conselho. O resultado da eleição foi o seguinte:
I Definidor e Vigário Geral: P. Emilio José Martínez González (Prov. de Castilla).
II Definidor: P. Albert Wach (Prov. de Cracóvia).
III Definidor: P. Agustine Mullor (Prov. de Manjummel ).
IV Definidor: P. Robert Paul (Prov. de Avignon-Aquitania ).
V Definidor: Marco Juchem (Prov. de Brasil-Sur).
VI Definidor: Peter Keong (Prov. de Corea).
VII Definidor: P. George Tambala (Malawi, Prov. de Navarra)
VIII Definidor: P. John Grennan (Prov. Anglo Irlandesa).

Depois da aula capitular o P. Geral contactou via telefone Peter Keong, e John Grennan, e por e-mail George Tambala, que não estão presentes no Capítulo Geral, para informar-los que haviam sido eleitos Definidores Gerais e perguntar -lhes se aceitavam o cargo. Os três religiosos aceitaram a nomeação.

Os novos definidores fizeram a profissão de fé. Concluindo a sessão com o abraço fraterno dos capitulares aos novos definidores presentes na aula.

Os carmelitas seculares Elizabeth Korves e Mathew Liow no Capítulo Geral
















“Ser membro do Carmelo Secular no é somente receber bens da Ordem, mais que pertencer a Ordem é também dar-se”

Fátima, 27-04-2009

O frei Josep Castellá, sócio da província da Catalunha, moderou a seção de hoje, 27 de abril, a qual se apresentaram diversas informações relativas ao Carmelo Secular (OCDS).

Trouxe a apresentação por parte do Delegado Geral para a OCDS, P. Aloysius Deeney, Elizabeth Korves, membro do Carmelo Secular de Oklahoma, apresentou aos capitulares o tema “As Constituições na vida da Ordem Secular e as relações entre os frades e os seculares”.

Os Carmelitas seculares estão “necessitados de um amplio conhecimento da formação no espírito do Carmelo e com uma boa formação para viver melhor o chamado a santidade e o apostolado da Ordem do Carmelo”, assinalou Korves durante sua intervenção.

Uma mesma chamada a Santidade compartilhada com toda a Ordem e expressada “na vivência de nossas obrigações: Oração mental, oração litúrgica, Missa diária, devoção a Maria, encontros com a comunidade e a missão da Ordem.”, afirmou.















Assim Elisabeth mostrou que ser membro do Carmelo Secular não “é solo de receber bens d Ordem, mais que pertencer a Ordem é também dar-se. Não basta ter devoção a Virgem, mais que o que distingue a vocação a Ordem é nosso compromisso com a mesma Ordem, e não devemos diminuir estes compromissos”.















Sobre apostolado, os seculares, afirmou, “compartilhamos a mesma missão apostólica e as constituições vêm os seculares uns colaboradores no ministério da espiritualidade da Ordem”. Alguns destes seculares organizam dias de retiro, outros administram centros de retiros, preparam livros e folhetos de nossos santos, etc.

Programa de formação OCDS

Mathew Liow, também membro do Carmelo Secular, nesta ocasião vinda da Malásia, apresentou o “Programa de Formação”. “Como estruturar e animar a formação? Como se Formam os OCDS para atrair mais para Jesus a nossas famílias e a nos mesmos?” assinalou Liow com questionamentos importantes a ter em consideração ao projeto formativo. Os programas de formação devem ser “capazes de adaptar-se, digerir e assimilar”.













O frei Aloysius apresentou também o programa de formação do Carmelo Secular filipino. Um programa estruturado em seis anos, acompanhando cada um destes anos um manual de ajuda, leituras e temas que foram programados. “Cada ano tem um manual de ajuda com conteúdo próprio. No final do período de formação tem estes livros em suas bibliotecas.”, referiu frei Aloysius.

Vigário Geral-Emilio J. Martínez



Fátima, 24-04-2009



Doutor em Teologia pelo Instituto Superior de Ciências Morais de Madrid da Universidade Pontifícia Comillas, Emilio J. Martínez González de Santa Teresinha é novo Vigário Geral dos Carmelitas Descalços, para o sexênio 2009-2015.

Madrilenho de 44 anos de ingressou na Província de Castilla em 1987 e emitiu sua primeira professão religiosa em Segovia em 1988. Fez sua profissão solene em 1993 em Salamanca e foi ordenado sacerdote em 1994 em Madrid.
Emilio J. González desempenhou numerosos postos de governo, como Conselheiro Provincial durante dois triênios e Vigário Provincial por três anos. Atualmente era o Superior Provincial de Castilla. Foi formador e como maestro de Estudantes durante seis anos, na comunidade de Salamanca.

Professor na Faculdade de Teologia da Universidade Pontifícia Comillas, e no Instituto Teológico San Esteban de Salamanca e ainda no Instituto Superior de Ciências Morais de Madrid.

Diretor da Revista de Espiritualidade, escreveu numerosos artigos sobre espiritualidade, de moral, bíblia e dos santos do Carmelo Santa Teresa, São João da Cruz e Santa Teresinha. Autor de livros como “La Ternura es el rostro de Dios: Teresa de Lisieux” e“Gandhi: Experiência de Dios y exigencia ética. Una apelación a la moral cristiana”, publicou ultimamente uma biografia de São João da Cruz com o título “Tras las huellas de San Juan de la Cruz”.

Nuno de Santa Maria, um grande homem

Mensagem do Presidente de Portugal por ocasião da canonização de Nuno Álvares Pereira

Santo Nuno Álvares Pereira


Porque escolheram o Beato Nuno os Carmelitas?


Durante mais de um século, o convento de Moura continuou a ser o único que os Carmelitas possuíam em terras lusitanas, até à intervenção do imortal Condestável D. Nuno Álvares Pereira, o instrumento por Deus escolhido para dar nova vida a Portugal e ao Carmo português. As glórias e grandezas conquistadas nos campos de Aljubarrota e Valverde, realizando a libertação da sua Pátria estremecida, Nuno as depôs humildemente aos pés da Virgem, orando pelo desapego a libertação da sua própria alma. Num poema de pedra e granito externou a sua gratidão para com Nossa Senhora, construindo em sua honra uma magnífica igreja gótica e um mosteiro para os religiosos que seriam chamados para o culto divino. A igreja devia ser a mais bela e espaçosa de toda a Corte. E Nuno conseguiu realizar o seu piedoso sonho.
A primeira pedra foi lançada em 1389, no mês de Julho, e alguns anos mais tarde as obras estavam tão adiantadas que o Condestável podia revelar a segunda parte do seu grandioso projeto: a escolha dos religiosos que haviam de cantar os louvores da Virgem Maria em tão monumental igreja: os Carmelitas de Moura.
Nos meados do último decênio do século XIV, dirige uma carta, “encantadora de forma, de estilo e de espírito português”, ao Vigário Geral Dr. Frei Afonso de Alfama, então Prior de Moura, comunicando-lhe a sua resolução de inaugurar a igreja e o mosteiro e, referindo-se a entendimentos anteriores, pede que sejam agora enviados os frades que haviam de morar no novo convento. Eis o teor da carta, transmitida por Pereira e na nossa acomodação:
“Ao mui honrado Frei Afonso de Alfama, Vigário Geral do Mosteiro de Santa Maria de Moura; Salve Deus!
Antes de tudo beijo o vosso santo escapulário, dom extremado da Mãe de Deus, que o trouxe do Céu, para a defesa dos seus frades, pela muita afeição que lhes devia desde sua vida; e desde então aprouve-lhe que não fosseis mais ofendidos pelos maus nas terras onde estáveis. Tudo isto merecestes pela vossa vida exemplar que agrada à bendita Mãe do Carmo. Sabei que por ora vos rogo e peço aquilo de que vos já falei e que é de grande serviço para Deus e sua santa Mãe, que me fizeram grandes graças e favores. E por tudo que recebi estou fazendo este mosteiro para Maria Santíssima, o qual, graças a Deus, vai bem adiantado, com os bens que o mesmo Senhor me deu. E como quer que desde o começo determinei que nele estivessem frades, ou freiras do meu agrado, o que, segundo creio, já vos contei, agora vos peço e rogo, como mercê, que venhais para maior serviço de Deus e de sua Mãe, que do alto estarão olhando para tudo que em sua glória fizerdes. Além disso vos rogo que o Dr. Frei Gomes, que boa e merecida fama tem, venha como prior dos outros frades, pois que assim agrada a meu Rei e Senhor, que me falou de sua vontade de, quanto a este mosteiro, combinar em tudo comigo e de auxiliar-me conforme a minha intenção.
E podereis trazer os frades, até ao número que antes vos disse, e que sejam bons, portugueses fiéis à Pátria, do modo que vos parecer melhor, pois sois o Superior deles na Religião.
E como, segundo a vossa lei, não comeis carnes e tendes jejuns muito prolongados, não achareis aqui falta de provisão, porque ficará aos meus cuidados dar-vos comida e roupa suficientes, pois do que é meu, e do que Deus e o Rei meu Senhor me deram, posso fazer mercê, e isto é tornar a ele o que antes me concedeu.
E por circunstância alguma deixai de vir imediatamente depois de meu pedido, para fazerdes todos os serviços sacerdotais para o tempo que estiverdes aqui neste mosteiro encarregados da sua cura espiritual, pois haverá bastante lugar para fazerdes a vossa oração e onde podeis viver retirados no silêncio da vossa regra, que vos como corre a fama, deram tão grandes merecimentos diante de Deus. E por ora não tenho mais que dizer.
Escrita em Lisboa, no primeiro de Janeiro, no ano da Era mil quatrocentos e trinta e tal”. (1)
Frei Diogo Gil, um dos primeiros habitantes do novo convento e o segundo provincial da Província, dá, como tempo da chegada dos Carmelitas a Lisboa, o ano de 1397; “Era de Cesar 1435”. Vieram os Padre de Moura Carmelitas para o mosteiro do Carmo de Lisboa, que havia feito o Condestável Nuno Álvares Pereira... (2)
Destas pouca notícias podemos ver que o Beato Nuno conhecia bem os Carmelitas e a Regra que seguiam. E porque lhe agradara a sua vida exemplar e mariana, convidou-os para tomarem posse da fundação que fizeram em honra da Santíssima Virgem. A doação, porém, ainda não era definitiva, pois o Santo Condestável desejava verificar pessoalmente se a vida dos frades escolhidos correspondia à fama. Somente os melhores seriam considerados dignos de servirem a Nossa Senhora no mosteiro de Santa Maria. Em 1423, a 6 de Julho, celebrou-se o primeiro capítulo provincial de Portugal, sob a presidência de Dr. Frei Afonso de Alfama, que foi eleito Provincial e como tal confirmado, em 1425, no Capítulo Geral da Ordem.
Durante este primeiro Capítulo da Província lusitana, o Condestável fez a doação definitiva à Ordem Carmelita da Igreja e do Convento, com todos seus bens que lhe haviam sido incorporados, mandando depois lavrar uma escritura, datada em 28 de Julho de 1423: “E que por quanto no dito mosteiro via frades bons, e virtuosos, e que vivem bem, e em serviço de Deus” que declarava sua vontade que até agora o tempo tivera guardada. E que daqui em diante provocava o dito mosteiro ser da Virgem Santa Maria, e da sua Ordem do Carmo, e que fazia de pura doação para sempre a dita Ordem com todas as rendas, e direitos, que o dotado para os frades da dita Ordem...” (3)
Poucos dias depois, no início do mês de Agosto, Nuno Álvares Pereira fez mais outra doação, a última que podia fazer: a doação de si mesmo, entrando para a Ordem, como humilde Irmão leigo ou semi-frade, a fim de consumar a sua obra principal: a santificação da sua própria alma. Durante pouco menos de 8 anos havia de edificar a todos por sua profunda humildade e piedade. Faleceu no 1º de Abril, provavelmente de 1431, no meio de seus irmãos desolados, e pranteado por todo o Portugal. (Escapulário do Carmo, Outubro, 1956, pp. 10-12).
Manuel Maria Wermers [Escapulário do Carmo, Outubro, 1956, pp. 10-13]
NOTAS:
1 - Começando a Era de César 38 anos antes da nossa, a carta podia ser escrita entre 1394 e 1401
2 - Por essa notícia vê-se que a carta do Condestável foi escrita entre 1394 e 1397, ano da chegada.
3 - Certos autores afirmam que o mosteiro tenha sido doado aos Carmelitas Descalços. Ora, no tempo do Beato Nuno não existia nenhum Carmelita Descalço. A Ordem dos Descalços, ou dos Teresianos, foi fundada quase 200 anos mais tarde. Quando se fala em Carmelitas, sem mais outra especificação, devemos entender os Carmelitas da Antiga Observância, e não os Carmelitas Descalços que dela se afastaram.

Celebração Eucaristica na Capela do Santuario em Fátima

O bispo de Fátima recorda que o grande labor do Carmelo é despertar nos cristãos a “capacidade interior de escutar a Deus”
















Fátima -18/04/2009
“A mística, consubstancial a vida cristã”

A capela das Carmelitas Descalças acolheu, ao meio dia de hoje, a celebração da eucaristia na qual participaram os assistentes do Capítulo Geral, esta foi presidida pelo bispo da diocese de Leiria-Fátima, Mons. António Augusto dos Santos Marto.

“Quero unir-me a vos, na oração eucarística e pela interseção do Espírito Santo, ao vosso Capítulo Geral” sublinhou o prelado que em sua homilia assinalou que este encontro da Ordem “está marcado pela gloria espiritual da ressurreição”.

D. Antonio afirmou em sua homilia, pronunciada em italiano, que a espiritualidade carmelitana é “profundamente atual para a evangelização hoje” e se deteve em detalhar algumas características das linhas contemplativas - mística e de afeto a Mãe do Monte Carmelo essenciais para a Ordem.

O prelado recordou aos capitulares que a contemplação e a mística “é consubstancial a vida cristã”. “Ante a mediocridade e a banalidade de um horizonte exclusivamente mundano” e a atitude de “muitos cristãos que dão imagem de uma fé sem encanto, sem entusiasmo e sem coragem,” as comunidades contemplativas são testemunho vivo da fé em Cristo, afirmou o bispo.

Esta “visão contemplativa da fé é para todo povo cristão, no só para as elites. O trabalho de vossa ordem, e de vossa espiritualidade é iluminar o momento presente. Suscitar de novo o apetite espiritual de que carecem tantos cristãos: a capacidade interior de escutar a Deus.”

O professor Juan de Dios Martín Velasco refletiu no Capítulo sobre “A espiritualidade carmelitana no mundo de hoje”


Fátima, 18-04-2009



O grupo da Europa Central foi encarregado de animar na manhã de hoje, 18 de abril, a oração das laudes com a qual os capitulares iniciaram a segunda jornada do Capítulo Geral.

Durante a primeira parte da manhã, a Assembléia capitular contou com a presença do professor e sacerdote espanhol Juan de Dios Martín Velasco que apresentou a conferencia nominada “A espiritualidade carmelitana no mundo de hoje”. Em sua intervenção, o importante fenomenólogo, fez uma rápida panorâmica da denominada crise do religioso que nos últimos anos está avançando no Ocidente.

Ante a pergunta “Que pode contribuir a espiritualidade carmelitana a Igreja e a sociedade a que tem que servir?”, Martín Velasco afirmou que como “papel fundamental do Carmelo é redescobrir a contemplação como resposta a crise religiosa e a crise do homem e do sujeito.”

O conferencista refletiu a experiência de Santa Teresa do Menino Jesus como protótipo de mulher contemplativa, sensível a falta de fé e capaz de dar uma resposta nova afastada da fria teoria. A carmelita de Lisieux, que conhece a impiedade e o ateísmo de seu tempo e sente, cabe algo mais, o vazio das “almas sem fé” porque conhece a luz de Deus oferece uma resposta longe da confrontação, que passa por assumir a própria provação dos que não tem fé; no se trata tão pouco de uma resposta a partir do “prodigioso”, mas do aprofundamento na fé, afirmou Juan de Dios Martín Velasco.

Com debate sobre o relatório da economia do sexênio 2003-2009, na parte da tarde pelo Ecônomo Geral, Attilio Ghisleri, terminaram os trabalhos da Assembléia Capitular naquela aula.

Os capitulares mantiveram um ameno diálogo com um dos conferencistas


O professor Miguel García-Baró abriu uma reflexão sobre “a fé cristã na perspectiva filosófica”

Fátima, 18-04-2009



“A fé cristã na perspectiva da experiência filosófica” foi o título da conferência que partiu o filósofo e professor da Universidade Pontifícia de Comillas de Madrid, D. Miguel García-Baró, na primeira tarde da tarde de 18 de abril.

Em sua exposição, García-Baró recorreu, num primeiro momento, a um conjunto de críticas que vêm de fora da fé, para terminar, depois de fazer uma meditação centrada no amor absoluto e na importância esperança absoluta a que conduz o esplendoroso e trágico no mundo.

Ao finalizar a conferência do professor García-Baró, abriu-se o debate no qual os capitulares poderão apresentar suas dúvidas e opiniões com os dois conferencistas do dia: Juan de Dios Martín Velasco y Miguel García Baró. Um agradável diálogo foi servido para a assembléia Capitular para aprofundar alguns aspectos para a Ordem do Carmelo Descalço nos dias de hoje.

A ORAÇÃO RELACIONAL - por Frei Ronan Siqueira

















A nossa regra traz como exortação a relação com Deus por meio da meditação contínua de sua Palavra. Esta é nossa raiz relacional. Já com a reforma empreendida por Santa Teresa, fica claro que para a Santa este aspecto relacional é de suma importância: oração é um trato de amizade com Aquele que sabemos que nos ama. Como interpretar isso? A postura primordial na relação é aquela onde as pessoas se colocam tais quais são e estão.
Aqui cabe ressaltar o valor da palavra amigo, já que a Santa refere-se a um possível trato de amizade. A visão de amigo é geralmente alguém próximo, em quem confiamos, que gostamos de encontrar e que nem sempre é necessário dizer alguma coisa. Este é o ponto chave da oração teresiana: oração é igual a relação. Estar com Deus Pessoa. E, na continuidade do dia trazer presente várias vezes a sua imagem. Diz a santa: imagine-o acolhendo a Samaritana, afagando as crianças, perdoando a pecadora. Insiste: encontramos Deus até mesmo entre as panelas.
Para simplificar, Santa Teresinha diz, partindo de sua própria experiência: a oração é um simples alçar de olhos ao céu.
A oração teresiana quer nos colocar numa relação de liberdade, onde vamos ao encontro do Rei que habita dentro do Castelo de noss’alma com tudo aquilo que somos e temos.

UMA HISTÓRIA DE SANTIDADE




CONHECENDO MELHOR A SERVA DE DEUS


Aqueles que ouvem falar da Madre Maria Imaculada, pela primeira vez, certamente desejam conhecer melhor esta mulher que soube enfrentar, com heroicidade, o cotidiano da vida. Esta Carmelita Descalça – que em seus longos anos de Fundadora, Priora e Mestra, ou simplesmente como uma monja carmelita – nos momentos mais difíceis, não se desesperou e, sim, se abriu à fortaleza do Espírito Santo.
Esta carmelita que, apesar de sua vida oculta pelos muros do claustro, tornou-se conhecida em toda a cidade de Pouso Alegre e em outras regiões, porque dela emanava uma grande força, uma sabedoria de quem soube aprofundar as verdades evangélicas!...
Todos aqueles que conheceram Madre Maria Imaculada são unânimes em afirmar que seu rosto sereno tinha uma expressão de amor, de bondade e paz.
No entanto, sabemos que, por temperamento, era uma pessoa enérgica, exigente e determinada. Com o decorrer dos anos, porém, diante dos difíceis acontecimentos da vida, medi-tados nas longas horas de oração, diante do sacrário, foi-se transformando... E seu rosto passou a refletir a beleza de uma alma justa, entregue ao Senhor, num total abandono à sua Von-tade.
A partir de então, era impressionante a sua calma, a humil-dade de coração, sua união com Deus, cuja presença deixava transparecer. E isto, não de modo sentimental, mas de maneira objetiva, na vivência da caridade. E, sem caridade, ninguém é santo.
Sobre ela, foi publicada uma biografia, em 2004, intitulada: “Uma vida a serviço de Deus”, escrita por uma de suas filhas carmelitas, cuja edição está esgotada. Mas já se providencia uma nova edição atualizada.


CRONOLOGIA DA VIDA DE
MADRE MARIA IMACULADA
DA SANTÍSSIMA TRINDADE, OCD
Nasceu aos 08/07/1909, recebendo na pia batismal, a 12 de agosto, o nome de Maria Giselda Villela.
Ingressou no Carmelo de Santa Teresinha, em Campinas (SP), a 29/11/1930, recebendo aí, o santo Hábito de Nossa Senhora do Carmo, aos 12/04/1931. Fez sua Primeira Profissão aos 13/04/1932 e, os Votos Solenes, aos 13/04/1935. Tendo sido es-colhida por Deus, veio para Pouso Alegre (MG), em 26/10/1943, como Fundadora do Carmelo da Sagrada Família.
Cumpridora fiel dos conselhos evangélicos e de seus votos religiosos, viveu plenamente sua vida de Carmelita Descalça, dei-xando-nos um magnífico exemplo de fidelidade a Deus e de amor ao próximo.
Faleceu aos 20/01/1988.
Em vista do contínuo e espontâneo movimento de seus de-votos junto ao seu túmulo, impelidos pela fama de santidade, a Ordem do Carmelo solicitou, à Igreja, a abertura de sua Causa de Canonização.
Deste modo, em 30/09/2006, deu-se oficialmente a abertura do Processo de Canonização, pelo nosso Arcebispo, Dom Ricardo Pedro Chaves Pinto Filho, Opraem.
A Serva de Deus foi exumada, em 12/04/2007 e inumada em 15/04/2007.
Continua crescente o número de pessoas que visitam sua Capela Mortuária, para rezar junto aos seus veneráveis despojos e pedir graças por sua intercessão.


Solicitamos àqueles que alcançarem graças por intercessão da Serva de Deus, Maria Imaculada da Santíssima Trindade, que comuniquem as mesmas ao:
Carmelo da Sagrada Família,
R: Com. José Garcia, 1307 – Cx.P 171
Pouso Alegre - MG.
Cep: 37550-000
Fone: (35) 3421-1103

Edição critica de História de uma alma


O Frei Conrad De Meester reexaminou totalmente, os arquivos do Carmelo de Lisieux, oas aspectos de autencidade de História de uma alma, de Santa Teresinha do Menino Jesus, e submeteu os manuscritos a um exame minucioso. O resultado causou sensação. As conclusões, de fato, obrigaram o autor a publicar uma edição critica totalmente nova, que porporciona uma leitura mais fidedigna da obra. Ilustrada, apresentada e anotada com precisão e senso pastoral, ela está destinada a tornar-se a edição de referência.
CONFIRA!

HISTÓRIA DE UMA ALMA
Teresa de Lisiseux
Nova edição crítica por Conrad De Meester
Editora Paulinas.

Uma vida escondida


















Na Jornada pro orantibus, um olhar sobre a clausura das Carmelitas, aparentemente longe do mundo, mas perto das pessoas


Um silêncio que não se aprecia, mas é provocador. Uma alegria que desconcerta. Uma luminosidade que entra pelas janelas do Carmelo de Fátima e que surpreende na espontaneidade dos gestos, dos sorrisos, do acolhimento. Uma certeza que se ganha e que surge como uma graça. Diz a Superiora do Carmelo de Fátima, a Irmã Cristina Maria que esta “é uma vida que só se compreende à luz da fé”.
Será o Carmelo de Fátima um convento para o século XXI? As Carmelitas descalças são seguramente pessoas do Século XXI. O tempo passa e trás coisas novas. Mas é esse mesmo tempo que dá também a resposta da vocação e constrói a família dentro do convento.
Carmelo significa "jardim". Conta a tradição que o profeta Elias se estabeleceu numa gruta, no Monte Carmelo, seguindo uma vida eremítica de oração e silêncio.
O silêncio e a oração humanas são iguais, mas encontram caminhos atuais.
O carisma de Santa Teresa de Jesus, reformadora das Carmelitas descalças, está vivo na Igreja, tal como esteve no século XVI, altura que ela viveu. “Mas tem que ter traduções e formas de se manifestar diferentes porque, obviamente, vivemos numa cultura diferente”, explica à Agência ECCLESIA a Irmã Cristina Maria.
Porque a vida se renova, não se pode pedir a uma pessoa que viva nas mesmas condições do Século XVI, mesmo sendo em clausura.
Mas o possível conforto “não retira em nada à vida de uma carmelita porque «os verdadeiros adoradores hão-de adorar o Pai em espírito e em verdade»”, recorda a Superiora.
“É este o culto que o Pai deseja e é este o caminho que nós levamos na adaptação aos novos tempos. O importante é que o nosso coração seja só dele. E procuremos que a nossa vida seja toda para Ele e para os irmãos”.
O estar longe e próximo
A vida de uma Carmelita é, tal como era no tempo da Santa Teresa, uma vida escondida, de clausura que não tem visibilidade.
“As pessoas não sabem o que estamos aqui a fazer porque não vêem nada de concreto”. Da oração não se faz eco. Mas é a oração que ecoa nas paredes do Carmelo.
“Fazemos muita psicoterapia às pessoas”. Ao Carmelo dirigem-se pessoas através de carta ou email, pessoas que pedem orações que chegam do mundo inteiro, uma comunicação facilitada através da Internet, a que as irmãs procuram responder “fazendo chegar uma palavra de conforto”.
“É muito bom quando podemos dar testemunho do que se vive dentro do Carmelo”, aponta a Irmã Cristina Maria. Os escritos não se esgotam no testemunho vivo que, em especial os jovens, portugueses e estrangeiros, procuram.
Há muitos que se dirigem ao locutório e por isso mesmo no novo Carmelo de Fátima, as irmãs decidiram fazer um locutório grande.
“Normalmente as pessoas querem saber o que é o Carmelo. Nessa altura «espraiamo-nos» à vontade e damos testemunho da nossa vida”, recorda a Superiora, sem esquecer que “a nossa missão é para ser vivida”.
A vida do Carmelo não é para ser explícita. “Entramos para o Carmelo mais para ser do que para dizer o que aqui se faz”.
Um mundo pequeno
Vive-se e morre-se no Carmelo. Só se vai para o hospital em situação extrema. Por isso, a parte superior do Carmelo, em Fátima, está preparada para tratar das irmãs que estão doentes.
Nas imediações do convento está o cemitério onde estão sepultadas as irmãs que moraram nas antigas instalações e onde, serão sepultadas as irmãs que agora habitam o novo Carmelo.
As 20 irmãs que ali vivem, com idades entre os 23 e os 83 anos, são todas muito diferentes, em culturas, em educação, em temperamento também.
“Cada uma veio de seu lado”, apesar de presentemente, se encontrarem no Carmelo muitas irmãs naturais de Lisboa.
“Conhecemo-nos muito bem, ajudamo-nos muito umas às outras”. Nem por isso é fácil, tal como no conceito comum de família.
Mas a Irmã Cristina explica que “a nossa oração é efetiva e eficaz na medida em que uma comunidade de carmelitas for uma comunidade de amor”. Por isso, nunca excedem as 21 religiosas no convento, “para que sejamos uma comunidade familiar”.
Também neste processo se vive a entrega, do passar por cima, de quebrar fronteiras e barreiras psicológicas que cada uma possa ter. “Tudo isto acaba por tornar a comunidade terapêutica, mas também fecunda na nossa oração”, pois, explica a Superiora, “a nossa oração só é verdadeira se eu amar a minha irmã que está aqui perto de mim”.
Entrar no Carmelo
A faixa etária das irmãs no Carmelo mostra que a vivência é alegre e cativa as gerações mais novas. Neste momento, a comunidade conta com uma postulante, que assim se identifica orgulhosamente.
“Claro que se encontra um testemunho de vida alegre e a pessoa tem de fato essa vocação, ela desabrocha mais facilmente, porque provavelmente percebe um eco dentro de si como algo verdadeiro”, explica a Irmã Cristina.
Mas só se entra para o Carmelo “quando há vocação”.
As pessoas percebem que é uma vida que tem um “esquema muito particular” e uma vocação ao Carmelo, “nunca é uma vocação que se abrace de ânimo leve”. Uma candidata que mostre desejo de entrar no Carmelo, “nunca entra a correr”. Há tempos de prova.
“Não é possível sequer agüentar uma pessoa no Carmelo, que entra aqui por razões de desgosto ou insatisfação com o mundo. A certa altura não agüenta e facilmente perde a força para continuar”.
O processo de discernimento é acompanhado sempre por um sacerdote, ao mesmo tempo que a candidata mantém contacto com a irmãs. “Este intercâmbio ajuda a tomar consciência e a amadurecer a sua decisão”.
Se depois deste processo, a decisão de entrar no Carmelo continua, a candidata faz então uma experiência junto das irmãs.
“Gostamos que elas façam uma experiência de um mês”. Uma oportunidade para ver a vida carmelita e perceber como se sentem. No final, saem das paredes do Carmelo, para um novo período de reflexão e discernimento. Se ainda acharem que querem entrar, então entram.
Mas é tudo um processo lento e gradual, que demora o seu tempo. “Ninguém pode tomar uma decisão destas de repente”, frisa a Irmã Cristina.
Quando entra, fá-lo como postulante - uma fase que dura entre seis meses a um ano e meio. “Sem hábito, acaba por ser uma leiga, mas que vive dentro da clausura”. No final desse período, toma a decisão, ou não, de vestir o hábito e torna-se noviça.
Depois de dois anos com o hábito e com o véu branco - anos de noviciado – a candidata faz a primeira profissão, temporária, renovada ao final de um ano, por um período máximo de três anos. Chegado ao final dos três anos, a noviça faz a profissão solene, onde adquire o véu preto.
Este processo equivale a seis anos de profissão, onde se pretende que a candidata reflita na sua vocação, onde a comunidade a conhece e onde se percebe se de fato “é ou não é”.
Esta é uma vocação que não se abraça de ânimo leve, pois as exigências, até em nível familiar, são marcantes. A Superiora explica que “a família não a pode ter junto dela sempre”, apesar das visitas que fazem e do visível carinho.
Prestes a fazer 19 anos de entrada no Carmelo, a Irmã Cristina recorda a sua opção.
Inicialmente “quando fui chamada, não achei graça nenhuma à idéia de vir para o Carmelo”. Na altura, a Irmã Cristina Maria desconhecia, inclusivamente, o que era o Carmelo.
Cristina Maria leu Isabel da Trindade, uma monja carmelita francesa, e “gostei muito”. Foi quando percebeu que “alguma coisa fazia demasiado eco dentro de mim”, porque, conta, “toda a vida pensei casar e não teria grandes problemas com isso”.
O chamamento foi forte, ao ponto de dizer que “só quando entrei no Carmelo é que sosseguei”.
“Estou aqui não pela minha força ou perseverança, mas porque Deus me concede essa graça” e adianta que “no dia em que Ele me tirasse essa graça eu não seria capaz de aqui continuar”.
A forma como hoje vê o Carmelo é completamente diferente de quando entrou. No início, recorda, tinha muito vincada a idéia de “eu e Deus”.
“Vim para aqui para amá-lo, sem dúvida”. Mas a pouco e pouco “o coração, porque facilmente a cabeça compreende isto, vai compreendendo mais profundamente a importância, pois não vale a pena amar a Deus se não amamos os irmãos”.
Alegria vivida
Nos dias circundantes à inauguração do novo Carmelo de Fátima, sendo também uma ocasião especial, a alegria que as irmãs sentem é redobrada. Mas este é apenas um sinal exterior do que se vive e sente por viver no Carmelo.
O acolhimento e a entrega que as irmãs sentem e demonstram por todas as pessoas que as visitam transborda.
“Quem procura relacionar-se com Deus tem que saber relacionar-se com os homens, o que não quer dizer que nós saibamos fazê-lo, mas tentamos”.
A Superiora atribui a alegria do acolhimento à ternura que sentem. “Temos muitas pessoas nossas amigas e talvez seja uma forma de nos fazermos próximas delas, já que tantas vezes não temos ocasião para mostrá-lo”. Mas o que brota para fora é o que se vive dentro. “Há uma empatia mútua que se cria assente na fé das pessoas”.
Uma senhora na inauguração da Capela dedicada aos Pastorinhos de Fátima dirigiu-se à Irmã Cristina para manifestar a sua alegria por participar na cerimônia e por poder visitar as instalações. “Mas frisou que o que tinha gostado mais tinha sido do acolhimento das irmãs”.
A Irmã Cristina Maria dá conta de um “mundo tão frio que as pessoas necessitam de um sorriso, de uma palavra, de um acolhimento, que é o que menos têm”.
Mesmo do lado de dentro do Carmelo, a Superiora nota que “as pessoas passam a vida a correr de um lado para outro, e acabam por se tratar superficialmente. Por isso, quando se encontra um coração que acolhe, a pessoa sente-se bem”.
“O acolhimento é dos valores que atualmente as pessoas mais precisam e mais desejam”, enfatiza. O Carmelo é também chamado a dar visibilidade “desse acolhimento e amizade, do abrir os braços às pessoas e sabê-las amar”.
Vida, dia a dia
As carmelitas iniciam o seu dia às 5h45. Meia hora depois encontram-se para rezar Laudes e depois, segue-se uma hora de oração mental. “Estamos todas juntas, no coro, perto da capela, onde vemos o sacrário, mas cada uma está a rezar em silêncio”, explica a Superiora.
Depois desta hora, segue-se o pequeno almoço “e fazemos mais qualquer coisa” antes das 8h15, hora em que celebram a eucaristia. Os responsáveis atuais pelas celebrações eucarísticas são os padres da Consolata.
Após a eucaristia “rezamos Tércia”, uma “hora menor do Ofício Divino” e depois as irmãs, realizam as mais diversas tarefas, até ao meio dia.
Às 12h rezam o Angelus e segue-se o almoço em silêncio. Na sala da refeição está um púlpito onde uma das irmãs lê uma leitura, uma história de um santo, o catecismo ou até mesmo notícias do Observatório Romano, enquanto as restantes comem.
Após o almoço e a arrumação da cozinha que “é muito rápida pois todas ajudam”, segue-se uma hora de recreio.
“Não se trata de saltar ao eixo”, brinca a Superiora, mas admite que “somos muito barulhentas umas com as outras”. Habitualmente em silêncio, nas horas de recreio “somos muito esfuziantes e quando podemos falar procuramos mostrar essa amizade”, aponta.
No recreio as irmãs estão todas juntas a fazer várias tarefas. “Algumas descascam batatas, outras fazem terços para vender para a loja” – uma forma de subsistência - e “falamos muito”.
Segue-se uma visita ao Santíssimo e voltam para o trabalho até às 15 horas. Nesta altura rezam a hora de Noa, “outra hora pequena do Ofício”.
Segue-se uma leitura espiritual durante uma hora. Pelas 16h15 regressam ao trabalho até às 17h30, hora das vésperas.
Segue-se “nova hora de meditação mental, tal como de manhã” e depois as carmelitas jantam, tal como na hora do almoço, acompanhadas de uma pessoa a ler.
Novamente recreio à noite e passado uma hora, rezam “o ofício de leituras”.
No final desta oração, “toca uma sineta e é o silêncio grande”, descreve a Ir. Cristina. Não se trata de um silêncio rigoroso, “podemos falar se necessário, mas o desnecessário deixa-se para depois”.
A partir das 21 horas até às 21h45, as carmelitas seguem para a cela, “em silêncio” e “fazemos o que precisamos. Algumas lêem, outras estudam, outras escrevem e depois rezamos completas, todas juntas”. Quando terminam pelas 22h 15m, é hora de recolher às celas.
É uma vida muito particular. “Uma vida de silêncio, de oração, de solidão mas não solitária, não no sentido triste”, avança a Superiora.
As pessoas não estão habituadas ao silêncio. Quando se entra no Carmelo, a Irmã Cristina registra a dificuldade de “nos habituar ao silêncio, saber estar em silêncio”. Mas esta quietude não significar “estarmos apenas conosco mesmas, mas abrir um espaço para que Jesus possa falar”.
A Superiora descreve um espaço em que há silêncio, mas onde “há relação com as irmãs e é isso que faz com que a nossa oração vá crescendo e nós também”. Sabiamente acrescenta que “aprender isto, às vezes, leva uma vida”.
O silêncio surge com a naturalidade. Não sendo nada simples, tudo no Carmelo parece natural.
“É muito bonito quando se chega à possibilidade de perceber o Carmelo como algo muito simples, mas cheio de uma beleza muito grande”, aponta a Superiora.
“Jesus viveu 33 anos, numa vida simples, de família, escondida. Viveu para mostrar que isto é o essencial da vida”, explica.
A descrição e serenidade são condições que hoje são distantes das pessoas. “Todos querem ser visíveis, chamar a atenção” ao ponto de viver na descrição não ser compreensível para as pessoas.
Mas esta vida “na naturalidade, no óbvio, o permanecer na autenticidade faz com que a vida, realmente seja vida”, resume simplesmente.
No Carmelo, porque a clausula não permite a exposição, “temos condições para viver em autenticidade, em naturalidade, para que possamos fazer uma experiência de Deus”.
Uma experiência também possível aos leigos que pode converter.
“As pessoas mais afastadas da Igreja deixam-se tocar não por palavras nem por livros que leiam, mas pelo «Vinde e vede». E aqui experimenta-se a vida de família, e sente-se o amor”.

Notícias da Holanda


Fr. João Bontem é operado na Holanda

No dia 15 de abril Fr. João Bonten, superior do nosso convento na missão em Handel, Holanda, submeteu-se a uma cirurgia no hospital local. Fr. João, que já tinha feito a mesma cirurgia em S. Paulo antes de sua viagem, teve que repeti-la agora. Fr. João já voltou ao convento e tudo correu bem durante a intervenção. Agora precisa de cuidados para recuperar-se. No dia de sua jornada no hospital, fr. João de Deus assumiu as Missas que estavam programadas na Paróquia. Rezemos para que fr. João se restabeleça logo!

Frei Luciano Henrique manda crônicas da Holanda


















Estimados irmãos, irmãs e amigos do Carmelo Descalço no Brasil,


O dia 05 de abril de 2009 foi um marco para a Diocese de Den Bosch, para a Paróquia Santuário Nossa Senhora da Assunção, para a Ordem Carmelitana Descalça, para a nossa

Província. Um verdadeiro encontro eclesial e fraterno! Eis com certeza as melhores palavras para expressar esta intensa e fecunda experiência vivida por nós do Convento São José em Handel/Holanda.

Juntamente com a Solene Celebração Eucarística do Domingo de Ramos tivemos a oficialização da nossa presença nessas novas terras de missão. Presidiu a Santa Missa D. Antonius Hurkmans, Bispo titular da diocese de Den Bosch. Também marcaram presença: o nosso Padre Geral Luis Aróstegui; Frei Ad Smits (Provincial dos Carmelitas Descalços na Holanda), acompanhado pelos Freis Benedicto, Conrado, Adriano e Inácio, também Carmelitas da Província Holandesa; Frei Conrado de Meester (Provincial dos Carmelitas Descalços na Bélgica); Padre René Wilmink (pároco aterior do Santuário), religiosos e um número significativo de pessoas amigas na assembléia. Dentre as várias personalidades estavam alguns carmelitas seculares, um grupo de brasileiros e o Sr. Prefeito de Gemert-Boekel cuja Handel está inserida.



Terminada a celebração eucarística, nos dirigimos ao convento para uma recepção. Nesse momento o Sr. Prefeito fez um discurso de acolhida à nossa comunidade. Depois continuamos a festa nos confraternizando como uma só família cristã.



O que marcou nesse dia tão especial foram as disposições para o encontro, tanto da nossa parte, como da parte do nosso Prepósito Geral, dos nossos confrades holandeses, do bispo, dos religiosos, dos paroquianos e do povo de Deus em geral. No que se refere à nossa comunidade conventual, creio que estamos dispostos à nos formarmos cada vez mais para o encontro. Se se forma para o encontro, gratuito e acolhedor, afetivo e efetivo, não se precisa preocupar com outras questões de apostolado. O desejo de encontro, cultivado na oração e na intimidade com o Senhor, por quem devemos estar totalmente apaixonados, gera determinação para assumir o compromisso do testemunho e, com certeza, disposição missionária em vista da consagração absoluta e decidida a Deus e ao seu povo. E, uma vez disponíveis, poderemos empreender o grande sonho que é a revitalização carismática e o despertar de um novo tempo kairológico para a humanidade.

Estamos rezando por todos, mas também, contamos com as orações de vocês. E vivenciando agora este tempo forte da nossa liturgia em que celebramos a Ressurreição de Jesus Cristo, possa cada um de nós testemunhá-lo com alegria, reafirmando que Ele é e sempre será o Senhor da Vida e da Esperança.


Zalig Pasen !!! (Feliz Páscoa)



Com ternura, em nome da nossa comunidade, envio-lhes meu fraterno abraço…



Frei Luciano Henrique, OCD

Novo Geral dos Carmelitas Descalços

















O Padre Saverio Cannistrà, italiano, foi eleito nosso novo Superior Geral, em eleição na manhã desta segunda-feira, durante o Capítulo Geral reunido em Fátima, Portugal. Doutor em Teologia Dogmática, professor do Teresianum de Roma e em Florença, o novo geral dos carmelitas Descalços tinha sido eleito recentemente Provincial da Província Toscana. O nosso novo Geral foi eleito no quarto escrutínio por maioria absoluta dos votos.

O novo Superior Geral tem 50 anos de idade e nasceu na localidade calabresa de Catanzaro. Em suas primeiras palavras diante dos capitulares, Fr. Saverio afirmou que diante da dificuldade do novo cargo que a Ordem o encomenda, "senti que Deus me incentivava e que abraçando a vós poderia fiar-me de Deus".

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Inaugurado em Fátima o 90º Capítulo Geral dos Carmelitas Descalços






O relatório do P. Geral sobre o estado da Ordem foi o centro dos trabalhos da primeira sessão capitular

“Com esta alegria da Páscoa, começamos o Capítulo General, com alegria e otimismo para nos e aquele mundo e aquela Igreja que queremos servir” Com estas palavras, o Prepósito Geral P. Luis Aróstegui Gamboa, inaugurou, na manhã de hoje, 17 de abril, o 90º Capítulo Geral dos Carmelitas Descalços que se celebra na casa Domus Carmeli de Fátima com a participação de 106 capitulares de todo o mundo.

Uma solene celebração da eucaristia na Igreja das Carmelitas Descalças de Fátima, presidida pelo P. General da Ordem e concelebrado pelos Definidores e todos os assistentes do Capítulo, foi o ato que se deu começo este Capítulo Geral. A comunidade de Carmelitas Descalças de Fátima participou ativamente na celebração, durante a qual interpretarão os cantos da liturgia solene da Oitava de Páscoa em Latim e Português.

Durante sua homilia, o P. General recordou, de São Juan da Cruz, que “o amor é o guia para a grande experiência mística da fé. Um amor muito ardente pode dar vida para a presencia do Senhor”.

Abertura do Capítulo

Já na aula capitular, o P. Luis dirigiu uma palavra de acolhida e boas vindas a todos os participantes neste Capítulo. “Acolhem-nos na Domus Carmeli os religiosos da província de Portugal, as irmãs carmelitas e esta cidade de Fátima que é terra da Mãe de Deus e nossa”, destacou.

Depois de destacar a singularidade de Fátima para os Carmelitas Descalços, pela presença da Ordem e por ser um lugar de contemplação, o P. General com palavras de sincero agradecimento a P. Pedro Ferreira, Superior Provincial de Portugal, a sua equipe de colaboradores e a todos os que participaram da preparação deste evento.

O Capítulo servirá para “aprofundar em nossa vocação, no carisma e do serviço”, assinalou o P. Aróstegui uma vez que desejou que estes dias sejam propícios para um trabalho sereno.

“Esta celebração é uma graça para a Província de Portugal”

A celebração deste Capítulo Geral em Fátima “é um dom, uma graça preciosa para a província de Portugal e para a Ordem, que se apresenta nesta Terra de Maria”, afirmou o P. Pedro Ferreira.

Em sua intervenção Ferreira recordou o Capítulo celebrado em Lisboa em 1585 que contou com a presencia de São Juan da Cruz, nele a Ordem decidiu sua expansão e abertura ao México e, posteriormente, fora da cultura espanhola. “Para mim este é um dia histórico”, afirmou.

Trouxe uma breve apresentação histórica da criação desta casa “Domus Carmeli”, o provincial português relatou os desafios que esta casa enfrentará no futuro e rendeu seu agradecimento a todos os que se associaram a este projeto que supõe um grande esforço para a província lusa.

Telegrama da Secretaria de Estado Vaticano

O P. General relatou aos capitulares sobre carta enviada ao Santo Padre, Bento XVI, pelo motivo da celebração deste Capítulo Geral. Em sua missiva, o P. Luis recordava o amor profundo à Igreja e a pessoa do Pontífice que a Ordem professa, assim como a consciência de trabalhar para a Igreja de acordo com o carisma de Santa Teresa de Jesus.

A esta carta do P. Geral respondeu, por meio de um telegrama, o Cardeal Secretario de Estado Tarcisio Bertone transmitindo a cordial saudação do papa Bento XVI e o desejo de que os trabalhos capitulares sirvam para o aprofundamento no carisma Teresiano, contemplativo e apostólico em profunda união com a Igreja. Assim mesmo, o Pontífice concede sua Benção Apostólica a todos os capitulares e a estende a todos os membros d Ordem.

Relatório do P. General sobre o estado da Ordem

O resto da manhã foi ocupado pela apresentação do relatório Geral do Estado da Ordem durante o sexênio que hora termina (2003-2009). Em seu relatório, o P. Aróstegui Gamboa, repassou as linhas de fundo desenvolvidas nestes anos e que se baseou “na Comunhão e na experiência de Deus como experiência da dignidade da pessoa humana”.

Observando as estatísticas gerais, o P. Luis se deu conta das ações de animação que foram levadas ao fim nas diversas regiões da Ordem, da situação das Carmelitas Descalças e do Carmelo Secular, assim como das diversas instituições da Ordem que dependem d Definitório Geral: a Faculdade de Teologia do Teresianum de Roma, o Centro Internacional Teresiano SanJuanista de Ávila (CITeS), a Casa Geral, o Monte Carmelo e a delegação de Israel-Egito.

Telegrama do Vaticano aos Carmelitas Descalços pela ocasião do 90º Capítulo Geral em Fátima


SECRETARIA DE ESTADO

Vaticano, 15 abril 2009

REVERENDO PADRE
P. LUIS AROSTEGUI GAMBOA
PREPOSITO GERAL DA ORDEM
DOS CARMELITAS DESCALÇOS
38 - 00198 ROMA, ITALIA

Pela ocasião da celebração em Fátima do 90º Capítulo Geral da dita Ordem, o Sumo Pontífice envia uma saudação com os melhores desejos aos participantes, expondo o seu desejo de que os trabalhos de tão importante assembléia favoreçam o aprofundamento do genuíno carisma carmelitano segundo a experiência mística de santa Teresa de Ávila para uma fecunda renovação da vida contemplativa e do apostolado em profunda comunhão eclesial; e também invoca a materna interseção da Bem aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo, envia de coração aos Superiores e Capitulares sua especial Benção Apostólica estendendo-la generosamente aos frades, monjas, membros da Ordem Secular e família inteira do Carmelo Teresiano.

Card. Tarcisio Bertone
Secretario de Estado de Sua Santida

Capítulo Geral dos Carmelitas Descalços em Fátima

Ultimam-se os preparativos para a realização do Capitulo Geral Ordinário da Ordem dos Carmelitas Descalços, a relizar na «Domus Carmeli», em Fátima, entre os dias 17 de Abril e 8 de Maio de 2009.

Será o 90.º Capítulo na história da Ordem e o primeiro a realizar-se em Portugal. Serão 106 carmelitas descalços, entre os superiores provinciais ou representantes de zonas e os delegados das várias províncias. Haverá ainda uma equipa técnica de apoio com cerca de 20 elementos.


O P. Geral, Luis Arostegui, pede as orações de toda a Ordem para este acontecimento de graça na vida desta grande família eclesial.


Fonte: http://www.agencia.ecclesia.pt

Beatificação de Irmã Lúcia


Postulador Ildefonso Moriones
vem ao Carmelo a 19 de Maio

O padre Ildefonso Moriones, postulador do processo de beatificação da Irmã Lúcia, virá a Coimbra no dia 19 de Maio, para a segunda reunião da comissão histórica, que tem a missão de reunir toda a informação necessária para a beatificação da carmelita. O encontro vai decorrer no Carmelo de Santa Teresa e será nessa altura, frisou o vice-postulador Alberto Gil, que ficará definido o grupo que constituirá a comissão.
Foram algumas pessoas convidadas, participaram na reunião de 31 de Março, mas ainda nem todos confirmaram a integração neste grupo restrito, frisou o cónego, escusando-se a divulgar os nomes, enquanto não estiver totalmente definido quem fará parte desta missão. «Vão recolher, inquirir, saber, processar» todas as fontes possíveis, de modo a fazer «um juízo de valor» acerca da Irmã Lúcia, explicou, realçando que, para tal, é necessária alguma disponibilidade.
Os livros que escreveu durante os anos de clausura no convento serão material a analisar, mas não só. Há a possibilidade de existirem mais cartas, até hoje desconhecidas, que poderão contribuir para o processo, que estará sempre dependente da constatação de um milagre associado à última vidente de Fátima.
Há também uma comissão de teólogos, esta absolutamente secreta, que analisará toda a informação. Às duas comissões acrescenta-se um conjunto de 40 pessoas que conviveram directa ou indirectamente com a Irmã Lúcia, que serão sujeitas a um inquérito individual. Todas estão sob juramento de fidelidade.
Uma vez recolhido todo o material, ao vice-postulador cabe a missão de enviar para o Vaticano os documentos mais relevantes e aguardar pela decisão. O facto de Ildefonso Moriones, que é há mais de 10 anos postulador geral da Ordem dos Carmelitas Descalços, estar radicado em Roma, portanto próximo do Vaticano, é visto como um meio facilitador.
Recorde-se que foi em 2008, por altura do terceiro aniversário da morte da vidente, que D. José Saraiva Martins, prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, anunciou a antecipação do processo de beatificação e canonização da carmelita. Ficaram, então, dispensados os cinco anos habituais.

fonte:http://www.diariocoimbra.pt

Homilia de Bento XVI no dia de Páscoa

Amados irmãos e irmãs!

«Cristo, o nosso cordeiro pascal, foi imolado» (1 Cor 5, 7): ressoa hoje esta exclamação de São Paulo que ouvimos na segunda leitura, tirada da primeira Carta aos Coríntios. É um texto que remonta apenas a uns vinte anos depois da morte e ressurreição de Jesus e no entanto – como é típico de certas expressões paulinas – já encerra, numa síntese admirável, a plena consciência da novidade cristã. Aqui, o símbolo central da história da salvação – o cordeiro pascal – é identificado em Jesus, chamado precisamente «o nosso cordeiro pascal». A Páscoa hebraica, memorial da libertação da escravidão do Egipto, previa anualmente o rito da imolação do cordeiro, um cordeiro por família, segundo a prescrição de Moisés. Na sua paixão e morte, Jesus revela-Se como o Cordeiro de Deus «imolado» na cruz para tirar os pecados do mundo. Foi morto precisamente na hora em que era costume imolar os cordeiros no Templo de Jerusalém. O sentido deste seu sacrifício tinha-o antecipado Ele mesmo durante a Última Ceia, substituindo-Se – sob os sinais do pão e do vinho – aos alimentos rituais da refeição na Páscoa hebraica. Podemos assim afirmar com verdade que Jesus levou a cumprimento a tradição da antiga Páscoa e transformou-a na sua Páscoa.


A partir deste novo significado da festa pascal, compreende-se também a interpretação dos «ázimos» dada por São Paulo. O Apóstolo refere-se a um antigo costume hebraico, segundo o qual, por ocasião da Páscoa, era preciso eliminar de casa todo e qualquer resto de pão fermentado. Por um lado, isto constituía uma recordação do que tinha acontecido aos seus antepassados no momento da fuga do Egipto: saindo à pressa do país, tinham levado consigo apenas fogaças não fermentadas. Mas, por outro, «os ázimos» eram símbolo de purificação: eliminar o que era velho para dar espaço ao novo. Agora, explica São Paulo, também esta antiga tradição adquire um sentido novo, precisamente a partir do novo «êxodo» que é a passagem de Jesus da morte à vida eterna. E dado que Cristo, como verdadeiro Cordeiro, Se sacrificou a Si mesmo por nós, também nós, seus discípulos – graças a Ele e por meio d’Ele –, podemos e devemos ser «nova massa», «pães ázimos», livres de qualquer resíduo do velho fermento do pecado: nada de malícia ou perversidade no nosso coração.


«Celebremos, pois, a festa (…) com os pães ázimos da pureza e da verdade»: esta exortação de São Paulo, que conclui a breve leitura que há pouco foi proclamada, ressoa ainda mais forte no contexto do Ano Paulino. Amados irmãos e irmãs, acolhamos o convite do Apóstolo; abramos o espírito a Cristo morto e ressuscitado para que nos renove, para que elimine do nosso coração o veneno do pecado e da morte e nele infunda a seiva vital do Espírito Santo: a vida divina e eterna. Na Sequência Pascal, como que respondendo às palavras do Apóstolo, cantámos: «Scimus Christum surrexisse a mortuis vere – sabemos que Cristo ressuscitou verdadeiramente dos mortos». Sim! Isto é precisamente o núcleo fundamental da nossa profissão de fé; é o grito de vitória que hoje nos une a todos. E se Jesus ressuscitou e, por conseguinte, está vivo, quem poderá separar-nos d’Ele? Quem poderá privar-nos do seu amor, que venceu o ódio e derrotou a morte?


O anúncio da Páscoa propaga-se pelo mundo com o cântico jubiloso do Aleluia. Cantemo-lo com os lábios; cantemo-lo sobretudo com o coração e com a vida: com um estilo «ázimo» de vida, isto é, simples, humilde e fecundo de obras boas. «Surrexit Christus spes mea: / precedet suos in Galileam – ressuscitou Cristo, minha esperança / precede-vos na Galileia». O Ressuscitado precede-nos e acompanha-nos pelas estradas do mundo. É Ele a nossa esperança, é Ele a verdadeira paz do mundo.

Amen.


Documentos | Bento XVI| 12/04/2009 | 11:31 | 3743 Caracteres | 205 | Páscoa

As palavras do Dom chegam às mãos dos fiéis


Margarida Azevedo
mazevedo@jc.com.br


Cerca de 600 cartas redigidas por dom Helder, entre 1962 a 1965, foram reunidas em seis livros
Reprodução Quase diariamente, durante suas vigílias nas madrugadas de outubro de 1962 a setembro de 1965, dom Helder Camara, como bispo auxiliar do Rio de Janeiro e depois como arcebispo de Olinda e Recife, escreveu cartas para um grupo de amigos que ele carinhosamente chamava de família. Os textos trazem relatos preciosos e inéditos dos bastidores do Concílio Vaticano II (1962 a 1965), realizado em Roma, Itália, no importante encontro de líderes religiosos que mudou os rumos da Igreja Católica no século passado. Também contam o dia a dia e as impressões do sacerdote no primeiro ano que chegou à capital pernambucana. As cerca de 600 cartas deste período foram reunidas em seis livros que serão lançados nesta terça-feira à noite, às 19h, no Arcádia Paço Alfândega, no Bairro do Recife.

» ACESSE O ESPECIAL AS SEMENTES DO DOM

A publicação das Obras completas de Dom Helder Camara faz parte das comemorações do centenário do arcebispo, celebrado este ano. Mais que descrições do que estava vivendo, as cartas do Dom da Paz são um rico documento para historiadores, membros da Igreja Católica, admiradores e leitores interessados em aprender e se aprofundar no pensamento de um dos mais importantes líderes religiosos do século 20. “A publicação dessas obras é um acontecimento literário, cultural, nacional, mundial e religioso. Sou daqueles que têm a convicção de que os escritos de dom Helder ainda serão fonte de inspiração na América Latina daqui a mil anos”, ressaltou, no prefácio de um dos livros, o padre e teólogo José Comblin.
As missivas foram agrupadas em dois volumes, cada um com três tomos. No primeiro estão as circulares conciliares, redigidas durante a realização do Concílio Vaticano II. A organização ficou a cargo de Luiz Carlos Luz Marques e Roberto de Araújo Faria. O segundo volume compreende as circulares interconciliares, escritas por dom Helder nos intervalos entre as quatro sessões do concílio. Coube a Zildo Rocha organizá-las.

Nos textos conciliares, o leitor vai encontrar detalhes de como foram as reuniões em Roma. Longe de ser uma leitura enfadonha, as cartas descrevem os acontecimentos das reuniões e trazem reflexões pessoais de dom Helder, que também comenta livros que está lendo, escreve poesias e meditações. Questionado se haveria cartas mais significativas, o historiador Luiz Carlos Marques responde que não. “Como as circulares falam de tudo, desde os momentos de alta espiritualidade de dom Helder, sua piedade pessoal, sua preocupação pelos pobres, sua atenção com amigos, seus estudos, sua visão político-social e sua visão da Igreja, cada leitor encontrará páginas memoráveis em relação aos mais diversos temas”, observa.

Nas cartas interconciliares, dom Helder fala mais sobre o Recife e as cidades da Região Metropolitana e seu trabalho pastoral. “As cartas narram os primeiros contatos do novo arcebispo com a realidade eclesiástica e sócio-política de sua arquidiocese, trazem consigo um mundo bem mais próximo e familiar. É a vida mesma da cidade em seus diversos estratos e aspectos religioso, econômico, político, social, cultural”, destaca Zildo Rocha.

Os livros foram editados pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), com os originais cedidos pelo Instituto Dom Helder Camara (IdHec). A boa notícia é que cinco professores da Universidade Católica de Pernambuco começaram a trabalhar nas cartas pós-conciliares (são mais 600 textos, aproximadamente), escritas pelo Dom depois de 1965. A presidente da Cepe, Leda Alves, garante que há interesse da companhia em publicá-las. Resta ao público torcer para que novas palavras de dom Helder cheguem logo às livrarias.

fonte:http://jc.uol.com.br

MENSAGEIROS DO RESSUSCITADO



TERÇA-FEIRA DE PÁSCOA

Suspira minha alma pelo Senhor, meu escudo e meu socorro (Sl 33,20)

1. Na semana da Páscoa, recolhe a Liturgia da Palavra os principais testemunhos da Ressurreição e os oferece à meditação dos fiéis para que lhes robusteça a fé. Retoma hoje a Liturgia a narração da Madalena, "Maria de Magdala, da qual expulsara (Jesus) sete demônios" (Mc 16,9), c que se destaca no grupo das piedosas mulheres pelo amor ardente e a solicitude em procurar o Senhor.
Depois de ter sido a primeira a correr para avisar a Pedro do sepulcro vazio, volta e, enquanto os discípulos, verificado o fato, regressam à casa, continua "junto ao sepulcro, fora, chorando" (Jo 20,11), Não sossega, quer encontrar, a todo custo, o Corpo bendito. Está de tal modo tomada pela dor e com o pensamento em Cristo, que à visão dos anjos não se admira nem se assusta. À pergunta deles, diz o motivo de suas lágrimas: "Tiraram o meu Senhor, e não sei onde o puseram" (ibidem, 13). E quando Jesus fala, não o reconhece, mas tomando-o pelo jardineiro, diz-lhe: "Senhor, se o tiraste, dize-me onde o colocaste e irei buscá-lo" (ibidem, 15). Não pensa Maria na ressurreição! Tão comovida está que nem os linhos colocados com tanto cuidado no túmulo vazio a fazem refletir. E não reflete também que lhe seria impossível a ela, mulher fraca, transportar o Corpo. A intensidade da dor impede-a de raciocinar. Procura Jesus morto; tem-no vivo diante de si e não o reconhece. Mas ei-lo que a chama pelo nome; "Maria!". Basta aquela voz para fazê-la compreender tudo: "Mestre!" (ibidem,16). É o grito de seu amor e de sua fé. Quereria ficar aos pés do Senhor finalmente encontrado, mas recebe, também ela, a missão: "Vai dizer aos meus irmãos" (ibidem,17).
A boa nova da ressurreição não é só para ela, mas deve propagar-se quanto antes para alcançar todos os homens, todos "irmãos" do Ressuscitado. Como a Madalena, deve todo cristão ser mensageiro da Ressurreição e não tanto por palavras, mas trazendo em si seus sinais. A fidelidade, o amor, a solicitude de Maria de Magdala e sua prontidão em ir aos "irmãos" podem sugerir alguma coisa.
2. O primeiro discurso de Pedro ao povo, culminando no testemunho da ressurreição do Senhor e da sua glorificação — "Deus constituiu Senhor e Messias esse Jesus que vós crucificastes!" (At 2, 36) —, conclui-se com um convite premente: "Convertei-vos... e batize-se cada um de vós no nome de Jesus Cristo, em remissão dos vossos pecados" (ibidem, 38). Conversão e batismo imergem o homem no mistério pascal de Cristo, envolvem-no na sua morte e ressurreição. A Páscoa quer renascidos, ressurgidos! O batismo não só inicia este renascimento e ressurreição, mas nos oferece também a graça para sua realização progressiva e completa.
O cristão jamais acaba de converter-se, de renascer, de ressurgir: a condição de sua vida terrena deve ser a preocupação de um contínuo regenerar-se em Cristo, configurando-se sempre mais à morte e ressurreição dele. O cristão nunca está realizado completamente: "Também nós — diz o Apóstolo — que possuímos as primícias do Espírito, nós também, interiormente, gememos à espera da redenção" (Rm 8,23). A redenção plena e definitiva só se realizará na vida eterna, só então o homem será assimilado, de modo estável, ao mistério pascal de Cristo, estará morto "uma vez para sempre ao pecado" e "eternamente vivo para Deus, em Cristo Jesus" (Rm 6,10-11). Entretanto, enquanto vive peregrino na terra, deve o cristão trazer em si os sinais da morte e da ressurreição do Senhor. Os sinais da morte com a rejeição do pecado, o domínio das paixões, a renúncia e a mortificação generosa que o configura ao Crucificado; os sinais da ressurreição com uma vida resplandecente de pureza e de amor. Precisa cada cristão dar lugar ao Senhor, para que possa ressuscitar e reviver nele, para que nele continue a passar entre os homens fazendo o bem, consolando os aflitos, sustentando os fracos, iluminando os cegos, socorrendo os pobres, ajudando os humildes, dando a todos amor e verdade. Eis a que visava o Apóstolo, ao dizer: "Por toda a parte levamos sempre no corpo os sofrimentos de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nosso corpo" (2Cor 4, 10).

EM TORNO DO RESSUSCITADO



SEGUNDA-FEIRA DE PÁSCOA

O Senhor ressuscitou como havia predito: alegremo-nos todos e exultemos porque reina eternamente (MR)

1. Enquanto refere Marcos somente o medo das mulheres AC anúncio da Ressurreição, completa Mateus, observando que ao temor se uniu "grande alegria e correram a dar a notícia aos discípulos" (28, 8). Impelidas pelo amor, são as mulheres as primeiras a ir, no domingo de madrugada, ao sepulcro; as primeiras a vê-lo aberto e vazio; as primeiras a saber da ressurreição. Todavia, não são as destinatárias exclusivas da grande notícia mas, antes, suas mensageiras. Importante é que a Igreja, constituída pelo núcleo dos discípulos reunidos em torno de Pedro, seja informada: "Ide depressa dizer aos discípulos; 'Ressuscitou dos mortos e eis que vos precede na Galiléia, lá o vereis'" (ibidem, 7). O anúncio do nascimento de Jesus foi levado pêlos anjos aos pastores, e o da ressurreição, pêlos anjos às mulheres. Eis as preferências de Deus: para suas grandes mensagens escolhe os humildes, os simples, "o desprezível, o que nada é para aniquilar os que são, a fim de que ninguém se possa gloriar" (1Cor 1,28). De outra parte, é a Igreja depositária e dispensadora dos mistérios da fé; tudo deve depender dela, ser garantido por sua autoridade, particularmente assistido pelo Espírito Santo.

Enquanto as mulheres vão levar a feliz notícia, "eis que lhes vem ao encontro Jesus, dizendo: 'Salve'" (Mt 28,9), Mais uma vez têm a primazia: antes dos Apóstolos vêem o Mestre ressuscitado, talvez em prêmio da fidelidade com que o seguiram ao Calvário, assistiram ao sepultamento e voltaram depois para prestar homenagem ao seu corpo. Saúda-as Jesus e repete o que Já dissera o anjo: "Não temais, ide anunciar aos meus irmãos que vão à Galiléia, lá me verão" (ibidem, 10). É a primeira vez que Jesus designa diretamente os Apóstolos com o nome de irmãos. Agora que ressuscitou da morte e está para voltar ao Pai, são-lhe eles, mais que nunca, irmãos, pela graça de adoção, fruto do mistério pascal, e pela missão que deverão desenvolver no mundo, continuando a obra do Salvador. Enquanto isto as mulheres, prostradas aos pés do Ressuscitado, abraçam-no; gesto de amor e reverência para com aquele que, apesar de ter elevado os homens à dignidade de irmãos seus, é sempre o seu Deus.

2. Refere Mateus outro particular, isto é, as mesquinhas manobras dos sumos sacerdotes para ocultar a ressurreição do Senhor. Verdadeira fraude à base de dinheiro. Para terem em mãos Jesus haviam oferecido ao traidor poucas moedas; agora, para corromper os guardas do sepulcro, não acham demais empenhar "alta soma de dinheiro" (Mt 28, 12), Embora apegados ao dinheiro, não hesitam os homens em gastá-lo para manter posições iníquas a que não querem renunciar. Os judeus, que não creram, em Jesus vivem e a fazer milagres entre eles, também não crêem na evidência da ressurreição e se fazem propagadores de falsidade. Jesus ressuscitado derrotou o Maligno; este não prevalecerá (Mt 16,18), todavia não cessa de combater a verdade, semeando mentiras, ele que é "mentiroso e pai da mentira" (Jo 8,44). Como então, assim hoje: porque a vitória de Cristo, embora completa em si mesma, não dispensa os discípulos da tentação e da luta. E é sempre verdade que quem resolveu não crer, nem a evidência o faz ceder. Disse-o Jesus; "Senão ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco darão crédito a alguém que ressuscitar dentre os mortos" (Lc 16,31). Absolutamente diversa é a atitude dos discípulos. Em um primeiro momento, transtornados pela grandeza do fato, hesitam em crer na ressurreição, considerada por alguns fantasia de mulheres (Lc 24,11), mas, apurado o fato, tornam-se suas mais ousadas testemunhas. A incredulidade dos judeus, proveniente do orgulho, é incurável, mas a dos discípulos, devida antes à perturbação da mente humana ante o divino, transforma-se logo em fé ardente. Significativo, enfim, é o testemunho do quarto Evangelista, confirmado por Lucas: se alguns duvidaram da mensagem das mulheres, Pedro a tomou logo em consideração e "levantando-se, correu ao sepulcro" (ibidem, 12) e, como João, "viu e creu" (Jo 20,8). No próprio dia de Pentecostes, será justamente Pedro, em nome de todos os discípulos, a testemunhar sem medo a Ressurreição diante dos que haviam condenado Jesus e que ele mesmo tanto temera: "Vós o crucificastes por mãos dos ímpios, e o matastes; mas Deus o ressuscitou, livrando-o dos laços da morte" (At 2,23-24). Quem tem o coração humilde e reto, mesmo atravessando horas de dúvida, chega sempre à verdade que Deus não cessa de oferecer a todos os homens.

DOMINGO DE PÁSCOA




"Eis o dia que o Senhor fez. Exultemos nele, Alelui". É o dia mais alegre do ano porque "o Senhor da vida estava morto; agora vive e trinfa". Se não tivesse Jesus ressuscitado, vã teria sido sua Encarnação, e sua morte não teria dado vida aos homens. "Se não ressuscitou, é vã a nossa fé", exlama São Paulo. Quem, de fato, pode crer e esperar em um morto? Mas Cristo não é um morto, é um vivo. "Procurais Jesus Nazareno, o crucificado - disse o Anjo às mulheres. Ressuscitou, não está aqui".

O anúncio, a princípio, gerou temor e espanto, tanto que as mulheres fugiram... E nada a ninguém disseram, porque estavam com medo. Mas com elas, talvez precedendo-as de pouco, estava Maria Madalena que apenas vê "a pedra removida do sepulcro" e corre logo a dar notícias a Pedro e João:"Tiraram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde o colocaram". Vão os dois a correr e, entrando no túmulo, vêem "os panos no chão e o sudário... dobrado, à parte"; vêem e crêem. É o primeiro ato de fé, em Cristo Ressuscitado, da Igreja nascente, provocado pela solicitude de Madalena e pelo sinal dos panos encontrados no sepulcro vazio. Se se tratasse de roubo, quem se teria preocupado de despir o cadáver e dobrar os linhos com tanto cuidado?





Serve-se Deus de coisas simples para iluminar os discípulos que "não haviam ainda compreendido as Escrituras, segundo as quais devia Cristo ressuscitar dos mortos"; nem o que predissera Jesus da própria Ressurreição. Pedro, chefe da Igreja, e João "o discípulo que Jesus amava", tiveram o mérito de recever os "sinais" do Ressuscitado: a notícia levada por Madalena, o sepulcro vazio, os linhos dobrados.

Embora de outra forma, estão agora os "sinais" da Ressurreição presentes no mundo: a fé heróica, a vida evangélica de tanta gente humilde e escondida; a vitalidade da Igreja, que as perseguições externas e lutas internas não conseguem enfraquecer; a Eucarístia, presença viva de Cristo Ressuscitado, que contínua a atrair a si os homens. Cabe a cada um acolher estes sinais, crer como creram os Apostólos e tornar sempre mais firme a própria fé.

DE UMA HOMILIA ANTIGA NO GRANDE SÁBADO SANTO




A descida do Senhor à mansão dos mortos

Que está acontecendo hoje? Um grande silêncio reina sobre a terra. Um grande silêncio uma grande solidão. Um grande silêncio, porque o Rei está dormindo; a terra estremeceu e ficou silenciosa, porque o Deus feito homem adormeceu e acordou os que dormiam há séculos. Deus morreu na carne e despertou a mansão dos mortos.
Ele vai antes de tudo a procura de Adão, nosso primeiro pai, ovelha perdida. Faz questão de visitar os que estão mergulhados nas trevas e na sombra da morte. Deus e seu Filho vão ao encontro de Adão e Eva cativos, agora libertos dos sofrimentos.
O Senhor entrou onde eles estavam, levando em suas mãos a arma da cruz vitoriosa. Quando Adão, nosso primeiro pai, o viu, exclamou para todos os demais, batendo no peito e cheio de admiração: “O meu Senhor está no meio de nós”. E Cristo respondeu a Adão: “E com teu espírito”. E tomando-o pela mão, disse: “Acorda, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará”.
Eu sou o teu Deus, que por tua causa me tornei teu filho; por ti e por aqueles que nasceram de ti, agora digo: ‘Saí!’; e aos que jaziam nas trevas: ‘Vinde para a luz!’; e aos entorpecidos: ‘Levantai-vos!’
Eu te ordeno: Acorda, tu que dormes, porque não te criei para permaneceres na mansão dos mortos. Levanta-te dentre os mortos; eu sou a vida dos mortos. Levanta-te, obra das minhas mãos; levanta-te ó minha imagem, tu que foste criado à minha semelhança. Levanta-te, saiamos daqui; tu em mim e eu em ti, somos uma só e indivisível pessoa.
Por ti, eu, o teu Deus, me tornei teu filho; por ti, eu, o Senhor, tornei tua condição de escravo. Por ti, eu, que habito no mais alto dos céus, desci à terra e fui até mesmo sepultado debaixo da terra; por ti, feito homem, tornei-me como alguém sem apoio, abandonado entre os mortos. Por ti, que deixaste o jardim do paraíso, ao sair de um jardim fui entregue aos judeus e num jardim, crucificado.
Vê em meu rosto os escarros que por ti recebi, para restituir-te o sopro da vida original. Vê na minha face as bofetadas que levei para restaurar, conforme à minha imagem, tua beleza corrompida.
Vê em minhas costas as marcas dos açoites que suportei por ti para retirar de teus ombros o peso dos pecados. Vê minhas mãos fortemente pregadas à árvore da cruz, por causa de ti, como outrora estendeste levianamente as tuas mãos para a árvore do paraíso.
Adormeci na cruz e por tua causa a lança penetrou no meu lado, como Eva surgiu do teu, ao adormeceres no paraíso. Meu lado curou a dor do teu lado. Meu sono vai arrancar-te do sono da morte. Minha lança deteve a lança que estava dirigida contra ti.
Levanta-te, vamos daqui. O inimigo te expulsou da terra do paraíso; eu, porém, já não te coloco no paraíso mas num trono celeste. O inimigo afastou de ti a árvore, símbolo da vida; eu, porém, que sou a vida, estou agora junto de ti. Constituí anjos que, como servos, te guardassem; ordeno agora que eles te adorem como Deus, embora não sejas Deus.
Está preparado o trono dos querubins, prontos e apostos os mensageiros, construído o leito nupcial, preparado o banquete, as mansões e os tabernáculos eternos adornados, abertos os tesouros de todos os bens e o reino dos céus preparado para ti desde toda a eternidade”.

Segunda leitura, ofício das leituras da liturgia das horas do Sábado Santo.

À ESPERA DA RESSURREIÇÃO-Sábado Santo

O Sábado Santo é o dia mais indicado para contemplar em síntese o mistério pascal da paixão-morte-ressurreição do Senhor, no qual converge e se realiza toda a história da salvação. A tal contemplação convida a Liturgia propondo uma série de leituras escriturísticas referentes às etapas mais importantes desta história maravilhosa, para depois concentrar-se no mistério de Cristo.
Apresenta primeiro a obra da criação (1ª leitura) saída das mãos de Deus e na qual se compraz: “Deus contemplou tudo que tinha feito, e eis que estava tudo muito bem” (Gn 1,31). De Deus bondade infinita, só podem vir coisas boas, e se logo vem o pecado transtornar toda a criação, Deus, fiel na sua bondade, atuará imediatamente o plano de restauração por meio de seu Filho divino. Dele é figura profética Isaac que Abraão se dispõe a imolar para obedecer à ordem divina (2ª leitura): Assim como foi Isaac libertado, Cristo, depois da morte, ressuscitará glorioso.
Outro fato saliente é a milagrosa “passagem” do povo de Israel pelo mar Vermelho (3ª leitura), realizada por intervenção de Deus. Passagem que é símbolo do batismo, mediante o qual os fiéis, em Cristo, “passam” da escravidão do pecado e da morte à liberdade e à vida de filhos de Deus. Seguem-se belíssimos textos proféticos sobre a misericórdia redentora do Senhor que, apesar das contínuas infidelidades dos homens, não cessa de querer a sua salvação. Depois de ter castigado as culpas de seu povo, Deus o chama de novo com afeto de esposo fiel para com a esposa que o traiu: “Por breve instante te abandonei, mas com grade afeto... com perene clemência compadeci-me de ti, diz o teu Redentor, o Senhor” (Is 54, 7-8). Em seguida, o premente convite a não deixar passar em vão a hora da misericórdia: “Buscai o Senhor enquanto ele se deixa encontrar, invocai-o enquanto está perto. Aparte-se o ímpio de seu proceder... volte ao Senhor e ele se compadecerá dele, e ao nosso Deus, pois é generoso no perdão” (Is 55, 6-7). Se tudo isto era verdade para o povo de Israel, tanto mais o é para o povo cristão, para quem a misericórdia de Deus chegou ao cume, no mistério pascal de Cristo. E Cristo, “nossa Páscoa”, Cordeiro imolado pala salvação do mundo, solicita todos a abandonarem o pecado para voltar à casa do Pai, caminhado “ao esplendor de sua luz”, na alegria de conhecer e fazer “o que agrada a Deus” (Br 4,2.4).
A história da salvação, que culmina no mistério pascal de Cristo, torna-se história de cada homem, mediante o batismo que o insere em tal mistério. Por este sacramento, de fato, “fomos sepultados com ele (Cristo) na morte, a fim de que, como Cristo ressuscitou dos mortos... assim também nós levássemos a vida nova” (Rm 6,4). Isto explica o grande lugar do batismo na Liturgia da Vigília Pascal: nos textos escriturísticos e nas orações, especialmente nos ritos da benção da água, da administração do sacramento aos neófitos e, enfim, da renovação das promessas batismais.
Celebrar a Páscoa significa “passar” com Cristo da morte à vida, “passagem” iniciada com o batismo, mas que deve ser realizada de maneira sempre mais plena durante toda a vida do cristão. “Se fomos unidos a ele, (Cristo) com morte semelhante à sua – insiste São Paulo – deveremos também sê-lo com ressurreição semelhante à sua (ibidem, 5). Não se trata de belas expressões, mas de realidades imensas, de transformações radicais operadas pelo batismo e de que estão os fiéis demasiado esquecidos, muito pouco conscientes. Participar da morte de Cristo quer dizer crucificar o homem velho, o homem do pecado; quer dizer com Ele “uma vez para sempre ao pecado” (ibidem, 10); morrer, portanto, cada dia às paixões, às inclinações ao mal, ao egoísmo, ao orgulho; quer dizer – segundo a tríplice renúncia das promessas batismais – renunciar sempre a Satanás, às sua obras, às sua vaidades. Tudo isto não só com palavras, nem só durante uma função litúrgica, mas com a vida. “Considerai-vos mortos ao pecado – clama o Apóstolo – mas vivos para Deus, em Cristo Jesus” (ibidem, 11).
Em virtude do batismo não só recebido, mas vivido, apresenta-se o povo cristão como preconizado por Ezequiel (36, 25-26; 7ª leitura), aspergido e purificado com “água pura” – a água brotada do lado aberto de Cristo crucificado. Este povo recebe de Deus “um coração novo” e “um espírito novo”, dons eminentemente pascais. Com tais disposições, cada fiel está pronto a cantar o Aleluia, a associar-se à alegria da Igreja para o anúncio da Ressurreição do Senhor, pois também o cristão ressuscitou para viver em Cristo para glória de Deus.

TRASPASSADO PELOS NOSSOS PECADOS - Sexta-feira Santa


A Liturgia da sexta-feira santa é comovente contemplação do mistério da Cruz, que vis anão só comemorar, mas levar todo fiel a reviver a dolorosa Paixão do Senhor. Apresentam-na dois grandes textos: o profético, atribuído a Isaías (Is 52, 13; 53, 12) e o histórico de João (18, 1-9, 42). A enorme distância de mais de sete séculos que os separa é anulada pela impressionante coincidência dos fatos referidos pelo profeta como descrição dos sofrimentos do Servo de Javé, e pelo Evangelista como narração última do dia terreno de Jesus, “Muitos se espantaram com ele – diz Isaías – tão desfigurado estava que havia perdido a aparência humana... desprezado e rejeitado pelos homens, homem das dores e experimentado nos sofrimentos” (52, 14; 53, 3). João com os outros Evangelistas, fala de Jesus traído, insultado, esbofeteado, coroado de espinhos, escarnecido, apresentado ao povo como rei de comédia, condenado, crucificado.
A causa de tanto sofrimento é indicado pelo profeta: “Foi castigado por nossos crimes, esmagado por nossas iniqüidades”; é mostrado também o valor expiatório: “O castigo que nos salva caiu sobre ele; por suas chagas nos fomos curados” (Is 53, 5). Nem falta alusão ao angustioso sentimento de repulsa por parte de Deus – “e o julgávamos castigado, ferido por Deus e humilhado” (Ibidem, 4)- sentimento que exprimiu Jesus na Cruz com o grito: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” (Mt 27, 46). Mas, acima de tudo ressalta a clareza a espontaneidade do sacrifício: livremente “se oferece (o Servo de Javé) em expiação” (Is 53,7. 10); livremente se entrega o Cristo aos soldados, depois de tê-los feito cair por terra com uma só palavra (Jo 18, 6), e livremente se deixa conduzir à morte, ele que havia dito: “Ninguém tira a minha vida, mas eu a dou por mim mesmo” (Jo 10, 18). Até o glorioso desfecho desse voluntário padecimento fora entrevisto pelo profeta: “Após as aflições de seu coração, alegrear-se-á... Eis por que – diz o Senhor – dar-lhe- ei em prêmios multidões... porque se ofereceu a morte” (Is 53, 11. 120. E aludindo Jesus à Paixão, disse: “Quando eu for elevado da terra, atrairei todos a mim” (Jo 12, 32). Tudo isto demonstra estar a Cruz de Cristo no centro da história da salvação, já entrevista no Antigo Testamento, através dos sofrimentos do Servo de Javé, figura do Messias que iria salvar a humanidade não com o triunfo terreno, mas com o sacrifício de si. Eis o caminho que cada fiel deve percorrer para ser salvo e salvador.
Entre as leituras de Isaías e de João, insere a liturgia um trecho da carta aos hebreus (4, 14-16; 5, 7-9). Jesus, Filho de Deus, é apresentado na sua qualidade de único e sumo Sacerdote, todavia não tão distante dos homens que “não saiba compadecer-se de nossas enfermidades, uma vez que, à nossa semelhança, experimentou-as todas, com exceção do pecado”. É a provação de sua vida terrena e sobretudo de sua Paixão, pela qual experimentou em sua carne inocente todas as asperezas, sofrimentos, angústias e fraquezas da natureza humana.
Assim é, ao mesmo tempo, Sacerdote e Vítima que oferece em expiação dos pecados dos homens não sangue de touros ou de cordeiros, mas o próprio Sangue. “Nos dias de sua vida mortal, ofereceu orações e súplicas, com fortes gemidos e lágrimas a quem o podia libertar da morte.” É um eco da agonia do Getsêmani: “Abba, Pai! Tudo te é possível, afasta de mim este cálice! Porém, não o que eu quero, mas o que queres tu” (Mc 14, 36). Na obediência a vontade do Pai, entrega-se à morte, e depois de haver experimentado suas amarguras, e libertado pela ressurreição, tornando-se “causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem” (Hb 5, 9). Obedecer a Cristo, Sacerdote e Vítima, significa aceitar com ele a Cruz, abandonar-se com ele à vontade do Pai: “Pai, nas tuas mãos entrego meu espírito” (Lc 23, 46; cf. salmo resp.).
Mas é a morte de Cristo imediatamente seguida pela glorificação. Exclama o centurião de guarda: “Verdadeiramente este homem era justo!”, e todos os presentes, “vendo o que se passava, voltaram, batendo no peito” (Lc 23, 47-48).
Segue a Igreja o mesmo itinerário: depois de ter chorado a morte do Salvador, explode em hinos de louvor e se prostra em adoração: “Adoramos vossa Cruz, Senhor, louvamos e glorificamos vossa santa ressurreição, pois só pela Cruz entrou a alegria em todo o mundo”. Com os mesmos sentimentos convida a Liturgia os fiéis a se alimentarem da Eucaristia que, jamais tanto como hoje, resplandece na sua realidade de memorial da morte do Senhor. Ressoam no coração as palavras de Jesus: “Isto é o meu corpo que é dado por vós; fazei isto em memória de mim” (Lc 22, 19) e as de Paulo: “Todas as vezes que comeis deste pão e bebeis deste cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha” (1Cor 11, 26).